Autores

Albuquerque, V.R.P. (UECE) ; Oliveira, M.S.C. (UECE) ; Tavares, C.D.A. (CISNE) ; Queiroz, M.P. (SEDUC)

Resumo

As novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC’s) tem conquistado seu espaço no ensino de Química, transformando aulas tradicionais, caracterizados pela memorização de fórmulas e ensino livresco, em aulas mais dinâmicas, interativas que permitem aprendizagens mais significativas. Foi desenvolvido um questionário e aplicado através de uma rede social, na qual os professores participantes da amostra fazem parte. A análise das respostas foi realizada de forma quantitativa e qualitativa. Os dados evidenciam a necessidade e a importância da formação continuada para os docentes, pois os mesmos usam ou não de forma adequada toda a gama de tecnologias disponíveis na internet, por falta de tempo ou mesmo incentivo por parte da escola que trabalha.

Palavras chaves

EDUCAÇÃO; TECNOLOGIA; APRENDIZAGEM

Introdução

A Química, perante a sua aplicação em relação as transformações da sociedade, apresenta significantes adaptações aos pensamentos e cultura da humanidade. Os conhecimentos que advêm desta ciência têm ênfase importante na educação pois através dela podemos perceber o mundo que nos rodeia, compreendendo a composição e propriedades de diversos materiais, assim como a conjectura envolvida por traz de sua produção e manipulação. Um dos grandes desafios para o ensino de Química é se desprender do tradicionalismo de aulas onde se predomina à matematização dos fenômenos e à memorização dos conceitos científicos, fazendo do aluno um agente passivo das informações transmitidas pelo professor. Nesse sentido, os conhecimentos prévios que os estudantes construíram ao longo de sua vida são desvalorizados, não se relacionando com o que é visto em sala, por conta disso, a aprendizagem para eles não é significativa (LEITE et. al, 2015). Cabe então ao professor de Química procurar métodos distintos para que os educandos compreendam o significado e a importância dos conceitos químicos bem como seus reflexos sobre a qualidade de vida da sociedade e sobre o equilíbrio dos ambientes da terra. Na vivência escolar é comum ver os alunos do Ensino Médio relatarem sobre suas dificuldades em aprender Química, o que acaba refletindo em baixos índices nas avaliações realizadas na própria escola e nas externas realizadas por programas do Ministério da Educação (MEC). Estudos apontam diversos fatores que causam o insucesso escolar na disciplina de Química. Dentre elas citam-se: metodologias centradas apenas no quadro branco e livro didático, cálculos matemáticos, pouca interpretação decorrente da falta de leitura, currículo extenso, conteúdos desvinculados do cotidiano do aluno, incompreensão dos motivos pelos quais se estuda Química e pouca ou nenhuma aula prática. O aluno constrói o conhecimento a partir de situações que lhe permitam refletir, conceituar os conteúdos e assim compreendê-los. Porém os conteúdos da Química demandam descobrir e explicar fenômenos e conceitos abstratos o que dificulta a compreensão dos estudantes (BRASIL, 2000, 2002). Nesse contexto, faz-se necessário que o professor de Química inclua em sua metodologia propostas adequadas para a realização de aulas contextualizadas, articulando teoria e prática com fatos cotidianos de seu aluno, ao mesmo tempo que identifica suas dificuldades a fim de orienta-los a novas situações motivadoras com significativa aprendizagem valorizando seus conhecimentos prévios. Sabe-se que o planejamento das atividades pedagógicas é um processo complexo, na qual o educador desempenha papel importante como mediador do processo de ensino-aprendizagem de seus alunos, e para isso necessita investigar meios que o tornem capaz de despertar o interesse desses estudantes, favorecendo o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas. Embora a dinâmica do contexto e do cotidiano escolar nem sempre auxilie o acompanhamento rigoroso e constante do planejamento, tal ação, indiscutivelmente, estabelece e sistematiza o trabalho do professor, evitando a improvisação. Assim, é possível que o professor reflita sobre sua realidade a fim de propor uma intervenção eficaz com relação ao aprendizado dos alunos, evitando a monotonia, a rotina e o desinteresse no processo de ensino-aprendizagem (DIAZ, 2011). De acordo com Goméz (2015) as novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC’s) tem conquistado seu espaço no ensino de Química, transformando aulas tradicionais, caracterizados pela memorização de fórmulas e ensino livresco, em aulas mais dinâmicas, interativas que permitem aprendizagens mais significativas. Dentre os recursos que as tecnologias oferecem ao ensino, os objetos de aprendizagem têm se mostrado uma alternativa viável a compreensão de conceitos químicos, visto que podem apresentar-se em diversos formatos, como imagem, áudio, vídeo, animação, simulação, software educacional e hipertexto e ainda serem utilizados várias vezes, com diferentes cenários e objetivos educativos, garantindo maior de abstração dos conteúdos. Além disso, para implementa-los basta apenas um computador e, em alguns casos, conexão com a internet, diminuindo gastos com aquisição e manutenção. Pretende-se neste trabalho realizar um levantamento bibliográfico de análise que esclareça em detalhes o que é são objetos de aprendizagens, suas principais características, onde são localizados, quais são materiais disponíveis na área da Química e que abordagens podem ser feitas em sala de aula. Este trabalho teve como objetivo: Avaliar a utilização de objetos de aprendizagem, na perspectiva da teoria da aprendizagem significativa, podem proporcionar a construção de conceitos de alunos do Ensino Médio, através de práticas pedagógicas diferenciadas, no intuito de ampliar a reflexão crítica sobre o uso das tecnologias digitais educativas.

