Autores

Castro, D.L. (IFRJ) ; Castro, R.O.S. (IFRJ)

Resumo

Este trabalho é resultado da busca por novos recursos facilitadores que possam garantir ao aluno e professor uma aprendizagem efetiva, eficiente e dinâmica. Com o uso de aulas experimentais e Material Alternativo, as aulas podem tornar-se diferenciadas e atraentes, proporcionando um processo mais dinâmico e prazeroso. O professor deve buscar alternativas para aplicação desses experimentos. O que acontece é que a maioria das escolas públicas não possui laboratório adequado. Assim, o professor deve realizar os experimentos dentro da sala de aula. Este trabalho mostra a elaboração de um Guia Experimental de Química, com Material Alternativo baseado no Currículo Mínimo do estado do Rio de Janeiro. Como instrumento para mudar esse cenário.

Palavras chaves

Ensino de Química; Guia Experimental; Material Alternativo

Introdução

Este trabalho teve como objetivos: elaborar um Guia Experimental de Química, com material alternativo baseado no Currículo Mínimo do estado do Rio de Janeiro, verificar a possibilidade de utilizá-lo através de um questionário, para sua validação. Assim foi sugerido através de experimentos a interação entre a Teoria e a Prática no ensino de Química, em condições múltiplas e adversas da rede pública do estado do Rio de Janeiro. Onde foi possível avaliar a relação dos temas propostos com as Habilidades e Competências descritas no Currículo Mínimo do Rio de Janeiro. Propondo a realização de aulas experimentais com Material Alternativo. Sendo aplicado um questionário para verificar a aceitação do uso do Guia Experimental com Material Alternativo pelos professores. 1.1-EXPERIMENTAÇÃO EM QUÍMICA COM MATERIAL ALTERNATIVO A ausência de relação entre teoria e prática faz com que os alunos se desinteressem pelo estudo da Química. Um problema apontado pelos profissionais de ensino é a falta de atividades experimentais por carência de laboratório ou equipamentos. Tendo em vista que muitas escolas públicas não possuem laboratórios, se faz necessário apelar a metodologias que favoreçam uma aprendizagem efetiva de Química que contribua a esses objetivos. Sendo a experimentação uma opção destas metodologias, que quando desenvolvida juntamente com a contextualização, ou seja, levando em conta aspectos socioculturais e econômicos da vida do aluno, os resultados da aprendizagem poderão ser mais efetivos. (OLIVEIRA, 2012). Galiazzi et al. (2001) argumentam que dentro dessa temática da inexistência de laboratórios e aquelas escolas que os possuem, não têm recursos para mantê-los. A experimentação de baixo custo (com materiais alternativos) representa uma alternativa, cuja importância reside no fato de diminuir o custo operacional dos laboratórios e gerar menor quantidade de lixo químico, além de permitir que mais experiências sejam realizadas durante o ano letivo. (Vieira et al., 2007). O uso de Material Alternativo no ensino de Química serve para que o aluno descubra o mundo que o cerca, e entenda que não são apenas com material previamente preparados como reagentes, soluções, vidrarias, destiladores que se pode entender e estudar a parte experimental da Química. Ao contrário, a Química pode ser trabalhada com Material encontrados e manipulados no dia-a-dia do aluno, sem, contudo, desmerecer a importância do laboratório e de recursos apropriados para este fim. Por isso, que o material utilizado é classificado como Material Alternativo (DIAS, et al) Dentro deste cenário foi idealizado a elaboração de um Guia Experimental com Material Alternativo, como material didático prático a ser utilizado em aulas experimentais. 1.2 O USO DE MATERIAL DIDÁTICO Historicamente, o uso de materiais diversificados nas salas de aula, alicerçado por um discurso de reforma educacional, passou a ser sinônimo de renovação pedagógica, progresso e mudança, criando uma expectativa quanto à prática docente, já que os professores ganharam o papel de efetivadores da utilização desse material, de maneira a conseguir bons resultados na aprendizagem de seus alunos. (FISCARELLI, 2007). O que geralmente se observa no ensino de Química, em particular, ainda é, contrariamente a muitos resultados da investigação na área de educação em ciências, uma prática baseada fortemente em aulas expositivas e na utilização pouco crítica do livro didático, sendo que este se constitui praticamente no único recurso didático empregado pelos professores, não apenas para o trabalho com os alunos, como também para o preparo de suas aulas. Esta prática gera, de modo geral, uma insatisfação, demonstrada tanto por alunos como por professores, em relação às aulas da área de ciências naturais. Uma das formas de enfrentar tais dificuldades e deficiências é organizando um ensino que seja baseado em recursos e materiais didáticos diversos. (Zambon e Terrazzam, 2009). Fazer uso de um material em sala de aula, de forma a tornar o processo de ensino aprendizagem mais concreto, menos verbalístico, mais eficaz e eficiente, é uma preocupação que tem acompanhado a educação brasileira ao longo de sua história. (FISCARELLI, 2007). O material didático experimental aqui proposto é baseado no Currículo Mínimo de Química do Estado do Rio de Janeiro como recurso facilitador de aprendizagem no ensino de Química, já que este compreende todo o conteúdo programático que deve ser aplicado ao longo das três séries do Ensino Médio, e avaliado por professores da rede pública. Optou-se por utilizar durante a pesquisa o termo Guia Experimental por este ser um norteador do caminho a ser seguido pelos professores, sendo assim fundamentado nas habilidades e competências do Currículo Mínimo do Estado do Rio de Janeiro, implementado nas escolas públicas.

