Autores
Balduino, L.S.S. (IFCE CAMPUS LIMOEIRO DO NORTE) ; Sousa, G.K. (IFCE CAMPUS LIMOEIRO DO NORTE) ; Costa, M.S. (IFCE CAMPUS LIMOEIRO DO NORTE) ; Silva, I.P.M. (IFCE CAMPUS LIMOEIRO DO NORTE) ; Braga, R.C. (IFCE CAMPUS LIMOEIRO DO NORTE)
Resumo
Muitas vezes se pensa que a inclusão é inserir a pessoa com acessibilidade dificultada ao sistema de ensino, mas na verdade a inclusão deve ser feita através do ajuste dos sistemas de ensino para satisfazer as necessidades de todos os estudantes. O presente trabalho teve como objetivo realizar aulas práticas de Química adaptadas em LIBRAS, beneficiando alunos de escolas no ensino médio, possibilitando uma possível melhoria na compreensão da matéria que serve como base para muitas carreiras das áreas tecnológicas. Estudantes surdos muitas vezes não encontram prazer no ensino ou práticas de química por encontrarem professores despreparados e práticas com linguagem inadequadas, portanto a preparação de práticas de química adaptadas a LIBRAS é essencial para despertar o seu interesse.
Palavras chaves
Ensino; Práticas; Química
Introdução
A inclusão social de pessoas com deficiência é ainda vista de maneira um pouco inadequada. Muitas vezes se pensa que a inclusão é inserir a pessoa com acessibilidade dificultada ao sistema de ensino, mas na verdade a inclusão deve ser feita através do ajuste dos sistemas de ensino para satisfazer as necessidades de todos os estudantes (SIQUEIRA; SANTANA, 2010). A questão da educação das pessoas surdas é um tema atual e preocupante. Pesquisas que acompanham os sujeitos surdos em seu desempenho escolar, no Brasil e em outras partes do mundo, mostram que após anos de escolarização estes apresentam uma competência para aspectos acadêmicos muito aquém do desempenho de alunos ouvintes, apesar de suas capacidades cognitivas iniciais serem semelhantes. Tais dados apontam para uma inadequação do sistema de ensino e a urgência de estudos e medidas que favoreçam o desenvolvimento pleno destas pessoas (LACERDA, 2007). Um estudo realizado por Lindino e colaboradores (2009) indica que, a maioria dos estudantes surdos consideram a química uma disciplina difícil por tratar conceitos abstratos relacionados ao mundo dos átomos e moléculas (LINDINO et al, 2009) Muitas vezes os estudantes procuram carreiras onde as metodologias de ensino não necessitam de muitas adaptações para atender suas necessidades. É imprescindível que se estabeleça comunicação entre todas as partes para que a formação do conhecimento seja assegurada. As disciplinas de química são bases para muitas careiras das áreas tecnológicas. É de fundamental importância que o ensino de Química seja relevante ao estudante, isto é, que possa ser relacionado com o seu dia-a- dia, como assuntos que afetam a sua vida e a sociedade em que ele se insere (CHASSOT, 1999). O emprego de atividades lúdicas relacionadas ao conteúdo da disciplina de química aprimora o processo ensino-aprendizagem proporcionando ao aluno uma melhor compreensão dos conhecimentos adquiridos durante a aula. Ela muitas vezes tem seus conteúdos demonstrados em aula práticas que facilitam a compreensão de seus assuntos. A compreensão da química amplia as possibilidades de inserção em cursos superiores de ensino e da melhoria da qualidade profissional do indivíduo (SOARES, 2008). Estudantes com deficiência auditiva muitas vezes não encontram prazer no ensino ou práticas de química por encontrarem professores despreparados e práticas com linguagem inadequadas, portanto a preparação de práticas de química adaptadas a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) são ferramentas essenciais para despertar o interesse na química e aumentar suas possibilidades profissionais. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo principal elaborar e realizar práticas de química adaptadas em LIBRAS. Além de promover educação de química inclusiva voltada para público com acessibilidade dificultada, e estabelecer novos métodos didáticos para tornar as aulas acessíveis a todos.