Material e métodos

As escolas onde os professores participantes trabalham são pertencentes a rede pública estadual de Ensino Médio, vinculadas a 1ª Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Escola (CREDE 01), localizadas no município de Maracanaú no estado do Ceará, em áreas de nível social econômico médio. A investigação foi desenvolvida e implementada nos meses de abril e maio de 2016, tendo trinta (30) professores de Química do Ensino Médio relatando como os recursos utilizados para ministrar o conteúdo de Funções Inorgânicas. A primeira escola participante oferece o ensino regular integrado ao ensino técnico, contando com os cursos de Informática, Finanças, Produção de Moda e Enfermagem. Possui 10 salas, Multimeios, Laboratório de Ciências, Laboratório de Informática, Laboratório de Hardware e Laboratório de Software. A segunda escola oferece o ensino médio regular, funcionando com nove (09) salas, sendo um total de 20 turmas distribuídas nos turnos matutino, vespertino e noturno, contando ainda com laboratório de Ciências, Laboratório de Informática e Multimeios. Os dois professores conheciam alguns Objetos de Aprendizagem, inclusive já haviam utilizado alguns como recurso expositivo durante as aulas, porém não possuíam conhecimentos aprofundados sobre a proposta e teorias didáticas envolvidas na construção e aplicação dos mesmos. Ambos foram bastante receptivos à discussão do trabalho desenvolvido, demonstrando interesse em participar ativamente da pesquisa em questão. O questionário desenvolvido nesse estudo foi aplicado através de uma rede social, na qual os professores fazem parte, durante o mês de abril do ano de 2016, a análise das respostas dadas ao questionário foi realizada de forma quantitativa e qualitativa. Os assuntos propostos para a elaboração das questões dessa pesquisa foram definidos considerando os argumentos teóricos encontrados nos trabalhos de Leite (2015) e Silva (2015). Sendo assim, para facilitar a análise dos dados, o questionário foi dividido em cinco categorias, são elas: a) Caracterização dos professores de Química; b) Formação para uso das TICs; c) Organização da escola para uso das TIC’s; d) Métodos de ensino; e) Utilização das TIC’s em sala de aula. Procurou-se agrupar as análises para serem apresentadas em formas de gráficos e transcreveu-se as respostas de alguns professores apresentados em quadros para ilustras as discussões e resultados obtidos nessa pesquisa. Na primeira parte do questionário, procedeu-se à caracterização dos docentes. Dos trinta (30) professores de Química do Ensino Médio que se dispuseram a participar compondo a amostra da pesquisa. E na segunda etapa então foi aplicado o questionário acima descrito.

