Autores

Cavalcante, D.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Ferreira, G.L.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Lima, M.H.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Pereira, R.Y.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Souza, J.R.T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)

Resumo

O objetivo deste trabalho é destacar e analisar a abordagem de livros sobre o conteúdo de Ligações Químicas e a maneira que esta pode influenciar a prática docente. Nesta pesquisa quantitativa foi analisado os capítulos sobre ligações químicas de três livros didáticos, onde tais análises são pautadas na verificação do conteúdo e propostas metodológicas de livros tidos como instrumentos para o ensino de Química. Os resultados das análises apontam que os capítulos dos livros escolhidos são passíveis de uma revisão, referente a abordagem metodológica com a qual tratam os conceitos de modelos de ligação química. Conclui-se que os livros podem ser usados como norteadores da prática docente, não como verdades absolutas que ditam a ação do professor.

Palavras chaves

Livro didático; Ensino de Química; Ligações Químicas

Introdução

Neste trabalho é abordado os livros didáticos no ensino de química, mais precisamente sobre o assunto de Ligações Químicas, seguido de uma análise acerca da abordagem desse conhecimento científico de acordo com as propostas do Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM) de 2007. Com os parâmetros do PNLEM e a prática docente, a utilização do livro didático deve ser entendida como uma ferramenta que auxilia a ação do professor, visto que pode potencializar a aprendizagem dos estudantes. Para isso, é importante que o professor e a professora saibam como utilizar o livro didático, tendo em vista outros instrumentos que podem lhes apoiar no processo de mediação do conhecimento a ser abordado. Luckesi (2011) afirma que o processo de ensino-aprendizagem é um processo de comunicação, onde o livro didático está intrinsecamente relacionado a este, e de modo algum deve ser desconsiderado. Para o autor vivemos um constante ciclo de interação na educação, a destacar o duplo papel do emissor e receptor, aliado aos veículos de comunicação e informação. Diante do exposto, o objetivo deste estudo é o de realizar uma análise com livros didáticos a fim de identificar no assunto de Ligações Químicas se os autores o abordam de maneira adequada conceitualmente, a forma com que a ciência é concebida, a proposta metodológica e se esta se enquadra de acordo com o conteúdo apresentado no material didático.

Material e métodos

Esta pesquisa qualitativa se deu por uma análise de livros didáticos acerca do assunto de ligações químicas, geralmente encontrados nos livros da primeira série do ensino médio. Para que os livros fossem analisados, foram tomados os parâmetros do PNLEM como referências, mais precisamente a abordagem conceitual, estrutura do tema e a proposta metodológica do autor. A ideia de investigar temas de química em livros didáticos surgiu a partir de discussões na disciplina de Instrumentação para o Ensino de Química, no curso de licenciatura em Química da Universidade Federal do Pará, com o auxílio do professor-orientador. Cabe ressaltar que a escolha dos livros foram aleatórias e tomamos como critério inicial apenas livros que faziam a abordagem sobre Ligações Químicas. As análises foram feitas com três livros didáticos de química que estão identificados neste trabalho pelas letras como, A, B, e C, respectivamente. Junto dessa análise, ainda foi possível se observar o que estes materiais didáticos oferecem quanto a abordagem de temas que fomente à formação cidadã de educandos e educandas, a contextualização e o modo como adotam concepções de ciências. Com a identificação destes é possível ter uma ideia prévia do que se pretende com a pesquisa.

Resultado e discussão

A partir da análise do capítulo de Ligações Químicas dos livros A, B e C foi feita uma análise quantitativa, onde optou-se por dois aspectos que foram: Aspectos conceituais Foi possível perceber com a análise dos livros, que não possuem erros conceituais. Entretanto observou-se inadequações como no livro B, no qual conceitos como estabilização eletrônica e a formação do octeto são tratados como dogmas. Aspectos metodológicos O livro A apresenta a proposta de enfoque Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS), mas está vaga no texto. Dessa maneira, é importante que não tomar tal estratégia de ensino como uma receita a ser seguida, pois no processo de ensino e aprendizagem, tomando como base o movimento CTS abordado no livro, podem haver movimentos entre as questões sociais, políticas, científicas e outros. Enquanto que no livro B por não abordar questões sociais, este não proporciona ao professor o desenvolvimento, com os estudantes, de valores necessários à participação em uma sociedade democrática, que discorda de Santos e Schnetzler (2010). Apesar de tentar facilitar a percepção da conexão dos conteúdos, os autores não valorizam a possibilidade de questionamentos, a deixar espaço à percepção destes como fundamentais à ciência, como se observa em Bachelard (1996). No livro C foi verificado que o capítulo sobre ligações químicas se organiza com questões geradoras e textos motivadores, onde visam possibilitar reflexões mediante a questão central, a fomentar uma relação com o cotidiano dos estudantes concordando com Freire (2016), que afirma a necessidade da busca por problemas que estão relacionados com a realidade dos educandos. Entretanto, observa-se que os autores do livro poderiam ter explorado mais no capítulo o desenvolvimento de tecnologias relacionadas a esse assunto.

Conclusões

Conclui-se que nenhum desses livros didáticos são iguais em relação ao outro; todos estão passíveis de termos inadequados e se tem a necessidade de uma (re)análise. Cabe ao docente adotar este instrumento como um auxiliador da sua prática docente, não tomá-lo como a “verdade absoluta” e não exigir aos seus educandos que memorizem todo o conteúdo que ali está inserido para a aplicação em uma prova e/ou exame. É possível dessa maneira verificar a importância da formação do professor mediante a escolha do material didático como auxiliador.

Agradecimentos

Agradecemos ao nosso orientador pelo incentivo e aos direcionamentos à pesquisa.

Referências

BACHELARD, Gaston. A formação do espírito científico. 1º Edição. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
BIZZO, Nelio; CHASSOT, Attico; ARANTES, Valéria Amorim (org.) Ensino de Ciências:Pontos e contrapontos. 1º Edição. São Paulo: Summus, 2013.
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Guia de Livros Didáticos PNLD 2008: Matemática. Brasília: MEC, 2007.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 53. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. 3ª. São Paulo: Cortez, 2011.
SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos Santos; SCHNETZLER, Roseli Pacheco. Educação em Química: um compromisso com a cidadania. 4º Edição. Ijuí: Editora Unijuí, 2010.