Material e métodos

O Guia Experimental Com Material Alternativo foi elaborado a partir dos tópicos descritos como Habilidades e Competências do Currículo Mínimo Do Rio De Janeiro. Todas as Habilidades E Competências descritas dentro dos eixos temáticos foram analisadas, mas estrategicamente somente os temas que seriam utilizados para fins experimentais foram selecionados. Alguns temas de cunho mais especificamente teóricos foram excluídos da utilização para a montagem do guia, sendo levado em consideração o uso dos materiais alternativos. Após selecionados os temas das Habilidades e Competências, as aulas experimentais foram retiradas de sites, livros e artigos do meio cientifico da área de Química, os quais são referenciados ao final de cada roteiro. O material foi elaborado com algumas regras básicas de segurança para a execução em locais adversos, como a sala de aula, por exemplo, na ausência de laboratórios adequados ao uso. Foram mantidos os tópicos do Currículo Mínimo de Química 2012, como o eixo temático e as Habilidades e Competências, divididos em séries e bimestres. Os roteiros tiveram a estrutura simplificada e ajustada em: Objetivo, Material, Procedimento, Análise dos dados e discussão em grupo e Referências bibliográficas. Esse ajuste de conteúdo, se trata da remoção de figuras, textos, ou informações extras, presentes nos roteiros originais das aulas experimentais para que estas não fossem muito extensas, e proporcionassem clareza e menos complexidade nos assuntos tratados, para o professor e para o aluno. Entretanto como temos ao final de cada roteiro a referência bibliográfica, é possível consultar os roteiros originais, se necessário O ensino de Química é regulamentado pelo Currículo Mínimo de Química do Estado do Rio de Janeiro, que é um norteador do que não pode faltar no processo ensino-aprendizagem em cada disciplina, ano de escolaridade e bimestre, afim de dar um cerne básico comum a todos, ajustando-os com o desenvolvimento do país e a concretização da cidadania, que é uma tarefa de bem comum, já identificada outrora nas legislações vigentes, diretrizes, Parâmetros Curriculares Nacionais e nas matrizes de referências dos principais exames nacionais e estaduais. A elaboração do guia obedece ao conteúdo contido no Currículo Mínimo Do Rio De Janeiro. Já que este é utilizado como referência em todas as escolas da rede, correlacionando os temas dos roteiros com as Competências e Habilidades que os planos de curso e as aulas devem seguir, propondo estabelecer homogeneidade em uma rede múltipla e diversa. Buscando oferecer ao educando meios para o desenvolvimento do trabalho, para garantir a formação comum primordial ao exercício da cidadania

Resultado e discussão

Os resultados aqui apresentados foram obtidos após contagem de todos os valores atribuídos na pesquisa realizada com um total de 13 professores da rede estadual do Rio de Janeiro. Os questionários foram preenchidos segundo a avaliação de diversas afirmações e a atribuição de um valor que se encontra associado a uma escala Likert de cinco pontos. (Aguiar, 2012). AVALIAÇÃO DA CONSTRUÇÃO E ENTENDIMENTO DA ESTRUTURA DO GUIA EXPERIMENTAL COM MATERIAL ALTERNATIVO. (CE) Os quesitos aqui apresentados avaliam o entendimento da estrutura, organização e recursividade do Guia Experimental com Material Alternativo: No quesito CE1 é avaliado a existência de um espaço destinado a aulas experimentais, onde 62% dos professores, diz que não possui, 30% diz que possui um local que pode ser utilizado e 8% diz que há um possível espaço. O quesito CE2, avalia a utilização do recurso didático por esses professores. Onde 85% dos entrevistados, diz que utilizaria o Guia Experimental em aulas experimentais e 15% não descartam a possibilidade de utilizar. Dentro dos quesitos CE3 (50%), CE4 (60%) e CE5 (70%) a forma da organização do roteiro, a clareza, a recursividade que são consideradas de grande importância para o emprego deste recurso facilitador, com grande aceitação pelos professores. A estrutura da proposição CE6, de acordo com os professores, não é empecilho para o uso do Guia Experimental dentro do horário definido pelo Estado, já que 54% tem aceitação de que é possível realizar aulas experimentais dentro do horário estabelecido. AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO GUIA EXPERIMENTAL E HABILIDADES E COMPETÊNCIAS (GH) Os quesitos aqui avaliados julgam a pertinência do uso do currículo mínimo como base para aulas teóricas orientadas pela própria Secretaria Estadual de Educação, e a correlação dos temas discriminados no currículo mínimo com os temas descritos no guia. Para avaliar a relação Guia Experimental com Material Alternativo e Habilidades e Competências os professores observaram os temas descritos no Currículo mínimo e o roteiro de cada aula prática. O quesito GH1 mostrou que 70% dos professores utiliza o Currículo Mínimo como base para suas aulas teóricas. Esse dado é importante para que o professor tenha mais facilidade para fazer a relação do Guia Experimental e o Currículo Mínimo, dentro da pesquisa proposta. Tendo em vista que as Habilidades e Competências estão descritas a cada tópico e dentro de cada série no Guia Experimental. Segundo os professores em GH2, 92% atestam esta coerência entre a relação dos temas. Em GH3, os professores julgaram importante o uso de aulas experimentais pautadas no Currículo Mínimo com aceitação de 85%. Observando ainda no quesito GH4, a exclusão de temas teóricos que foi aprovada por 70% dos entrevistados, garante a importância da objetividade das aulas experimentais.