Resultado e discussão

Com relação ao ano em que concluirão suas graduações, um professor se graduou no período entre 1980 e 1989, quatro professores se graduaram no período compreendido entre 1990 e 1999, oito no período entre 2000 e 2009 e dezessete no período compreendido entre 2010 e 2015. No que diz respeito ao tempo de atuação no magistério, sete (07) possuíam de um a cinco anos, doze (12) de seis a dez anos e onze (11) possuíam atuação acima de dez anos. Observou-se uma grande quantidade de formandos durante o período compreendido entre 2000 e 2015. Pode-se perceber, também, pela análise das respostas que a maioria dos professores atuam há um tempo considerável no magistério, logo, possuem ampla experiência profissional na educação básica. Estes resultados são importantes e merecem uma reflexão, pois a formação inicial é o ponto de partida no qual o professor adquiri conhecimentos que qualificarão sua atuação profissional. No entanto, é a formação continuada que possibilita ao professor confrontar-se com as novas demandas educacionais e os desafios diários em sala de aula, tendo como finalidade a constituição de novas conjecturas para a prática educativa. Essa perspectiva os torna responsáveis por sua atualização profissional e pela constante reflexão sobre sua prática, visto que há uma dinamicidade na evolução dos conhecimentos científicos e nas transformações que ocorrem na sociedade, sobretudo no que diz respeito as tecnologias. As instituições formadoras de igual forma também têm sua responsabilidade com relação ao constante preparo desses profissionais, incentivando e criando projetos que instigue os professores a desenvolver o seu profissionalismo com qualidade tanto para seus pares como pela sociedade. (BEZERRA e SANTOS, 2015; LEITE et all, 2015). Essa conjuntura nos leva até a segunda parte dessa pesquisa, que abordou o tema formação para uso das TIC’s através do seguinte questionamento aos docentes: “Em sua formação inicial você teve alguma disciplina sobre Tecnologias Educativas ou participou de discussões sobre a utilização das novas tecnologias na Educação, (Gráfico 01). Observando a fala de alguns dos professores percebe-se que a maioria das escolas possuem Laboratórios de Informática com internet, notebooks e projetores e até entendem a necessidade de utilização das tecnologias educativas, porém muitos encontram-se sem condições de uso por serem obsoletos ou por estarem carentes de manutenção ou por não atenderem a demanda da quantidade de alunos por sala, alguns professores têm de recorrer ao seu material pessoal para dar suporte as suas aulas. E mesmo aquelas que dispõe de todos os aparatos tecnológicos com internet ainda encontram desafios. Como citado em alguns relatos, a internet disponível apresenta problemas constantes na conexão, ou o WiFi não abrange a escola por completo, inviabilizando a utilização das mesmas em todas as salas de aula, há poucos ou nenhum profissional capacitado para auxiliar os professores a manusear esses recursos, em muitos casos os professores têm de preparar por conta própria o material que irá utilizar. Além disso, constatou-se ainda outros fatores como: a burocracia para ter acesso aos recursos, currículo extenso e a falta de tempo e incentivo à formação continuada dentro da jornada de trabalho. Investigados os métodos de ensino mais utilizados (4ª. categoria) pelos professores em suas aulas de Química. Sendo assim, seguiu-se com a seguinte pergunta: “Quais os principais métodos e recursos didáticos usados por você no planejamento de suas aulas? “ A pergunta proporcionou a citação de mais de um método e recurso, os quais foram organizados em seis grupos. De acordo com as respostas todos os professores disseram utilizar aulas expositivas para ministrar suas aulas, 15 professores utilizam os livros didáticos, 8 professores utilizam textos e artigos, 17 dizem utilizar experimentos, 6 utilizam jogos educativos e apenas 8 dizem utilizar as tecnologias educativas. É válido ressaltar que estão incluídos dentro do grupo de tecnologias educativas, as animações/simuladores, vídeos e jogos digitais educativos. Como aponta a pesquisa os recursos mais utilizados são aulas expositivas, livros didáticos e experiências. Na última categoria, foi realizado o seguinte questionamento: “Você utiliza as tecnologias para ministrar suas aulas? Se sim, descreva dois contextos em que você as utiliza e a frequência em que eles ocorrem. ” Há três aspectos que foram levados em conta nesse questionamento, o primeiro diz respeito a utilização ou não das tecnologias, o segundo a frequência com que elas são utilizadas e por último como são utilizadas em sala de aula. Com relação aos dois primeiros aspectos as respostas foram incluídas dentro de três grupos para facilitar a análise dos dados. Sobre a frequência e utilização das tecnologias nas aulas de Química, 60% afirmam que utilizam com frequência, 23% afirmam que utilizam, mas com pouca frequência e 17% não utilizam as tecnologias para ministrar suas aulas. Observa-se dados positivos com relação a utilização dos recursos tecnológicos, isso demonstra que os professores, aos poucos, estão começando a refletir sobre a necessidade de incorporar esses métodos em seu planejamento (Gráfico 02). Outro aspecto contemplado por essa questão se ateve a forma como essas tecnologias têm sido incorporadas nos planos de ensino desses professores. O professor P02 relata que utilizava o projeto em suas aulas, porém percebeu que os alunos dormiam. Isso nos leva a reflexão de que apesar de estar sendo utilizada a tecnologia aquela abordagem não chamou a atenção dos alunos, ou seja, os mesmos não tiveram predisposição em aprender. Um dos principais objetivos de se utilizar o computador e a internet, entre outras tecnologias na educação, é modificar os processos educativos em prol de uma aprendizagem dinâmica, autônoma e crítica. No entanto, o que se percebe é que no cotidiano escolar a maioria das metodologias empregam o computador para realizar pesquisas e expor as aulas em forma de slides. É óbvio que uma pesquisa bem elaborada e uma apresentação de slides, que agrega recursos audiovisuais, proporciona um fator positivo no aprendizado, porém “usar o equipamento como instrumento de apoio não faz a integração na educação, é preciso ir mais além, é preciso abrir espaço para que o aluno possa interagir com ela, criar, construir, fazer parte do processo. ” (SILVA, 2013, p.126) Sobre as Escolas analisadas houve destaque para abordagem sobre a organização da escola perante as tecnologias, perguntou-se: “A escola em que você trabalha oferece condições para que as tecnologias sejam atreladas ao conteúdo da Química?“ Verificou-se com base nas respostas dos professores que 34% das escolas, da qual os mesmos fazem parte, oferecem recursos tecnológicos que auxiliam o ensino da Química, 23% oferecem, porém não atendem completamente as necessidades dos professores e 43% das escolas não dispõe adequadamente de recursos tecnológicos educativos. Observando os resultados e somando a quantidade de escolas que oferecem um uso adequado das tecnologias educativas e os que oferecem pouco, percebe-se que esse valor chega a ser superior aos das escolas que não dispõe desse material.