Material e métodos
Foi contatada a associação de surdos de Limoeiro do Norte, Associação de Deficientes e escolas relacionadas a pessoas com AD auditivos em Limoeiro do Norte e em uma Morada Nova, no Ceará. Depois deste contato, foi conversado com professores que tem contato diário com pessoas com necessidades especiais e a partir destes dados preliminares foram elaborados formulários para conhecer as faixas etárias, condição social, nível educacional do público alvo principal. De acordo com as informações obtidas da pesquisa realizada foram preparadas práticas relacionadas a conteúdos vistos nas escolas de ensino médio dos ADs auditivos. Depois de selecionadas as práticas, foram feitas as adaptações direcionadas para alunos surdos. Preparou-se toda a parte da prática em Libras para facilitar a compreensão, sendo feitas pesquisas em materiais complementares. Alguns ensaios prévios foram realizados para a criação ou reformulações de sinais. Após as práticas realizaram-se questionários de conhecimento para verificar o aprendizado do tema trabalhando e a importância com o público alvo. As práticas foram feitas em sua maioria com turmas de surdos, mas alguns testes foram feitos com turmas mistas para observar se houve melhora na comunicação ouvinte – surdo.
Resultado e discussão
Depois de pesquisas feitas em escolas de ensino médio da rede pública de
Limoeiro do Norte e Morada Nova, foram obtidos os seguintes dados presentes
na Tabela 1. Em seguida, a proposta das práticas foi feita às escolas, e
através dos professores de química foi possível saber o conteúdo visto pelos
alunos, ambos do segundo ano do ensino médio, que era tabela periódica e
reações químicas. Partindo desse princípio, houve bastante dificuldade em
relação às pesquisas de sinais em LIBRAS específicos para a química,
referentes às vidrarias, reações e elementos químicos. Inicialmente, foi
realizada a prática “Conhecendo as vidrarias de laboratório” para melhor
familiarizar os alunos com o ambiente, em seguida realizou-se prática
referente a algumas reações químicas e sobre tabela periódica. As aulas
práticas foram adaptadas a LIBRAS através de roteiros de fácil entendimento
para os alunos, bem resumidos e com a escrita do português do jeito que os
surdos usam em sua linguagem, com verbos no infinitivo e sem uso de muitas
preposições, afim de facilitar a leitura e entendimento, além da ajuda da
intérprete do campus que forneceu algumas dicas. Após a realização das
aulas houve aplicação de um questionário aos alunos, professores e
intérpretes das escolas, onde observou--se os principais desafios entre eles
com relação ao conteúdo abordado na química e a comunicação entre eles na
sala de aula. Os professores se viam impossibilitados de passar o conteúdo
em sala de aula aos alunos surdos sem a presença do intérprete, pois não
obtiveram nenhuma preparação para tal atividade. Em contrapartida, os
intérpretes procuram sempre estudar o conteúdo abordado antes de repassa-los
na aula. De modo geral, percebeu-se que a maior dificuldade encontrada pelos
alunos surdos em aula é em relação à expressões e contas. Os alunos
conseguiram acompanhar bem as práticas, tendo em vista que sentiram maior
dificuldade em relação aos elementos químicos da tabela periódica, mas no
geral afirmaram relacionar a química ao seu dia-a-dia e a importância desta
ciência, tornando assim as práticas uma atividade essencial para a
compreensão da disciplina.
Dados obtidos através de pesquisa feita em relação à quantidade de alunos aptos a participar do projeto.
Conclusões
Os alunos demonstraram entendimento e interesse na realização das aulas práticas. Compreenderam facilmente a linguagem de todos os roteiros, não conheciam alguns sinais específicos para a química, como por exemplo, alguns elementos químicos da tabela periódica que foi dado em uma das aulas, mas aprenderam conforme execução. Através dos questionários foi possível perceber que apesar das dificuldades encontradas na sala de aula, os alunos surdos, professor e intérprete conseguem se comunicar, tendo em vista que a presença do intérprete é de suma importância, pois os professores não se viam capazes de repassar o conteúdo para os alunos surdos sem ajuda do intérprete. As práticas adaptadas foram de fundamental importância para que os alunos conseguissem assimilar ao conteúdo visto em sala de aula.
Agradecimentos
Ao Instituto Federal do Ceará campus Limoeiro do Norte, por todo apoio dado para a realização do projeto. À professora e orientadora Renata Chastinet, e às escolas, a
Referências
CHASSOT, A.I. A educação no ensino de química. Ijuí: Editora da Unijuí, 1999.
LACERDA, C. B. F. O que Dizem/Sentem Alunos Participantes de uma Experiência de Inclusão Escolar com Aluno Surdo Rev. Bras. Ed. Esp., v.13, n.2, 2007.
LINDINO, T. C.; LINDINO, A. C.; Steinbach, G. M.; OLIVEIRA, R. C. Química