Autores
Santos, M. (CONEXÃO AQUARELA)
Resumo
A educação básica deve ter como um dos principais objetivos a formação cidadã, sendo assim a educação química também deve apresentar tais características. Para que a abordagem pedagógica alcance os discentes é necessário que se imponha desafios aos educandos e que tais desafios sejam solucionados sempre levando em consideração a coletividade. Com base nisso foi proposta aos alunos do primeiro ano do ensino médio na escola conexão aquarela localizada no estado do Amapá, a produção de jogos relacionados com as propriedades da tabela periódica, entre as sugestões de jogos estavam: uno e dominó e após todas as etapas da prática 70% dos alunos afirmaram que conseguiram realizar o desafio e que precisaram desenvolver o trabalho em equipe, entre outras características inerentes a coletividade.
Palavras chaves
educação ; tabela ; jogos
Introdução
Consta na atual constituição brasileira no artigo 205 que educação básica tem com um de seus objetivos a formação cidadã envolvendo o desenvolvimento de cidadãos conscientes das mudanças físicas, ambientais e sociais no meio em que vivem. Essas habilidades são trabalhadas e desenvolvidas desde a educação infantil, que por meio de jogos nas aulas, possibilitam a memorização, o trabalho em equipe e o aprendizado de maneira descontraída e significativa. Para CASTRO E TREDEZINI “O jogo pode ser considerado como um importante meio educacional, pois propicia um desenvolvimento coletivo e dinâmico nas áreas cognitiva, afetiva, social e motora, além de contribuir para a construção da autonomia” (CASTRO; TREDINI, p.167, 2014). Professores podem fazer uso de jogos didáticos como auxilio na construção dos conhecimentos em qualquer área do ensino. Essa prática é observada com frequência “na matemática principalmente nos primeiros anos de escolaridade [...] na química e na física os jogos são um pouco menos utilizados, mas seu uso tem aumentado bastante nos últimos anos.”(CUNHA, p. 92, 2012,.) A química é a ciência que estuda a matéria, sua composição e transformações e tem grande importância no desenvolvimento de tecnologias, na produção de fármacos entres muitas outras possibilidades disponíveis. Contudo, o estudo introdutório da disciplina envolve muitas definições distantes da realidade dos alunos, mesmo quando exemplificadas em sala, um exemplo da exaustiva carga de conteúdos dessa disciplina é a teoria envolvida na construção e atual organização da tabela periódica. Conhecer as propriedades periódicas por meio da apresentação dos elementos e da história de construção dessa tabela torna a disciplina atrativa aos olhos do aluno da geração Z. Contudo, essas informações podem ser encontradas a qualquer momento pelos discentes com auxílio da internet. Fazendo com que o aluno da geração Z não perceba a real importância da atuação do professor na sala de aula segundo ALBUGUERQUE, TOLEDO e MAGALHÃES os alunos da geração Z sofrem grande impacto por estarem mergulhados no mundo virtual, demonstram grande resistência ao modelo educacional vigente, exigindo novas práticas educacionais. “Para eles a escola não possui estímulo para atraí-los o que demandam em uma adaptação em relação as suas necessidades.”(ALBUQUERQUE; TOLEDO; MAGALHÃES, p.4, 2012). É compressível a necessidade de mudanças que a geração Z trás consigo, a sociedade não é a mesma de 50 anos ou até mesmo 20 anos atrás e com o advento da tecnologia, é natural que essa geração visualize sua experiência na escola como uma extensão da experiência vivida fora dela. Para que o professor consiga despertar o interesse dos alunos dessa geração, é preciso um diferencial na abordagem, dessa maneira, a disciplina deve ser apresentado de forma atrativa, e sobre tudo é preciso desafiar o discente, e o desafio proposto pela docente foi a construção de jogos que envolvessem as propriedades da tabela. Para execução desse desafio foi preciso conhecer as propriedades da tabela e mais que isso, foi necessário adequar suas características a construção dos jogos.
