Autores

Dionizio, T.P. (UFRJ) ; Silva, F.P. (UFRJ) ; Moura, F.S. (UFRJ)

Resumo

Muitos alunos iniciam o Ensino Médio (EM) com um certo medo, desgosto ou antipatia pela disciplina de química, e muitas vezes a própria sociedade distorce o real sentido da química por também não terem tido uma aprendizagem contextualizada. Desmitificar estas opiniões com relação a química faz-se necessário e tornar o seu ensino significativo desde as séries iniciais é ideal para que os alunos compreendam sua real importância e passem a perceber os intensos benefícios desta ciência para a vida pessoal e social. Com base nesta preocupação, alunos de EM da modalidade normal propuseram atividades/experimentos possíveis de serem reproduzidos com seus futuros alunos de Ensino Fundamental (EF) 1º ciclo e desde já ajuda-los a terem um olhar científico da realidade cotidiana que os cercam.

Palavras chaves

ensino de química; séries iniciais; ensino-aprendizagem

Introdução

A química ocupa um espaço reduzido no currículo do EF e também nos livros didáticos, o que não contribui para os alunos terem desde novos um olhar científico das situações que os cercam (MORI e CURVELO, 2014). No EM os alunos tem dificuldades e temores desta disciplina, pois a julgam ser de difícil compreensão ou mesmo escutam muitas frases do tipo: “não coma isso, tem muita química, faz mal...”. A falta de uma alfabetização científica pode contribuir para repugnância dos alunos por esta ciência. Seria bom se os estudantes pudessem ter a visão de que a química está presente no dia-a-dia desde o EF, pois conhecimentos básicos de química nas séries iniciais serviriam de base para conceitos a serem trabalhados futuramente no EM, podendo, inclusive, contribuir para redução da dificuldade e dúvidas dos alunos. As crianças são ótimos alvos para o ensino de química, pois são curiosas e ávidas pelo conhecimento, não sentem vergonham de fazerem perguntas e facilmente se entusiasmam com uma novidade, como um experimento ou uma atividade prática (BELIAN et al., 2017). Para ensinar tais conhecimentos químicos é necessário que os professores conheçam os conceitos a serem trabalhados a partir de uma leitura crítica dos conteúdos trazidos pelos livros didáticos, ou seja, contribuir também para uma boa formação destes profissionais é relevante para o processo de ensino-aprendizagem (LOTTERMANN e ZANON, 2012). Com base no que foi exposto, este trabalho teve por objetivo levar o aluno do curso normal a ampliar sua visão científica de modo a assimilar a importância da química nas séries iniciais e a produzir um recurso didático capaz de ajudar seus futuros alunos a terem um contato inicial com a química e desde então compreenderem a relevância desta ciência para a sociedade.

Material e métodos

Esta atividade foi proposta a 3 turmas de 2º ano, cujo o conteúdo de química já estava quase todo abordado, totalizando 52 alunos. Inicialmente foram feitos momentos de reflexão e discussão com a turma acerca da importância da química para a sociedade e como a química pode ser vista no cotidiano das pessoas. Este tipo de diálogo foi trazido durante o decorrer do ano, sempre apresentando o conteúdo disciplinar de maneira contextualizada. No terceiro bimestre foi proposto a eles a elaboração de atividades práticas possíveis de serem compreendidas por seus futuros alunos. As turmas foram divididas em grupos e alguns temas foram distribuídos para elaboração das propostas. As datas para apresentação, ao final do 4º bimestre, foram estipuladas desde então e uma atividade de orientação foi iniciada durante o 3º e 4º bimestre. Ao final das aulas semanais de química, eram dadas orientações aos alunos sobre o tema e o que haviam pesquisado, eram sanadas dúvidas sobre experimentos e a viabilidade das propostas. Durante este tempo muitos experimentos pesquisados por eles foram trocados, propostas foram elaboradas, modificadas e aprimoradas até que as possibilidades se adequassem ao contexto escolar proposto. Conforme acordado durante as aulas, no dia marcado para apresentação os grupos tiveram que entregar um plano de aula com a descrição do tema, conteúdos, público alvo, duração da aula, etc., e tiveram 15 minutos de apresentação para exporem suas propostas de aula e as práticas elaboradas, seguidos ainda de 5 minutos de arguição e comentários pelo professor da disciplina e pelos colegas de turma.

Resultado e discussão

O projeto foi um sucesso e ver como os alunos se empenharam e desenvolveram suas tarefas foi gratificante. O interesse e o cuidado que eles tiveram em abordar algo no EF com uma linguagem acessível as crianças e com experimentos de fácil compreensão mostra que eles entenderam o sentido do projeto e abraçaram a causa. No início, tiveram muitas dúvidas sobre o que elaborar pois há um leque muito grande de experimentos químicos, mas nem todos adequados a crianças. Semanalmente tiravam-se dúvidas e crescíamos juntos em conhecimento. Como neste mesmo ano eles começaram a fazer o estágio supervisionado, começaram a adquirir experiências no EF e lidar com as crianças como educadores. Ao todo foram 52 alunos participantes divididos em 14 grupos, os quais abordaram os temas e experimentos conforme tabela 1. Antes da apresentação do experimento, todos os grupos fizeram uma explicação inicial sobre o tema e conteúdos abordados. Alguns utilizaram Datashow com explicações, curiosidades, vídeos, outros utilizaram somente o quadro branco e um bate-papo. Eles poderiam ficar à vontade para expor o conteúdo utilizando os recursos que desejassem e que estivessem disponíveis na escola. A arguição ao final da apresentação de cada grupo também incorporou minutos de aprendizagem coletiva, pois tanto todos os participantes puderam aprender novas experiências e tirar dúvidas sobre a temática abordada. Os próprios alunos relataram que experimentos como estes iriam encantar as crianças, pois prendem a atenção e aguçam a curiosidade. E quem sabe até mesmo elas poderiam participar daqueles que não apresentassem risco algum.

Tabela 1

Temas e atividades propostas

Conclusões

Esta atividade acrescentou em experiência para a carreira acadêmica dos normalistas e levaram-los a refletir a importância da química e criar estratégias para abordá-la com as crianças. Aprenderam as contribuições da química para sociedade e também sobre a preservação do meio ambiente através da reutilização de materiais (assuntos abordados nas propostas). Este projeto trouxe à tona momentos de aprendizagem significativa e contextualizada, que nos levam a crer que sim, é possível trabalhar a química nas séries iniciais.

Agradecimentos

Ao CIEP 341.

Referências

BELIAN, M. F.; LIMA, A. A.; FILHO, J. R. F. ENSINANDO QUÍMICA PARA SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: O uso da experimentação e atividade lúdica como estratégias metodológicas. Experiências em Ensino de Ciências v.12, n.4, 2017.
LOTTERMANN, C. L.; ZANON, L. B. A Inserção da Química no Ensino de Ciências Naturais: um olhar sobre Livros Didáticos no Ensino Fundamental. XVI ENEQ e X EDUQUI, 2012.
MORI, R. C.; CURVELO, A. A. S. QUÍMICA NO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA AS SÉRIES INICIAIS: UMA ANÁLISE DE LIVROS DIDÁTICOS. Ciênc. Educ., Bauru, v. 20, n. 1, p. 243-258, 2014.