Autores

Barbosa, T.S. (PREFEITURA MUNICIPAL DE SALVATERRA) ; Silva, A.S. (UEPA) ; Palheta Junior, A.R. (UEPA) ; Barros, D.J.P. (UEPA) ; Pantoja, L.C.C. (UEPA)

Resumo

Este trabalho objetivou incentivar alunos do 7º ano de uma escola pública do município de Salvaterra, PA, a construir uma horta medicinal, com a qual buscou-se entrelaçar o conhecimento popular e científico. Para coleta de dados utilizou-se o método de observação e aplicação de questionários. Ao analisar as respostas obtidas, percebeu-se que os estudantes já possuíam conhecimento prévio do assunto, sendo adquiridos por diversos meios, aonde a principal fonte das informações, correspondente a 51,8%, foram com pessoas mais idosas, facilitando desta forma o desenvolvimento do projeto, tendo-se como resultado a desenvoltura e o interesse dos alunos em aprender, visto que relataram que gostaram de participar do projeto, por se tratar de algo que vivenciavam diariamente em suas casas.

Palavras chaves

Incentivar; Horta medicinal; Conhecimento prévio

Introdução

A origem do conhecimento do homem sobre as virtudes das plantas medicinais, certamente surgiu a partir de tentativas e/ou observações, conforme as necessidades básicas que este possuía (ALMEIDA, 2011). Tais ações contribuíram diretamente para o avanço da ciência, pois a partir de relatos sobre plantas que serviam para cura de doenças, cientistas passaram a realizar diversas pesquisas, afim de compreender seus efeitos no corpo humano. Atualmente, sabe-se que existem diversas espécies que são utilizadas para combater enfermidades. O uso de plantas para tratar e curar sintomas de doenças é uma forma de resgatar o conhecimento, auxiliar e preservar a biodiversidade. Estudos etnobotânicos, podem ser elementos importantes para a educação ambiental, podendo abordar diversos aspectos como: o uso, forma de uso, características biológicas, culturais e ambientais de maneira interdisciplinar (GUARIM NETO, 2006). De acordo com Jorde (2009 apud SCARPA; SILVA, 2013), o ensino de Ciências por investigação envolve os alunos em: 1) atividades de aprendizagem baseadas em problemas autênticos; 2) experimentação e atividades práticas, incluindo a busca de informações; 3) atividades autorreguladas, isto é, que priorizam a autonomia dos alunos e 4) comunicação e argumentação. Desse modo, este estudo objetivou instigar o conhecimento popular acerca de plantas medicinais, por meio da inserção de uma horta medicinal cultivada em garrafas PET’s, por alunos do 7º ano da escola “Prof. Oscarina Santos”, e por meio desta abordar conteúdos programáticos da disciplina C. F. B.

Material e métodos

O trabalho foi desenvolvido na E. M. E. F. “Prof. Oscarina Santos”, localizada na cidade de Salvaterra, Marajó-PA, e envolveu a participação de 27 alunos do 7º ano. Por meio deste, buscou-se instigar os estudantes a realizarem investigações da medicina tradicional e popular (etnobotânica), aonde a utilização das plantas medicinais principalmente para preparo de chás, foi tomada como ponto de partida para a explicação de conceitos acerca de soluções, solubilidade, fatores cinéticos de reação como temperatura e tempo de aquecimento, os quais são utilizados de maneira empírica pela população para extração dos compostos ativos das plantas para tratamento de enfermidades, abordou-se também temas da biologia como reino Plantae, para explicar sobre famílias, gêneros e espécies as quais as plantas pertencem, trabalhando desta forma a interdisciplinaridade para construção do conhecimento. Na sequência foram aplicados questionários semiestruturados para verificar o conhecimento etnobiológico que os alunos possuíam em relação as plantas medicinais. Ao serem respondidos, distribuiu-se novamente para cada aluno um novo questionário contendo as mesmas perguntas do anterior, para que levassem às suas casas e entregassem a seus familiares para responderem, e assim fazer uma comparação entre as respostas obtidas. Na aula seguinte os alunos trouxeram os questionários respondidos, para discussão e esclarecimento quanto a divergência de respostas. Nesta mesma aula iniciou-se a etapa que consistiu na coleta de mudas dos quintais dos estudantes e da professora de Ciências Físicas e Biológicas (C. F. B.) da classe, para cultivação da horta medicinal em garrafas PET, identificando cada planta e sua importância terapêutica, como ilustrado na figura.

Resultado e discussão

Nos questionários aplicados aos alunos e seus familiares indagou-se sobre a origem do conhecimento relacionado as plantas medicinais, 3,7% aprenderam com profissionais da saúde; 33,4% adquiriram esse conhecimento com os pais; 51,8% aprenderam com pessoas mais idosas e 11,1% nos meios de comunicação. Foram coletadas 34 espécies referentes ao conhecimento dos alunos e 39 dos familiares, das quais as mais citadas tanto pelos alunos, quanto pelos familiares foram: erva cidreira (Lippia alba, Verbenaceae), boldo (Plectranthus barbatus, Lamiaceae), quebra pedra (Phyllanthus niruri L.) e canela (Cinnamomum verum). Dessa forma, percebe-se que o estudo de plantas medicinais é importante para o ensino-aprendizagem, uma vez que os estudantes se mostraram mais interessados em aprender, visto que não olhavam mais o professor como o “único detentor do conhecimento”, e sim um intermediador entre a teoria e a prática. Durante o desenvolvimento da atividade, os alunos relataram que gostaram de participar do projeto, por se tratar de algo que vivenciavam diariamente em suas casas, pois seus pais e avós utilizam com frequência plantas medicinais para o preparo de chás, tratamento de enfermidades, dentre outras utilidades, logo, faz-se necessário resgatar esse conhecimento popular, que a séculos é repassado de geração a geração, mas que está se perdendo gradativamente com o avanço tecnológico. Segundo Santos e Iori (2017), as escolas devem agir como mediadoras no resgate do conhecimento sobre plantas medicinais, uma vez que as plantas com propriedades medicinais podem ser empregadas como tema gerador e integrador na Educação Ambiental no meio pedagógico.

Figura: Plantas medicinais cultivadas pelos alunos do 7º ano



Conclusões

A partir dos dados coletados com o questionário e com a inserção da horta medicinal na escola, verificou-se que os alunos já possuíam um conhecimento prévio em relação a utilização de plantas medicinais para cura de algumas doenças, facilitando dessa forma o resgate do conhecimento popular para dentro de sala de aula. A prática de intervenção com os alunos mostrou-se eficaz para o ensino-aprendizagem, uma vez que, despertou o interesse dos alunos em saber mais sobre a importância que as plantas medicinais possuem para a saúde dos seres humanos como fins terapêuticos.

Agradecimentos

Referências

ALMEIDA, M. Z. Plantas medicinais. 3. ed. Salvador: EDUFBA, 2011. 221 p.

GUARIM NETO, G. O saber tradicional pantaneiro: as plantas medicinais e a educação ambiental. Rev. eletrônica Mestr. Educ. Ambient., v. 17, p. 71-89, 2006.

SANTOS, M. F.; IORI, P. Plantas medicinais na introdução da educação ambiental na escola: Uma revisão. Conexão Ci., Formiga, MG, vol. 12, n. 2, p. 132-138, 2017.

SCARPA, D. L.; SILVA, M. B. A Biologia e o ensino de Ciências por investigação: dificuldades e possibilidades. In: Carvalho, A. M. P. (Org). Ensino de ciências por investigação: condições para implementação em sala de aula. 1. ed., São Paulo: Cangage Learning, 2013, 132 p.