Autores

Oliveira, M.S.C. (UECE) ; Albuquerque, V.R.P. (UECE) ; Tavares, C.D.A. (CISNE) ; Souza, M.J.F. (SEDUC)

Resumo

A Química é uma disciplina muito complexa e cheia de curiosidades, para garantir um melhor aprendizado deve-se complementar as aulas tradicionais com diferentes metodologias e ferramentas. O jogo foi aplicado na Escola Estadual de Educação Profissional do município de Pacatuba, tendo como objetivo geral analisar a relação do jogo Chemical Deck com o aprendizado em Química e facilitar a assimilação do conteúdo sobre tabela periódica. Constatou-se a qualidade, aplicabilidade e eficácia do jogo nas aulas de Química visto que 70% dos alunos gostaram da atividade realizada. Conclui-se que as ferramentas, metodologias e/ou recursos didáticos quando seguidos da disposição do educando é um importante aliado para Educação.

Palavras chaves

Educação; Química; Jogos

Introdução

Em pleno Século XXI um dos assuntos pertinentes nas conversas de discentes de educação, docentes e gestores é o quanto a nossa Educação se transformou, as mudanças que contribuíram de forma benéfica à população do nosso país, desde o acesso até a qualidade. No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, menciona no Art. 3º que o ensino terá como princípio o acesso, a permanência e a garantia de padrão de qualidade. Segundo uma publicação da revista online Época (2015) os resultados da última Prova Brasil (indicador de qualidade) não foram nada satisfatórios porque mais da metade dos alunos brasileiros no 5º ano não conseguem identificar figuras básicas da Matemática e as informações importantes num escrito, como também os alunos do 9º ano não sabem fazer conversões de unidades e destacar a ideia principal do texto. Portanto, os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb vão contraposto o que diz o inciso I do Art. 32 da LDB, textualmente: “o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo”. (BRASIL, 1996). O grande desafio para a escola, principalmente para os professores, é buscar formas e fórmulas de melhoria desses dados que tanto afligem a comunidade escolar, obtendo ela um bom ou mau resultado, e claro, não importando apenas a preocupação dos professores das duas disciplinas avaliadas pelo sistema educacional. O professor ajuda seu aluno no processo de desenvolvimento e construção do conhecimento, busca apresentar de forma compreensível as concepções que norteiam os princípios, leis e/ou fórmulas utilizando-se de ferramentas, recursos e metodologias que auxiliem nas aulas. Diante desses fatos, Piazzi (2014) fala sobre sua intenção ao publicar o livro Aprendendo Inteligência: “(...) ajudar muitos alunos a transformar seu tempo de escola em algo útil e construtivo, fazendo-os subir, gradativamente, a escada da inteligência”. De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio sobre o ensino de Química, expõem a utilização de novas abordagens para a temática em sala de aula, novas metodologias no processo de ensino e aprendizagem (BRASIL, 2016) por isso, os docentes compartilham de suas ideias expondo de diversas maneiras afinal, “(...) aula boa não é somente aquela que aborda todas as fórmulas, nomenclaturas e demonstra a beleza das estruturas químicas, mas também é aquela reformulada, recheada de artifícios que prendem os alunos espontaneamente a conteúdos ditos chatos e inapropriados.” (SOUZA, 2012, p. 25). Sob essa perspectiva, surgiu os seguintes questionamentos: Como ajudar os professores na exposição de alguns conteúdos? Por que trabalhar com jogos? Algumas vezes observamos que o aprendizado aconteceria de modo mais propício se tivéssemos sobre as mesas além do livro de Química do Ricardo Feltre, ferramentas que pudessem ser manuseados pelo próprio beneficiário do conhecimento, que seja ele responsável pelo elo entre a dimensão educativa e a dimensão lúdica. A utilização de material auxiliar também é dirimida por Smole et al (2009): Todo jogo por natureza desafia, encanta, traz movimento, barulho e uma certa alegria para o espaço no qual normalmente entram apenas o livro, o caderno e o lápis. Essa dimensão não pode ser perdida apenas porque os jogos envolvem conceitos de matemática. Ao contrário, ela é determinante para que os alunos sintam-se chamados a participar das atividades com interesse (Brougère & Smole ,2008). Existem momentos em que os docentes têm dificuldade em apresentar alguma temática em sala de aula, ocasionando um empecilho para o aluno aprender o assunto, que pode estar relacionado à complexidade do tema ou ao modo de exposição utilizado pelo professor. Observando que existe a dificuldade que passa o professor, esse trabalho busca uma forma de contribuir no processo de ensino e aprendizagem de Tabela Periódica utilizando o jogo Chemical Deck, pois ao ajudar o professor com recursos, ferramentas ou propostas a minimizar e/ou resolver a sua dificuldade, estaremos também ajudando os alunos na aprendizagem. Segundo Sousa (2012, p. 9), “aliar o lúdico às aulas de Química contribui para uma visão mais abrangente do conhecimento, colocando em ênfase, na sala de aula, conhecimentos que sejam relevantes e possam interagir no cotidiano do aluno”. Neste contexto, o objetivo geral do trabalho foi analisar a relação do jogo Chemical Deck com o aprendizado em Química nas turmas de 1º ano, e em específico facilitar a assimilação sobre Tabela Periódica, a partir da experiência prática em uma escola de Ensino Médio Profissional no Município de Pacatuba que baseia-se nas orientações da LDB/96 e nos estudos de Brougère & Smole (2008).

