Autores
Chacon, E.P. (UFF) ; Borges, M.N. (UFF) ; Martins, A.B.S.J. (IEPIC) ; Marçal, M.P. (UFF) ; Rodrigues, T.D. (UFF)
Resumo
O trabalho mostra a elaboração e a aplicação de uma gincana utilizada na recepção de alunos do primeiro ano do Ensino Médio de uma escola pública de Niterói, objetivando promover uma interação e mostrar que a aprendizagem da Química pode ser divertida e instigante. Durante as atividades buscou-se trabalhar a formação inicial do professor de modo a desenvolver um olhar crítico e analítico sobre a prática docente e a importância de criar e aplicar metodologias alternativas e dinâmicas visando uma aprendizagem com significado. A gincana promoveu a interação discente e os conceitos discutidos serviram de conhecimento prévio para a aquisição do conhecimento químico em aulas posteriores. Os licenciandos perceberam a relevância do uso de diferentes estratégias didáticas na condução do saber.
Palavras chaves
Lúdico; Gincana; Formação de Professores
Introdução
Muitas vezes a falta de relação entre o conteúdo ministrado, a metodologia utilizada na sala de aula e a realidade vivenciada pelos alunos, dificulta o processo de ensino-aprendizagem da Química, causando desinteresse pela matéria de ensino e uma menor mobilização para o aprendê-la. Neste sentido, a utilização de ferramentas e metodologias dinâmicas e criativas torna-se necessária para atrair o aluno e incentivá-lo a buscar significado para o conhecimento adquirido. Para isso, o professor em formação inicial tem que ser estimulado e capacitado a elaborar e utilizar metodologias alternativas, de modo a produzir os efeitos necessários para a aquisição dos conceitos científicos dentro do espaço escolar, sendo esta uma necessidade formativa apontada por Carvalho e Gil-Pérez (1995), o que é corroborado por Nehring et al. (2002). Pensando nisso, durante a atuação no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) no Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho (IEPIC) em Niterói, buscou-se o desenvolvimento de recursos didáticos que promovessem uma aprendizagem dinâmica e interativa, tais como jogos educacionais, pois segundo Aranha (2006, p.105), os jogos são vistos como ferramentas altamente atrativas aos estudantes e essenciais para o treinamento educacional e mental. A elaboração e aplicação destes recursos ajudariam na formação dos licenciandos envolvidos, pois se buscou o desenvolvimento de um olhar crítico e analítico sobre a prática docente. Assim, este trabalho tem como objetivo mostrar a gincana elaborada e aplicada para as turmas de primeiro ano do IEPIC, de modo a integrar os educandos e instigá-los a estudar os conteúdos químicos e também os efeitos na formação dos licenciandos.
Material e métodos
No IEPIC, a primeira Escola Normal do Brasil e das Américas, criada em 1835, no município de Niterói no Rio de Janeiro (MARTINS, 2009), a Química é ministrada em 2 anos e tem um currículo mínimo próprio. A escola atende a cerca de 300 alunos de Niterói e arredores, com uma faixa etária bem diversa indo de 15 a 50 anos, dos quais muitos apresentam baixas condições socioeconômicas e pertencem as comunidades locais, tais como o Morro do Estado e Morro do Palácio, situados bem próximo a São Domingos. A gincana foi preparada para recepcionar 125 ingressantes do primeiro ano, distribuídos em 5 turmas, com uma atividade que envolveu o lúdico na forma de jogos didáticos, os quais foram idealizados, elaborados e aplicados pelos bolsistas do PIBID. A metodologia foi aplicada em 4 aulas de 50 minutos. Foram desenvolvidos e aplicados 3 jogos, confeccionados com materiais acessíveis e de baixo custo. O primeiro em forma de um Quiz, intitulado Química nas coisas; o segundo, através da experimentação os alunos buscaram responder se objetos afundavam ou não em soluções preparadas e o terceiro, intitulado Substâncias contra o tempo, procurava verificar possíveis conhecimentos sobre elementos químicos adquiridos no nono ano do Ensino Fundamental II ou na própria vivência do estudante. A metodologia envolveu os seguintes momentos: (1) Pesquisa bibliográfica e elaboração dos recursos; (2) Verificação da pertinência e usabilidade do material produzido; (3) Elaboração da sequência de atividades e as regras a serem utilizadas na gincana; (4) Separação dos alunos em grupos e explicação das regras da gincana; (5) Aplicação dos recursos e (6) Avaliação da atividade sob as visões discente e docente.
Resultado e discussão
Nas primeiras semanas de aula nota-se certa timidez de alguns alunos e uma
falta de vontade de interagir uns com outros e com a Química. Esta
observação levou a proposição de elaborar e aplicar uma gincana nas duas
primeiras semanas de aula, onde se buscava acima de tudo um entrosamento dos
alunos e mostrar que a Química é uma disciplina interessante e que pode ser
divertida. Foram elaborados e aplicados 3 jogos didáticos.
No jogo, Química nas coisas, diversas questões de múltipla escolha,
envolvendo curiosidades da Química foram perguntadas e os alunos em grupo
deveriam mostrar a resposta correta, através de placas com as opções de A a
E. O segundo jogo aplicado envolveu o conceito de densidade. Vários objetos
eram colocados em bécheres contendo um dado volume de água ou de solução
saturada de cloreto de sódio e os alunos eram desafiados a responderem ser
afundariam ou não. O terceiro desafio, era encontrar os elementos formadores
de uma substância química em menor espaço de tempo, dada a fórmula
molecular. Os elementos eram distribuídos em cartões de EVA com o símbolo e
nome dos elementos virados para baixo sobre uma mesa e um dos componentes do
grupo deveria escolher os elementos químicos presentes na fórmula de
substâncias cotidianas selecionadas. Este jogo, Substâncias contra o tempo,
buscava familiarizar os estudantes com os elementos químicos presentes na
tabela periódica. Cada resposta correta era contabilizada a favor do grupo e
vencia a gincana aquele com a maior pontuação.
Durante a aplicação da gincana houve a interação entre os estudantes, os
quais participaram ativamente de cada uma das etapas. Ao final de cada um
dos jogos o conteúdo químico foi explicado e os erros cometidos elucidados.
Conclusões
A gincana trouxe uma dinâmica diferente para a sala de aula e alguns conceitos presentes nos jogos aplicados serviram posteriormente como conhecimento prévio em aulas ministradas sobre os conteúdos específicos e pôde-se perceber que ajudaram na sua compreensão. A interação dos bolsistas do PIBID com os alunos destas turmas trouxe uma série de vantagens para a condução da Química em sala de aula ao longo do ano e estes observaram in loco a importância do desenvolvimento de estratégias educacionais diferenciadas para a aquisição do conhecimento e também, sobre a necessidade da reflexão sobre a prática docente.
Agradecimentos
Aos alunos e direção do IEPIC e a CAPES.
Referências
ARANHA, G. Jogos eletrônicos como conceito chave para o desenvolvimento de aplicações imersivas e interativas para o aprendizado. Ciências e Cognição, v.7, p.105-110, 2006.
CARVALHO, A. M. P.; GIL-PÉREZ, D. Formação de professores de ciências: tendências e inovações. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995.
MARTINS, A. M. S. Breves reflexões sobre as primeiras escolas normais no contexto educacional brasileiro, no século XIX. Revista HISTEDBR On-line, n.35, p. 173-182, 2009.
NEHRING, C. M. et al. As ilhas de racionalidade e o saber significativo: o ensino de ciências através de projetos. Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências, v.2, n.1, p.88-105, 2002.