Autores

Lima Silva, R. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Silva Vieira, R. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Brasil, T.M. (UEA) ; Amazonas da Rocha, J. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Bentes Soares, D. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Oliveira das Chagas, H. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Silva de Oliveira dos Santos, R. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Prestes, O.K. (SEDUC-AM) ; Assis Junior, P.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Eleutério, C.M.S. (UEA)

Resumo

Esta experiência tinha o intuito de estimular a curiosidade dos acadêmicos do curso de química envolvidos no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e dos alunos do Ensino Médio a partir de atividades práticas. Foram produzidos sabonetes utilizando o óleo de inajá (Maximiliana Maripa) para evidenciar as características, propriedades dos lipídeos e reação de saponificação. Envolveram-se na experiência 2 professores de Química e 8 pibidianos. Os frutos de inajá foram coletados e encaminhados para ao Laboratório de Química do Centro de Estudos Superiores de Parintins (CESP) para extração do óleo e posteriormente a confecção dos sabonetes. Os resultados foram satisfatórios e a experiência se configurou uma excelente estratégia didática para ensinar química na Amazônia.

Palavras chaves

Sabonetes artesanais; Óleo de Inajá; PIBID

Introdução

O inajá (Maximiliana maripa) é uma palmeira oleaginosa encontrada na Amazônia brasileira e em países vizinhos, com maior incidência no estado do Pará e no estuário do Rio Amazonas, chegando até o Maranhão (CAVALCANTE, 1991, apud BEZERRA, 2011). De acordo com Shanley et al. (2010) citado por Pereira et al. (2013) esta palmeira pode ser totalmente aproveitada: o palmito utilizado na alimentação de animais; a amêndoa (60% de óleo) e a polpa do fruto podem servir como matéria-prima para indústria de cosméticos, saboarias “sabão vegetal” e industrias alimentícias. A polpa pode ser consumida in natura, cozida ou em forma de vinhos produzidos pelo processo fermentação. O óleo de inajá apresenta uma composição variada de ácidos graxos essenciais que se destacam por sua relevância de caráter nutricional (MIRANDA et al., 2001; BEZERRA, 2011). Os estudos desenvolvidos por esses autores fundamentaram a prática experimental “produção de sabonetes artesanais utilizando o óleo de inajá”. A experiência foi desenvolvida em uma escola campo de iniciação à docência, localizada no município de Parintins-AM, com o intuito de motivar e estimular a curiosidade de pibidianos, professores e alunos do Ensino Médio. Foram confeccionados sabonetes utilizando o óleo de inajá para evidenciar as características e propriedades dos lipídeos. As sementes de inajá foram coletadas e encaminhadas para ao Laboratório de Química do Centro de Estudos Superiores de Parintins (CESP) para extração do óleo e confecção dos sabonetes. Os resultados foram satisfatórios, pois foi possível mostrar aos alunos como ocorre a reação de saponificação e que o óleo extraído da polpa de inajá apresentou coloração levemente amarelada, gorduroso ao tato e insolúvel em água - característica fundamental dos lipídeos.

Material e métodos

O processo metodológico desta experiência consistiu em: coleta, seleção e higienização (água corrente) dos frutos de inajá (Maximiliana Maripa). Para extrair o óleo foram utilizadas 100g de polpa in natura, colocadas em um erlenmeyer com 100mL de hexano devidamente fechado e armazenado por três semanas para ocorrer a extração do óleo. Após esse procedimento o material foi filtrado e colocado em um rota-vapor para evaporação do hexano e obter o óleo que seria utilizado na produção dos sabonetes. Para confeccionar os sabonetes foram utilizados essência de priprioca (Cyperus articulatus); base glicerinada; corante alaranjado; álcool de cereais; lauril anfótero; óleo de inajá, formas de silicone; fogão; panela esmaltado e espátula de silicone. A base glicerinada foi picada e derretida em banho-maria em fogo baixo e homogeneizada com uma espátula. Aos poucos foram adicionados 2 mL de essência de priprioca (Cyperus articulatus); 20 mL de lauril e 50 mL de óleo de inajá. A mistura depois de derretida ficou por alguns minutos para resfriar e em seguida foi despejada em formas de silicone. Para retirar as bolhas de ar os sabonetes foram borrifados com álcool de cereais, retirados das formas e embalados em papel filme. Nas aulas de Química os pibidianos utilizaram os sabonetes para falar sobre as características e propriedades dos lipídeos tomando como exemplo o óleo de inajá (Maximiliana Maripa) assim como, mostraram aos alunos como ocorreu a reação de saponificação.

