Autores

Gomes Lopes Pinheiro, A. (IFRO) ; Fernandes Estok, A. (IFRO)

Resumo

Teoria e prática são duas vertentes que estão interligadas no processo de ensino aprendizagem, e contribuem de forma significativa no ensino de ciências, principalmente quando voltadas para a compreensão de conceitos básicos de química. Experimentos em sala de aula constituem um dos principais aspectos para a aprendizagem significativa, contudo, existe uma defasagem de laboratórios adequados, com reagentes, equipamentos e vidrarias para serem utilizados nas aulas experimentais em escolas públicas brasileiras. A intenção deste trabalho, foi desenvolver um laboratório móvel para realizar aulas práticas simples, apenas com materiais alternativos de baixo custo, direcionadas aos conteúdos de química do 9º ano do Ensino Fundamental II, no Município de Cacoal/RO.

Palavras chaves

Ensino de Química; Laboratório Móvel; Materiais alternativos

Introdução

Segundo Freire (2005), para compreender a teoria é preciso experienciá-la: Na Ciência\Química não seria diferente, a experimentação é algo imprescindível. O ensino de química deve proporcionar aos alunos a oportunidade de desenvolver capacidades que neles despertem a curiosidade diante do desconhecido, buscando explicações lógicas e coerentes. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Fundamental (PCNs), o papel das Ciências Naturais é o de colaborar para a compreensão do mundo e suas transformações, situando o homem como indivíduo participativo e parte integrante do Universo (BRASIL, 1997). A experimentação durante as aulas de Ciências/Química pode ser vista como desencadeadora do processo de aprendizagem, contudo existe uma enorme resistência por parte dos professores da Educação Básica de adotarem esta metodologia, pois esbarram, dentre outros motivos, com a falta de laboratórios. Dados levantados em 2016 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, as escolas públicas brasileiras apresentam defasagem de laboratórios adequados com reagentes e vidrarias para serem utilizados nas aulas experimentais de Ciências (INEP, 2017). Uma prática que tem mostrado resultados para minimizar a necessidade de laboratórios para realização de experimentos, é a utilização da experimentação alternativa para o Ensino de Ciências, principalmente na área de Química (SILVA, CLEMENTE e PIRES, 2015). Diante desta situação a intenção deste trabalho foi desenvolver um laboratório móvel com práticas simples, utilizando materiais alternativos, ou seja, de baixo custo, para auxiliar na realização de aulas experimentais no ensino de Ciências no 9º ano do Ensino Fundamental.

Material e métodos

O trabalho foi desenvolvido no município de Cacoal/RO, em duas escolas públicas que atendem ao Ensino Fundamental II, sendo denominadas neste trabalho: Escola A e Escola B. Usou-se a técnica de coleta de dados, Observação Direta Intensiva, para conseguir informações e realizar um diagnóstico, examinando os fatos e fenômenos. Com a ajuda de uma serralheria, confeccionou-se um tipo de carrinho, que foi utilizado como laboratório móvel. Trata-se de um compartimento com dimensões 100 x 80 x 110 cm, com rodinhas para que o professor possa transportar de uma sala para outra sem ajuda de terceiros. Os reagentes e materiais podem ser guardados dentro deste compartimento e os experimentos podem ser realizados sobre ele, numa espécie de bancada, com bordas elevadas para evitar possíveis quedas dos materiais e reagentes. Com este laboratório móvel, pode-se demonstrar para os professores que é possível realizar aulas práticas simples dentro de sala. Durante a pesquisa, pode-se ministrar uma aula prática em cada escola, na escola “A” e na escola “B”, o conteúdo ministrado na aula experimental foi funções químicas inorgânicas: ácidos e bases. Em um laboratório convencional, seriam utilizados como reagentes: água destilada para preparo das soluções, hidróxido de sódio (NaOH), ácido clorídrico (HCl) e como indicador de ácido e base a fenolftaleína, para as vidrarias, seriam necessários, beckers, bastão de vidro, pipeta graduada, vidro relógio, pipetador, tubo de ensaio entre outros materiais. Com a adaptação dos reagentes utilizou-se sabão em pó, shampoo, detergente, refrigerante, limão, bicarbonato de sódio, vinagre e como indicador utilizou-se o suco do repolho roxo, substituindo as vidrarias, usou-se copos descartáveis transparentes, conta-gotas e colheres para misturar as soluções.

