Autores

Luís Pereira de Sousa Félix, A. (UNIVERSIDADE FEDERALDO VALE DO SÃO FRANCISCO) ; Pereira da Silva, T. (UNIVERSIDADE FEDERALDO VALE DO SÃO FRANCISCO) ; da Conceição Sousa, S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO)

Resumo

Este trabalho de pesquisa teve como objetivo avaliar um jogo didático entre os estudantes, para o conteúdo de funções orgânicas com turmas do 3º ano de três escolas públicas da cidade de São Raimundo Nonato-PI. Trata-se de uma pesquisa-ação de natureza qualitativa. O público alvo foram 33 estudantes. Como instrumento de coleta de dados, foi aplicado um questionário para que os sujeitos avaliassem o recurso didático. A análise dos resultados foi apresentada na forma de percentual, com posterior análise. Os resultados revelaram que os estudantes em sua maioria avaliaram o jogo didático como excelente em relação à sua aprendizagem, sendo capaz de despertar o interesse e a motivação no ensino do conteúdo de funções orgânicas.

Palavras chaves

Ensino de Química; Jogo Didático; Funções Orgânicas

Introdução

A utilização de jogos didáticos na Educação sempre esteve presente na sociedade desde as antigas civilizações, onde há relatos de que os egípcios e maias utilizavam os jogos para ensinar aos jovens valores e normas. Com o passar do tempo surgiram os colégios de ordem jesuítica que foram os primeiros a colocar os jogos na sala de aula e utilizá-los como recurso didático (CUNHA, 2004). Segundo Soares (2008), o jogo pode promover interações linguísticas diversas em termos de características e ações lúdicas, sendo capaz de despertar o prazer, divertimento, liberdade e voluntariedade. Neste contexto, o jogo contém um sistema de regras claras e explícitas. Para Kishimoto (1996), um jogo é considerado educativo quando possui duas funções: a lúdica e a educativa. A primeira função tem relação ao caráter da diversão e prazer que o jogo poderá proporcionar aos sujeitos envolvidos na ação. Já a segunda característica, está relacionada à forma como o conhecimento, habilidades e saberes devem ser assimilados pelo indivíduo. Compreende-se que para minimizar as dificuldades encontradas no processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos da Química, a utilização de jogos didáticos surgem como um recurso auxiliar, podendo trazer inúmeras características positivas que vão além da assimilação dos conteúdos científicos, possibilitando a socialização e interação entre os alunos, além de desenvolver diferentes habilidades no campo afetivo e social do estudante (CUNHA, 2004). Partindo destas ideias, este trabalho de pesquisa teve como objetivo avaliar um jogo didático para o conteúdo de funções orgânicas, com alunos do 3º ano do Ensino Médio de escolas públicas da cidade de São Raimundo Nonato-PI. Desta forma, buscou-se respostas para as seguintes questões norteadoras em estudo: É possível a construção de conhecimentos químicos a partir da utilização de um jogo didático, despertando motivação e interesse nos estudantes? Como eles avaliam a utilização de um recurso didático desta natureza?

Material e métodos

Este estudo trata-se de uma pesquisa ação de natureza quali-quantitativa. Segundo Fonseca (2002), quando a pesquisa qualitativa é utilizada em articulação com a quantitativa, ela permite ao pesquisador recolher um maior número de respostas para os seus questionamentos, muito mais do que se ele fizesse uso isolado de apenas um dos métodos. A presente pesquisa também pode ser caracterizada como uma pesquisa-ação, que segundo Fonseca (2012, p. 34), A pesquisa-ação pressupõe uma participação planejada do pesquisador na situação problemática a ser investigada. Recorre a uma metodologia sistemática, no sentido de transformar as realidades observadas, a partir da sua compreensão, conhecimento e compromisso para a ação dos elementos envolvidos na pesquisa. [...] O processo de pesquisa-ação envolve o planejamento, o diagnóstico, a ação, a observação e a reflexão, num ciclo permanente. (FONSECA, 2002, p. 34) Participou desta pesquisa turmas do 3º ano do Ensino Médio de três escolas públicas da cidade de São Raimundo Nonato-PI, totalizando 33 estudantes. Como instrumento de coleta de dados, foi construído e aplicado um questionário de múltipla escolha contendo quatro questões, com o objetivo dos estudantes avaliarem o recurso didático. Os resultados foram apresentados em gráficos, sendo analisados e articulados com o referencial teórico que trata sobre o objeto em estudo. O Jogo Didático denominado de “Pares Químicos”, foi elaborado por Guimarães (2006), tendo como objetivo de tornar mais agradável o aprendizado de nomenclatura de compostos orgânicos e suas fórmulas estruturais. As regras do jogo são as mesmas para o conhecido “Jogo da Memória”. Nesta versão “Jogo da Memória” os estudantes tem contato com todas as estruturas e correspondentes nomenclaturas, tendo a possibilidade de observar todas as cartas viradas pelos colegas. O jogo trabalhou com as seguintes funções: hidrocarbonetos, álcoois, cetonas, aldeídos, ácidos carboxílicos, éter, ésteres e alguns compostos aromáticos.