Material e métodos
O trabalho foi realizado na escola conexão aquarela na cidade de Macapá no estado do Amapá com turmas da primeira serie do ensino médio, os alunos foram orientados a construírem jogos que relacionassem as propriedades e organização da tabela periódica. Inicialmente as propriedades periódicas foram vistas em sala, juntamente com a história da construção da tabela e por fim os alunos foram direcionados a construir os jogos. A proposta consistia na construção prioritariamente de jogos de tabuleiros com o objetivo de fomentar o trabalho em equipe e favorecer o processo de ensino aprendizagem. A professora sugeriu alguns jogos como: dominó, perfil, jogo da vida, entre outros. Os alunos tiveram prazo de duas semanas para a construção dos jogos e durante esse tempo obtiveram mais informações sobre a tabela nas aulas, além de poder tirar dúvidas sobre os jogos em construção. No momento da entrega, cada grupo apresentou o jogo construído, suas regras e a relação das propriedades da tabela presente no mesmo, após todas as apresentações, os jogos foram distribuídos em grupos diferentes daqueles que os haviam construído e os alunos tiveram a oportunidade de jogar com as propostas desenvolvidas pelos colegas de classe e assim exercitar as propriedades periódicas e demais classificações da tabela vistas em sala. Figura 1 Uno Químico Entre as produções estavam jogos como uno, dominó, jogos de adivinhações e até bingo. O uno, é um jogo de cartas, originado nos Estados Unidos por Merle Robbins e familiares. Nesse jogo, está aberto para os jogadores a possibilidade de desenvolvê-lo, fazendo com que, assim, o jogador forme estratégias. Para a vida escolar, foi modificado com elementos da tabela periódica dando origem ao UNO DA TABELA PERIÓDICA. Nesse jogo de cartas artesanal, os jogadores utilizam cartas com símbolos das famílias da tabela periódica continuam da maneira do original, nesse jogo as cores das cartas estavam relacionadas as propriedades e as famílias as quais os elementos pertencem. Figura 2 UNO da tabela periódica No dominó químico relacionaram-se as classificações em elementos representativos e de transição. As peças deviam se unir apenas com seus semelhantes, o mesmo ocorria com os gases nobres, além disso deu-se ênfase a propriedade eletronegatividade, fazendo com que o hidrogênio fosse um elemento coringa e quando ligado aos elementos mais eletronegativos como N, O e F possibilitasse a vitória ao jogador que realizasse tal ligação no jogo.
Resultado e discussão
Quando questionados sobre qual foi a habilidade mais desenvolvida com a
construção dos jogos, 50% dos alunos afirmou que foi o conhecimento sobre a
tabela periódica que aumentou significativamente após a realização das atividades
lúdicas. Além disso, 25% desses alunos afirmaram que outras habilidades foram
necessárias para a sua realização, tais como: paciência, trabalho em equipe e
tolerância, fatores que auxiliam na construção de um bom relacionamento
interpessoal. Os jogos didáticos possuem a capacidade de estimular a
curiosidade, autoconfiança e a participação do aluno, assim como, ajuda a
aprimorar habilidades linguísticas, mentais e exercitam interações sociais e
trabalho em equipe ( Vygotsky, 1989). Apenas cerca de, 25% dos alunos
questionados não atingiram clareza ao responder.
Ainda com base no questionário aplicado, quando os alunos foram indagados sobre o
nível de dificuldade enfrentado para a construção dos jogos foi possível perceber
que 45,83% tiveram facilidade ao executá-lo e 50% afirmaram ter dificuldade.