Material e métodos

A pesquisa investiga o aprazimento dos alunos em desfrutar do jogo Chemical Deck, como recurso didático para complementar o processo de ensino e aprendizagem. O Chemical Deck é classificado como jogo de conhecimento porque usa como referência conteúdos que habitualmente são estudados em Química, afinal “os jogos de conhecimento são um recurso para um ensino e uma aprendizagem mais rica, mais participativa e problematizadora”. (SMOLE, 2009). A pesquisa foi aplicada num grupo de 104 alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma Escola Profissional do Ceará, que utilizaram o jogo Chemical Deck como recurso didático nas aulas sobre tabela periódica. O recurso aplicado foi um baralho desenvolvido pelos alunos das séries posteriores que participavam da monitoria de Química, que aborda o conteúdo de tabela periódica. Como processo avaliativo, realizou-se uma pesquisa com os alunos participantes, cujo instrumento utilizado foi um questionário de 5 (cinco) questões abertas dividido em lúdico e cognitivo. O questionário abrangeu questões objetivas, com o intuito de conferir se o jogo foi bem aceito pelos alunos e se ele facilitou a associação do elemento e sua respectiva família na tabela periódica. O baralho contém 118 cartas referentes à tabela periódica e foram acrescidas 4 (quatro) cartas denominadas coringa. Cada carta fornece os dados referentes aos elementos químicos: nome do elemento, símbolo, número atômico, massa atômica, família e grupo. Assim como na tabela original as cartas são divididas em grupo A (elementos representativos) e B (elementos de transição) por personagens, sendo que cada família do grupo tem um personagem animado diferente. Os personagens escolhidos para compor o jogo foram de jogos de vídeo game, desenho animado e tirinhas em quadrinho. Assim, numa partida com 4 (quatro) jogadores, cada um recebe 5 (cinco) cartas aleatórias. O objetivo a ser alcançado pelos jogadores ocorrerá quando um dos participantes formar uma sequência de no mínimo 4 cartas pertencente a mesma família ou período e permanecer sem nenhuma carta em mãos. Segundo Retondar (2007, p. 61), “(...) uma vez que as regras do jogo ou brincadeira são firmadas, os jogadores ou brincantes passam a dimensionar as formas de se jogar, suas emoções, suas capacidades criativas e reflexivas a partir do universo legitimamente demarcado”.