Resultado e discussão

Após a confecção do laboratório móvel e adaptação do experimento, em conjunto com a professora responsável, realizou-se a aula prática da disciplina Ciências utilizando esta ferramenta de ensino. Antes do experimento, houve uma introdução teórica sobre alguns conceitos necessários, logo após, os reagentes alternativos foram colocados em copos plásticos transparentes e em seguida adicionou-se algumas gotas do suco do repolho roxo. O repolho roxo contém antocianinas, estas sofrem, naturalmente, mudanças de cor de acordo com o pH do meio: ficam vermelhas em meio ácido, roxas em meio neutro e esverdeadas em meio básico (SCHAFRANSKI e RODRIGUES, 2017). Com a variação de coloração das amostras, formou-se uma escala de pH, pois cada cor que surgia estava relacionada com o pH da substância analisada. As amostras eram comparadas com uma escala já determinada experimentalmente que ficou exposta no quadro através da projeção de slide. A aula teve a participação efetiva dos alunos, pois ao decorrer do experimento começaram a surgir os questionamentos sobre a mudança de coloração das substâncias e sobre o conteúdo. Alguns estudantes puderam manusear os produtos, visto que os materiais não eram nocivos. Segundo Silva (2015), o experimento utilizando materiais alternativos, ou seja, materiais do cotidiano, despertam maior interesse nos estudantes, pois a curiosidade de ver uma experiência científica ser realizada com materiais encontrados em casa, aguça o interesse em relacionar o conteúdo com a realidade dos educandos. A realização desta prática, faz com que os alunos questionem os conceitos e conteúdos desenvolvendo assim o pensamento crítico sobre o tema abordado, passando a enxergar a química ao seu redor e assim relacionando os conceitos vistos em sala de aula com o dia a dia.

Conclusões

Em pesquisas realizadas, notou-se que dentre os vários obstáculos apontados para a realização de experiências químicas, está a falta de laboratórios nas escolas. O laboratório móvel de química é simples, de fácil manuseio e baixo custo, ideal para escolas que não possuem laboratório. A aplicação de recursos alternativos em sala de aula com a experimentação, ganha importância para os educadores e também para os educandos. Já que esta pode ser uma estratégia eficiente para a criação de problemas reais que permitam a contextualização, o estímulo de questionamentos e a investigação.

Agradecimentos

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – Campus Cacoal; Departamento de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação (DEPESP) – Campus Cacoal.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC, 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 43ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira -INEP. Pesquisa sobre Laboratórios de Ciências. 2017. Disponível em <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_estatisticas/2017/notas_estatisticas_censo_escolar_da_educacao_basica_2016.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2018.

SCHAFRANSKI, Kathlyn; RODRIGUES, Sabrina Ávila. Extração e estabilidade de antocianinas do repolho roxo (Brassica oleracea). Revista Espacios. v.38, n. 27, p.8, 2017. Disponível em <http://www.revistaespacios.com/a17v38n27/17382708.html> Acesso em: 09 de jun. 2018.

SILVA, Cleberson Souza; CLEMENTE. Alan Dumont; PIRES, Diego Arantes Teixeira. Uso da experimentação no ensino de química como metodologia facilitadora do processo de ensinar e aprender. Revista CTS IFG Luziânia. v. 1, n. 1, p. 1-18, 2015. Disponível em <http://cts.luziania.ifg.edu.br/index.php/CTS1/article/view/31/pdf_3> Acesso em 23 de mai. 2018.

SILVA, Garcino Reinaldo da. Experimentação no ensino de química para a educação do campo: uma proposta de experimento com o uso de recursos alternativos. 2015.57 f. Monografia (Licenciatura em Educação do Campo), Universidade de Brasília, Planaltina-DF, 2015. Disponível em < http://bdm.unb.br/handle/10483/13216> Acesso em 22 de mai. 2018.