Resultado e discussão

Inicialmente os estudantes foram convidados a avaliar o jogo didático. Desta forma, 81% avaliaram como excelente e 19% avaliaram como bom. Nenhum dos estudantes avaliou como regular ou ruim, o que pode ser observado pela Figura 1. Desta forma, percebe-se a partir destes resultados, que os estudantes avaliaram positivamente o jogo didático, havendo a sua aprovação por unanimidade. Em seguida, os estudantes foram convidados a avaliar a sua aprendizagem a partir da aplicação do jogo didático. Desta forma, 46% avaliaram como excelente, 45% como bom, 3% como regular, 6% como ruim, como pode ser observado na Figura 2.Percebe-se nestes dados, que grande parte dos estudantes afirmam que aprenderam com o jogo, o que nos revela a sua potencialidade e a oportunidade de facilitar a aprendizagem do conteúdo de funções orgânicas. Em seguida, os estudantes foram questionados se o jogo contribuiu para despertar interesse e motivação para aprender o conteúdo trabalhado. Neste sentido, 85% avaliam que sim, 12% afirmam que contribuiu em partes e 3% afirmam que não contribuiu. Percebe-se a partir destes dados, que a maioria dos estudantes afirmam que o jogo foi capaz de despertar motivação, logo compreende-se que recursos didáticos desta natureza, devem ser mais explorados nas aulas de Química. Esses resultados podem ser observados na Figura 3. Por fim, os estudantes foram questionados se a partir do jogo, ficou mais fácil assimilar o conteúdo. Desta forma, 88% afirmam que o jogo facilitou a assimilação do conteúdo, enquanto que 12% afirmam que ele facilitou em partes. Percebe-se mais uma vez, a aceitação da grande maioria dos estudantes em relação ao jogo didático, o que mostra a potencialidade deste recurso na melhoria das aulas de Química. Esses resultados podem ser observados na Figura 4. Corroborando com estes resultados, Cunha (2012) afirma que o uso dos jogos didáticos direcionam as atividades em sala de aula de forma diferenciada das metodologias baseadas no modelo transmissão-recepção, já que eles proporcionam um ambiente favorável à aprendizagem, onde o aluno demonstra liberdade para interagir, divertir-se e aprender de forma mais espontânea. Para Vygotsky (1989), eles incentivam o trabalho em equipe e promove a interação entre aluno-professor, auxiliando o raciocínio e desenvolvendo habilidades que facilitam na aprendizagem dos conceitos científicos.

Figuras 1 e 2. Avaliação do jogo e da aprendizagem pelos estudantes



Figuras 3 e 4. Interesse e motivação / Assimilação do conteúdo.



Conclusões

A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se afirmar que a inclusão de jogos didáticos no dia a dia escolar torna-se importante devido ao grau de aprendizagem que o recurso pode proporcionar, além da motivação e interesse que pode despertar nos estudantes pelos conteúdos científicos. Desta forma, foi visível que os estudantes avaliaram de forma positiva a proposta de se trabalhar com o jogo didático, despertando o interesse e a motivação dos sujeitos. Neste contexto, espera-se que propostas desta natureza possam continuar a serem incorporadas em sala de aula, com o objetivo de minimizar as dificuldades de aprendizagem no ensino de Química.

Agradecimentos

A UNIVASF pelo apoio na construção e análise do trabalho e as escolas de São Raimundo Nonato-Piauí que participaram desta pesquisa.

Referências

CUNHA, M.B. Jogos de química: desenvolvendo habilidades e socializando o grupo. In: Encontro Nacional de Ensino de Química, Goiânia, 2004.
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Universidade Estadual do Ceará, 2002.
GUIMARÃES, O. M. Caderno Pedagógico: Atividades Lúdicas no Ensino de Química e a Formação de Professores. Projeto prodocência . MEC/SESU- DEPEM, UFPR., 2006.
KISHIMOTO, T.M. O jogo e a educação infantil. In: Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. KISHIMOTO, T. M. (org). São Paulo, Cortez Editora, 4ª. Edição, 1996.
SOARES, M. H. F. B. Jogos e Atividades Lúdicas no Ensino de Química:Teoria, Métodos e Aplicações. In: Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ). Curitiba: UFPR, 2008.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.