Resultado e discussão

A primeira pergunta do questionário foi “Você lembra-se de alguma carta do baralho?”. Dos estudantes participantes da entrevista, 76% responderam que lembravam das cartas do baralho, dando destaque às famílias e aos personagens que foram atribuídos a cada uma delas. Após as partidas observávamos que alguns alunos relatavam sobre as cartas, principalmente o que mais tinha chamado sua atenção. Ao perguntar se a carta era do baralho do jogador ou do oponente as respostas dos alunos foram satisfatórias, ou seja, 70% responderam que a carta era do seu baralho. Serão relatadas, a seguir, as respostas dos alunos. O corpo discente em questão considera a ferramenta de trabalho como um material que pode ser anexado nas aulas de Química, pois contribui para compreensão e é bem divertido. No terceiro questionamento perguntou-se o seguinte “O instrumento utilizado pela professora ajuda na compreensão? Sim 94% dos participantes concordaram que é válida a aplicação Chemical Deck nas aulas de Química (Figura 01). Quando solicitado para classificar o Chemical Deck a resposta dos alunos condiz com o sentimento percebido quando estão jogando, tanto que 70% dos entrevistados classificaram o jogo como ótimo e isso os impulsionam a desenvolverem outros jogos. Para Sousa (2012), “a atividade de produzir um brinquedo ou um aparato experimental proporciona vivências artísticas criativas, o desenvolvimento de habilidades motoras e de raciocínio lógico, interação com o grupo, trazendo à tona uma série de habilidades, atitudes e capacidades cognoscitivas que de outra forma não se fariam presentes (...)”. Os alunos dão mais importância aos materiais metodológicos até quando não os conhecem, desde o sofisticado ao mais simples, do tecnológico ao antigo. O que parece ser importante é saber que está disponível e que poderá ser explorado, em síntese “precisamos lembrar que nossos alunos pertencem a uma geração que dá importância aos meios visuais; portanto, é recomendado que cuidemos da forma e da apresentação do jogo, desde os aspectos físicos até o modo como falamos da proposta de uso”. (SMOLE, 2008). Os dados a seguir mostram quanto tempo os alunos da Escola pesquisada gostariam de manusear as ferramentas lúdicas. Ao indagar sobre a participação nas partidas foi universal nas turmas pesquisadas o riso no momento de escolher a opção – neste item poderia ser selecionado mais de uma - o que gerou várias respostas (Figura 02). É interessante levar para a sala de aula propostas que motivem os alunos a participarem das aulas por se sentirem entusiasmados com o material, em síntese “outra propriedade que diferencia o jogo de qualquer outra atividade é seu caráter voluntário relacionado com a motivação intrínseca (...)” (MURCIA, 2005). Quando solicitado para classificar o Chemical Deck a resposta dos alunos condiz com o sentimento percebido quando estão jogando, tanto que 70% dos entrevistados classificaram o jogo como ótimo e isso os impulsionam a desenvolverem outros jogos. Para Sousa (2012, p. 127), “a atividade de produzir um brinquedo ou um aparato experimental proporciona vivências artísticas criativas, o desenvolvimento de habilidades motoras e de raciocínio lógico, interação com o grupo, trazendo à tona uma série de habilidades, atitudes e capacidades cognoscitivas que de outra forma não se fariam presentes (...)”. É incrível o quanto os alunos dão importância aos materiais metodológicos até quando não os conhecem, desde o sofisticado ao mais simples, do tecnológico ao antigo. O que parece ser importante é saber que está disponível e que poderá ser explorado, em síntese “precisamos lembrar que nossos alunos pertencem a uma geração que dá importância aos meios visuais; portanto, é recomendado que cuidemos da forma e da apresentação do jogo, desde os aspectos físicos até o modo como falamos da proposta de uso”. (SMOLE, 2008). Foram poucos os alunos que não atingiram o elo entre o conteúdo presente nas cartas com as informações específicas de cada elemento da tabela periódica. Verificou-se que 92% dos participantes conseguiram responder corretamente a seguinte pergunta: O que as cartas informam? De acordo com os resultados apresentados, podemos concluir que a aplicação do jogo foi um recurso didático muito eficaz e torna-se pertinente o uso dessas ferramentas para complementar aulas expositivas.

fig. 1






Conclusões

Conclui-se, mediante o trabalho, que o Chemical Deck conseguiu prender a atenção dos alunos, que pode ser utilizado como um pré-teste de conhecimentos, e estimulador de ideias, associado ao ensino de Química tem um papel equilibrador entre a aprendizagem e o lúdico. Pelos resultados obtidos praticamente todos os alunos gostaram do jogo e concordam que esse tipo de recurso didático é uma ferramenta pertinente ao aprendizado e fixação dos conteúdos de Química. Identificou-se que ações de reformulação de ideias e/ou incremento de recursos de aprendizagem cativam os alunos, proporcionando a aceitação da ferramenta e o desejo de sempre utilizá-la.

Agradecimentos

Referências

BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, Secretária de Educação Básica, 2006. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: volume 2.
BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
RETONDAR, Jeferson José Moebus. Teoria do jogo: a dimensão lúdica da existência humana. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
SMOLE, Kátia Stocco. [et al]. Jogos de matemática: de 1º a 3º ano. Porto Alegre: Grupo A, 2008.
SOUSA, Tássia Pinheiro. COSTA, Maria Glória Araújo. VERAS, Erica Yasmine Ferreira. GOMES, Raimunda Olímpia Aguiar. Perfil Químico: Um recurso pedagógico no ensino de química. IN: SOUSA, A. A; GOMES, R. O. A. (Orgs.). Formação de professores: as experiências de iniciação à docência no IFCE. Fortaleza: Edições UFC, 2012.
SOUSA, Tássia Pinheiro. Jogos lúdicos: recursos didáticos para o ensino de química. 2012. 28 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Licenciatura em Química) – Eixo de Formação de Professores, Instituto Federal do Ceará, Maracanaú, 2012.
SOUZA, Maria Juliete Ferreira. A música como ferramenta pedagógica para o ensino de química. 2012. 30 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Licenciatura em Química) – Eixo de Formação de Professores, Instituto Federal do Ceará, Maracanaú, 2012.