Conclusões

A escolha dos métodos e recursos a serem utilizados nas aulas de Química é de suma importância para dar significado aos conhecimentos científicos colocados à disposição dos alunos. É através dos recursos, das técnicas, das estratégias e do planejamento bem estruturado que o professor cria condições favoráveis a aprendizagem buscando contemplar e conhecer cada aluno, suas especificidades, interesses e dificuldades. Não basta a escola adquirir recursos tecnológicos e montar seus laboratórios de informática, porque só isso não garante a inclusão digital do sujeito. A escola como espaço de comunicação tem na tecnologia o meio para essa comunicação ser difundida, ela possibilita a interação com outros mundos, outros pensamentos, outros pontos de vista, sendo assim, ela não pode mais ignorar a presença das mídias no planejamento educacional. Os computadores são um poderoso aliado do professor, que pode usá-los para que os alunos aproveitem os equipamentos e suas possibilidades para se conectar com o mundo e descobrir as próprias potencialidades. Mas tudo isso só é possível quando há planejamento tanto na rede de ensino quanto dentro de cada escola. Incluir a tecnologia no projeto pedagógico é a única forma de garantir que as máquinas se tornem, de fato, ferramentas a serviço da aprendizagem dos conteúdos curriculares – e não um fim em si mesma.

Agradecimentos

Referências

BEZERRA, Ada Augusta Celestino; SANTOS, Isabel Santana. FORMAÇÃO INICIAL E A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. Encontro Internacional de Formação de Professores e Fórum Permanente de Inovação Educacional, v. 8, n. 1, 2015.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais + (PCN+) - Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Brasília: MEC, 2002.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Brasília: MEC, 2000.
DIAZ, Félix. O processo de aprendizagem e seus transtornos. Salvador: EDUFBA, p.396, 2011.
LEITE, Joici De Carvalho; RODRIGUES, Maria Aparecida; JÚNIOR, Carlos Alberto de Oliveira Magalhães. Ensino por investigação na visão de professores de Ciências em um contexto de formação continuada. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, v. 8, 2015.
SILVA, Sannya Jussara Vieira da. Diagnóstico dos métodos de avaliação utilizados por professores de Química em escolas do município de Queimadas-PB. 2015.
http://lucieneamaraldasilva.blogspot.com/ https://docplayer.com.br/7169178-O-uso-pedagogico-de-midias-na-escola-praticas-inovadoras.html