Autores

Silva, A.M. (UFC) ; Domingos, B.C.L. (UFC)

Resumo

No Ensino de Química um dos conteúdos abordados com frequência é o potencial hidrogeniônico (pH). Dentro deste contexto, realizou-se experimentos para estimular os alunos do 1º ano do Ensino Médio a aprender o conteúdo. Extraiu-se o corante natural da flor da bananeira com o auxílio de um almofariz e um pistilo maceraram-se as pétalas da flor em álcool etílico (C3H6O) para obtenção dos pigmentos para modificar a cor de uma substância ácida ou alcalina (básica) e esta solução pode ser utilizada como indicador ácido-base. Pelo fato da mudança de cor apresentar um efeito visual muito chamativo, desperta grande interesse dos alunos, tornando-se assim uma excelente ferramenta para o aprendizado da disciplina de Química.

Palavras chaves

Ácido-Base; Indicadores Naturais; Flor da Bananeira

Introdução

A atividade prática provoca o interesse do aluno pela disciplina. Ele pode fazer a união do que aprendeu na teoria com o que foi visto na prática facilitando o seu aprendizado. Um dos problemas enfrentados pelos professores de Química da rede pública é a falta de laboratórios equipados, restando para muitos a opção de trabalhar em sala de aula com materiais alternativos para melhorar o entendimento do aluno. A utilização de itens presentes no cotidiano dos estudantes é uma estratégia pedagógica importante e adequada para transmissão e fixação de conceitos envolvidos no Ensino Médio que é recomendada em todos os documentos oficiais desde a Lei das Diretrizes e Bases da Educação – LDB (BRASIL, 1996). Esses documentos indicam que o ensino deve ser orientado pela construção de competências e habilidades articuladas nas áreas de representação, comunicação, investigação, compreensão, e contextualização sociocultural, tendo como eixos norteadores a interdisciplinaridade e a própria contextualização (BRASIL, 2002). Ao utilizar a experimentação, associando os conteúdos curriculares, o educador trabalhará de forma contextualizada, pois não é o problema proposto pelo livro ou a questão da lista de exercício, mas os problemas e as explicações construídas pelos atores do aprender diante de situações concretas (GUIMARÃES, 2009). Segundo Vygotsky (1989), as aulas práticas estimulam a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança; aprimoram o desenvolvimento de habilidades linguísticas, mentais e de concentração; e exercitam interações sociais e trabalho em equipe.

Material e métodos

Primeiramente, foi aplicado um questionário aos estudantes nas turmas do primeiro ano A e B do turno manhã da Escola Maria Amélia Perdigão Sampaio, em Palmácia-CE, para o levantamento do conhecimento prévio sobre os conceitos de ácidos e bases e, como diferenciar estas substâncias. Após a aplicação do questionário, no mesmo dia realizou-se uma pequena apresentação abordando alguns conceitos como definições de ácido e base de Arrhenius, indicadores e medidas de pH. A ação dos extratos como indicador ácido-base, foi realizada adicionando-se com uma pipeta de plástico gotas das substâncias a solução contida no frasco. Foi desenvolvido fitas de papel indicador com o extrato da flor da bananeira, para auxiliar na contextualização e entendimento dos conceitos básicos esse procedimento levou o tempo de duas aulas de 50 minutos. Os extratos preparados a partir da flor da bananeira (Musa Paradisíaca SPP) apresentou cor amarronzada. Após a realização dos experimentos foi aplicado o segundo questionário, para saber a opinião deles em relação a atividade experimental realizada. Os questionários foram aplicados a 60 alunos do primeiro ano do ensino médio, porque o assunto das funções inorgânicas é um conteúdo que compõe a grade curricular dos mesmos. A flor da banana (fig. 1) é um excelente aliado à saúde, pois é rica em nutriente e antioxidante, além de ter fins medicinais, quando consumida na forma de xarope. (FLOR, 2017).

Resultado e discussão

O questionário inicial foi aplicado para 60 alunos da escola, antes de realizar aula teórica e prática. No gráfico 1, a pergunta foi elaborada para saber se os alunos conheciam algum tipo de substância ácida. Das respostas obtidas, 8,3% afirmaram que o sabão é ácido, 20% marcaram vinagre, 13,3% responderam álcool, 33,3% disseram suco de limão, 16,6% leite e 8,3% água sanitária. Com as respostas percebe-se que a maioria sabe identificar as substâncias ácidas que existem no seu cotidiano. Foi questionado se sabiam qual a substância usada para identificar os ácido e base. A maioria, que corresponde a 62% afirmou que a substância usada para identificar um ácido ou base é um indicador e os outros 38% disseram que é um reagente. Apesar de muitos afirmarem que não sabem como fazer para classificar as substâncias de acordo com sua acidez. Após a realização da aula teórica e aula prática realizou-se a aplicação do questionário final, para saber a opinião dos alunos participantes a respeito da aula experimental, se a mesma tinha contribuído para sua aprendizagem. No gráfico 2, observou-se que a maioria disse que a prática só condiz com a sua realidade ás vezes, totalizando 42%. Do restante pesquisado, 41% afirmaram que sim, 12%, disseram que pouco e 5% que não coincidem. No gráfico 3, 62% disseram que conseguem relacionar o que aprendeu com a prática em seu cotidiano, 13% afirmaram que não conseguem e 25% falaram que só um pouco. Observa-se que muitos alunos conseguem relacionar a prática com o seu cotidiano, evidenciando que uma aula experimental facilita o entendimento do conteúdo com as vivencias dos alunos.

Figura 1

Imagem da Flor da Bananeira.

Gráfico 1

Exemplos dados pelos alunos sobre substâncias ácidas do cotidiano.

Gráfico 2

Opiniões dos alunos que respondem se a prática aplicada está de acordo com a realidade cotidiana.

Gráfico 3

Relacionamento dos alunos com o que aprendeu com a prática aplicada com o que vive com seu cotidiano.

Conclusões

De acordo com a opinião e sugestões apontadas pelos alunos a produção de um indicador natural produzido de um material de fácil acesso para a colaboração com o aprendizado dos mesmos, mostrou-se muito eficiente no seu objetivo de contribuição com o processo ensino aprendizagem através de aulas experimentais de reação ácido base, facilitando assim o trabalho do professor que pode tornar aula mais fácil e atrativa para o aluno.

Agradecimentos

1) Coordenação do Curso de Licenciatura em Química EaD da UFC. 2) Escola Maria Amélia Perdigão Sampaio, em Palmácia-CE 3) Polo de Aracoiaba-CE.

Referências

BRASIL. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em:
portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso em: 25 set. 2017.

______. PCNEM, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCNs+ Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC, SEMTEC, 2002. 144 p.

FLOR de Banana: descubra seu benefícios e saiba como preparar. Disponível em:
http://www.jardimdomundo.com/flor-de-banana-descubra-seus-beneficios-e-saiba-como-preparar/. Acesso em: 28 set. 2017.

GUIMARÃES, C. C. Experimentação no Ensino de Química. Química Nova na Escola. Vol. 31, N° 3, agosto, 2009.

VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.