Conclusões

Da pesquisa realizada foram obtidos dados que dão suporte a ideia de que o Guia Experimental baseado no Currículo Mínimo do Rio de Janeiro pode ser utilizado como instrumento significativo para a aprendizagem e, neste contexto pode-se concluir que por meio da utilização deste é possível trabalhar conceitos, habilidades, atitudes e destreza, e o desenvolvimento do conhecimento na Química. Além da boa aceitação do Guia Experimental de Química, a correlação com as Habilidades e Competências descritas na base curricular estadual, que constitui o eixo de construção do sistema de ensino, propõe a orientação para a formação continuada dos professores. É importante observar que para se trabalhar qualquer recurso mediador de aprendizagem é de suma importância levar em consideração além do planejamento das estratégias a serem seguidas a experiência cotidiana do aluno e do docente. Acreditamos que as análises desses discursos possam contribuir para compreendermos as relações estabelecidas entre prática docente, material didático e aluno, auxiliando-nos no direcionamento da profissionalização quanto a utilização de materiais didáticos. Com a pesquisa também podemos observar que apesar da sala de aula ser um espaço imprescindível para o desenvolvimento dos alunos, porque se constitui num espaço de diálogo, de relação recíproca, de troca de experiências e produção coletiva do conhecimento, e o horário estipulado para lecionar a disciplina, observou-se que é viável a utilização deste espaço para a realização de aulas experimentais, quebrando o tabu de que somente é possível realizar aulas experimentais num espaço definido para tal, como laboratórios. Com tudo até aqui exposto conclui-se que utilizar o Guia Experimental com Material Alternativo baseado no Currículo Mínimo do Rio de Janeiro numa abordagem construtivista é uma tentativa de contribuir para o desenvolvimento e progresso não só de professores, mas dos alunos também, juntamente com a escola.

Agradecimentos

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – Campus Nilópolis

Referências

AGUIAR, J. G. Desenvolvimento e validação de um questionário para avaliar o nível de conhecimento dos alunos sobre mapas conceituais. 2012. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo. Faculdade de Educação. São Paulo, 2012.
DIAS, J.H.R. et al. A utilização de materiais alternativos no ensino de Química: um estudo de caso na E. E. E. M. Liberdade do município de Marabá-Pará. 36ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química. Disponível em: http://www.eventoexpress.com.br/cd-36rasbq/resumos/T0744-1.pdf. Acesso em 11 de Setembro de 2017.
FISCARELLI, Rosilene Batista de Oliveira. Material Didático e Prática Docente. Revista Ibero-americano em Educação, 2007. v. 2, n. 1 Disponível em: http://seer.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/454. Acesso em: 02 de Julho de 2017.
GALIAZZI, M. C.; GONÇALVES, F. P. A natureza pedagógica da experimentação. Química Nova, 27 (2), 2004, p. 326-331
OLIVEIRA, Carlos Antônio Leão de, SILVA, Thiago Pereira da, Aplicação de Aulas Experimentais de Química com Materiais Alternativos a Partir de Sucatas e Materiais Domésticos no Ensino de Jovens e Adultos (EJA). I ENECT - I Encontro Nacional de Educação, Ciência e Tecnologia/UEPB, 2012. Departamento de Licenciatura em Química, UEPB-Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande-PB, 2012.
em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
VIEIRA, J. H.; FIGUEIREDO-FILHO, L. C. S.; FATIBELLO-FILHO, O. Um experimento simples de baixo custo para compreender a Osmose. Revista Química Nova na Escola, n. 26, 2007.
ZAMBON, L. B; TERRAZZAM, E.A. Recursos didáticos diversos no ensino de física: uma proposta para o ensino do conceito de corrente elétrica. Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2009.