Autores

Borges, M.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE) ; Santos, M.B.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE) ; Chacon, E.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)

Resumo

O livro tem por objetivo estimular uma postura crítica em torno da temática água com reflexões de cunho ecológico, social, econômico e político. É direcionado aos adolescentes entre 10 e 13 anos, que ainda estão Ensino Fundamental II. Pode ser usado como um material paradidático ou como entretenimento, pois traz uma mensagem educativa que populariza o conhecimento científico de forma lúdica e prazerosa. Além da tiragem impressa de modo tradicional, houve a preocupação em produzir uma versão transcrita para o código braile, de modo a contemplar também as pessoas com deficiência visual. Portanto, esse livro é um potencial recurso didático de inclusão em sala de aula, uma vez que oportuniza aprendizagem tanto para os alunos normovisuais quanto para os alunos cegos leitores de braile.

Palavras chaves

água; educação ambiental; braile

Introdução

O ambiente, o professor e os materiais instrucionais devem possibilitar o desenvolvimento de um caráter exploratório que atenda aos pressupostos de uma aprendizagem ativa e crítica (AZEVEDO, 2010). O ato de interagir com materiais concretos pertencentes à realidade cotidiana, ativa a capacidade de desenvolver habilidades e competências, permitindo a ampliação do conhecimento e colocando a Ciência mais próxima das necessidades educativas do aluno. Portanto, a produção de materiais didáticos que viabilizem a inserção de discussões sobre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente no contexto escolar são importantes à formação do cidadão crítico. Assim, considerando que a Educação Ambiental deve ocorrer desde a Educação Infantil e que a literatura é um instrumento didático poderoso na formação de leitores críticos e conscientes, propomos este livro, para educar de forma lúdica crianças e adolescentes de modo que (re)pensem as relações com a natureza, como responsabilidade humana. O livro Molequinha e o misterioso caso da água desaparecida foi elaborado visando estudantes da faixa etária entre 10 a 13 anos. Segundo Coelho e Santana (1995), é a partir dessa fase que se consolida a fluência da leitura e compreensão do mundo expresso no livro. Aos 13 anos espera-se que haja um domínio de leitura mais aprofundado, com uma capacidade de reflexão mais profunda e crítica. Também nos preocupamos que a narrativa pudesse envolver estudantes com baixa capacidade de visão ou cegos, deste modo, o livro foi transcrito para o código braile, proporcionando que estudantes normovisuais e cegos pudessem interagir e aprender de maneira integrada tanto em sala de aula, quanto fora dela.

Material e métodos

Para a elaboração do livro, cuja história tem como protagonista uma molécula de água viajante, que tenta descobrir o motivo da causa da seca que assolou o sudeste nos anos de 2013-2014, fez-se uma pesquisa bibliográfica sobre o tema central, além de uma pesquisa documental, que reuniu várias reportagens publicadas na mídia. Também se pesquisou sobre regulamentações e legislações em torno do tema. Para elaboração da história, as autoras se basearam na literatura infanto- juvenil e construíram a narrativa usando os seguintes critérios: 1) Fazer uma abordagem crítica sobre o tema; 2) Ter como estilo uma aventura investigativa; 3) Dar uma visão abrangente do problema, apresentando aspectos sociais, históricos e políticos e 4) Evitar uma abordagem muito conceitual. Uma vez, pronto o livro, ele foi transcrito para braile e impresso por uma gráfica especializada.

Resultado e discussão

Os livros produzidos em suas duas versões se caracterizam pelo caráter paradidático, pois atingem a dupla função de ensinar e divertir, ou seja, tanto pode ser usado em sala de aula, quanto como uma leitura feita unicamente tendo o lazer como objetivo principal. A formulação da estrutura da narrativa, também teve a preocupação conceitual. Desse modo, outros pressupostos foram levados em consideração, como o caráter formativo em relação à Educação Ambiental Crítica. Também foi relevante assegurar o favorecimento às intervenções e argumentações, que pudessem ser mediadas em sala de aula de maneira inclusiva. Portanto, o professor pode completar o uso do livro com experiências sensoriais, que estimulem o olfato, o paladar e a audição, considerando que pensamos numa experiência com estudantes que tivessem limitações visuais. Dessa forma, consideramos ainda, o atendimento ao educando cego ou de baixa visão o direito a uma educação cidadã, como assegura a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (DELANI e MORAES 2012; BELTRAMIN e GÓIS, 2012). O projeto que originou os livros foi financiado pela FAPERJ e seus exemplares tem sido distribuídos para professores e estudantes interessados no tema de Educação Ambiental e Inclusiva. Foram entregues ao Instituto Benjamim Constant 20 exemplares da versão em Braille e 10 exemplares da versão em escrita comum. No momento, as duas versões do livro estão sendo usadas e avaliadas no curso de Licenciatura em Ciências da UFF, situado no Campus de Pádua. Até o momento, os leitores vem fazendo críticas bastante positivas sobre o recurso didático.

Conclusões

A história elaborada atingiu seus objetivos no que tange ao fato de tratar de forma leve e estimulante, um tema tão sério, que é a Educação Ambiental. Além disso, agregou a proposta da inclusão, pois as pessoas cegas são cidadãs que devem também se inserir nesse debate. O estímulo ao hábito da leitura é o ponto mais relevante do recurso didático elaborado, que no caso, se estende também para os alunos cegos ou de baixa visão.

Agradecimentos

Às professoras Fátima de Paiva Canesin e Isa Costa, coautoras dos livros; FAPERJ.

Referências

AZEVEDO, M. C. P. S. Ensino por investigação: problematizando as atividades em sala de aula. In: CARVALHO, A. M. P. (Org.). Ensino de Ciências: unindo a pesquisa e a prática. São Paulo: Cencage Learning, 2010.
BELTRAMIN, F. S.; GÓIS,J. Material Didático para Alunos Cegos e Surdos no Ensino de Química. Anais do XVI Encontro Nacional de Ensino de Química/ X Encontro de Educação Química na Bahia, 2012. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/anaiseneq2012/article/view/7563. Acessado em 10 de junho de 2018.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais - Meio Ambiente. Brasília: Ministério da Educação, 2012. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf. Acessado em 10 de junho de 2018.
COELHO, N., N., SANTANA, J. S. L. A educação ambiental na literatura infanto juvenil como formadora de consciência de mundo. 1995. Disponível em: https://pedagogiaaopedaletra.com/a-educacao-ambiental-na-literatura-infanto-juvenil-como-formadora-de-consciencia-de-mundo/. Acessado em 05 de junho de 2018.
DELLANI, M. P.; MORAES, D. N. M. Inclusão: Caminhos, Encontros e Descobertas. Revista de Educação do IDEAU, Rio Grande do Sul, v. 7, n. 15, jan-jun 2012.