Resultado e discussão

Esta experiência comprovou que é possível motivar e estimular a curiosidade dos acadêmicos do curso de química envolvidos no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e dos alunos do Ensino Médio a partir de atividades práticas. Com fundamento em Gonçalves e Marques (2006) afirmamos que a motivação é sem dúvida, um elemento importante no processo ensino-aprendizagem, principalmente quando se deseja que esses sujeitos compreendam como ocorrem os fenômenos químicos e como são instituídos os processos de formação de substância e/ou produtos. Além disso, a experimentação permite o envolvimento e a participação de alunos apáticos, silenciosos e até desmotivados. O processo de confecção dos sabonetes utilizando o óleo de inajá (Maximiliana Maripa) serviu para evidenciar as características e propriedades dos lipídeos – conteúdo de química abordado no 3º ano do Ensino Médio (Proposta Curricular - SEDUC-AM) (Figura1). Foram veiculadas nas aulas de químicas informações a respeito dos constituintes presentes no óleo de inajá tomando como referência o estudo desenvolvido por Damasceno, et al. (2009) que mostra a presença de ácidos graxos essenciais e destaca sua relevância nutricional. Em quantidades diferenciadas, podem se encontrados no óleo de inajá ácidos conhecidos como ômegas 3 (ácido linolênico – 4,3%), 6 (ácido linoleico – 8,3%) e 9 (ácido oleico – 53,9% ). O óleo extraído aparentou coloração levemente amarelada, era gorduroso e não se misturava com água – características importantes dos lipídeos. Com esta atividade foi possível também destacar a ocorrência da reação de saponificação. Esta atividade mostrou que os conteúdos da química podem se apresentar sem muita complexidade possibilitando uma aprendizagem contextualizada e significativa.

Figura 1: Conteúdo da Proposta Curricular do Ensino Médio de Química -



Conclusões

Esta experiência mostrou a possibilidade de ensinar química utilizando materiais conhecidos pelos alunos ou que fazem parte de seu contexto. O Inajá na região do Baixo Amazonas é considerado como uma erva daninha que se prolifera em grandes pastos. Como não há indícios de aproveitamento dessa palmeira nesse contexto, os pibidianos com o intuito de motivar e estimular a aprendizagem de conceitos relacionados com a química, realizaram esta experiência que se configurou em uma excelente estratégia didática para abordar as características e propriedades dos lipídeos e reação de saponificação.

Agradecimentos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID; Professores e alunos do Centro de Estudos de Tempo Integral - CETI.

Referências

BEZERRA, V. S. O Inajá (Maximiliana maripa (Aubl.) Drude) como fonte alimentar e oleaginosa. Comunicado Técnico 129. Dezembro, Macapá, AP, 2011.
DAMASCENO, G. T.et al.. Análise do óleo da polpa do fruto do inajá (Maximiliana maripa) investigando a presença de ácidos graxos essenciais. Disponível em: <http://www.abq.org.br/cbq/2009/trabalhos/1/1-288-6413.htm>. Acesso em: 19 jun.2016.
GONÇALVES, F. P.; MARQUES, C. A. Contribuições pedagógicas e epistemológicas em textos de experimentação no ensino de química. Investigações em Ensino de Ciências, v.11, n.2, p.219-238, 2006.
MIRANDA, I. P. de A.; RABELO, A.; BUENO, C. R.; BARBOSA, E. M.; RIBEIRO, M. N. S. Frutos de palmeiras da Amazônia. Manaus: INPA, 2001. 118 p.
PEREIRA, S. A. et al. . Prospecção sobre o conhecimento de espécies amazônicas – inajá (Maximiliana maripa Aublt.) e bacaba (Oenocarpus bacaba Mart.). Revista GEINTEC. V. 3, n. 2, p.110-122, São Cristóvão-SE, 2013.