Contudo 95,83% gostaram bastante de elaborar o jogo, visto que, apenas 4,16%
afirmaram não gostar da atividade. Quando indagados sobre os jogos produzidos
pelos colegas 95,83% dos entrevistados afirmaram gostar das produções e 4,16%
disseram não gostar. Segundo FERREIRA et al 2012. a aplicação de jogos possui um
grau de aceitação favorável por parte dos estudantes, o que torna uma
aprendizagem mais sólida sobre o tema, fortalecendo assim, a aprendizagem dos
conteúdos. Com base nesses resultados é possível perceber que atividade agradou a
maioria dos alunos mesmo apresentando caráter desafiador. Isso acontece segundo
HUIZINGA, p.12, 2008 porque “O jogo lança sobre nós um feitiço: é fascinante,
cativante. Está cheio das duas qualidades mais nobres que somos capazes de ver
nas coisas: o ritmo e a harmonia.
No momento em que os alunos precisaram responder sobre a relação dos jogos com as
propriedades periódicas, cerca de 70% dos alunos afirmaram que conseguiram
estabelecer as relações e aprender com os jogos, 15,0% não obtiveram resultados
tão bons e os outros 15,0% afirmaram que não alcançaram todas as relações
necessárias. Contudo 100% dos alunos responderam que o jogo influenciou de
maneira positiva no entendimento do assunto o que possibilitou um bom desempenho
na prova. “Os jogos dessa forma constituem em uma ferramenta útil tanto na
motivação quanto no aprendizado,” (ROCHA et al, p.17. 2011) dinamizando o
processo de aprendizagem e despertando o interesse do aluno, visto que, as
atividades lúdicas proporcionam prazer ao serem realizadas.
Conclusões
A partir dos resultados e das pesquisas mencionadas acima, conclui-se, portanto que o desenvolvimento dos jogos, possui cunho social e desenvolve o espirito competitivo, esse tipo de abordagem na educação pode ser considerado com um método eficaz na formação educacional de crianças e adolescentes. Vale ressaltar que esses jogos ajudam também na construção do aluno como cidadão, pois a elaboração dos jogos trabalhou a coletividade e destinou aos alunos a responsabilidade de resolver problemas, aplicar o conhecimento que possuíam, o relacionando a criação de uma ferramenta que seriam utilizada por eles e pelos colegas de turma. A pratica auxiliou os alunos no lidar com as diferenças, dificuldades, erros e acertos dos colegas e, ao mesmo tempo, apreender sobre a matéria química o que tornou a aprendizagem mais dinâmica e prazerosa. Permitindo-nos concluir que: Há várias maneiras de ter um rendimento educacional bom, basta procurar e se aventurar pela criatividade.
Agradecimentos
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
TOLEDO, P; ALBUQUERQUE, R; MAGALHÂES, À. O Comportamento da Geração Z e a Influencia na Atitudes dos Professores. In: Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, 9., Resende: AEDB-Assessoria de Comunicação. 2012
CUNHA, B, M. Jogos no Ensino de Química: Considerações Teóricas para sua utilização em sala de Aula. Revista Química nova na escol. Vol. 34, N° 2, Maio, 2012. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc34_2/07-PE-53-11.pdf acesso em: 10/05/2018
CASTRO, F, D; TReDEZINI, M, A. A Importância do jogo/lúdico no processo de ensino-aprendizagem. Revista Perquirere. Vol. 11, Nº (1) jul. 2014 acesso em: 08/05/2018.
FERREIRA, A, E. et al. Aplicação de jogos lúdicos para o ensino de química: auxílio nas aulas sobre tabela periódica. Encontro Nacional de Educação, Ciência e Tecnologia. Vol. 1, Nº 1, 2012. Disponível em: https://editorarealize.com.br/revistas/enect/trabalhos/Comunicacao_177.pdf acesso em: 08/05/2018.
HUIZINGA, J. Homo Ludens. São Paulo: Perspectiva, 2008
VYGOTSKY, L.S. (1984). A formaçao Social da mente. Sao Paulo: Martins Cortez.
ROCHA, F, M; LIMA, C,I; VICTOR, C, M; SANTANA, S, I; SILVA, P, L. Formação de Professores: Interação Universidade – Escola no PIBID/UFRN ( JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA). NATAL : EDUFRN, 2011