Autores

Machado, A.J. (SEDUC-AM) ; Tavares, J.S. (UEA) ; Freitas, M.G. (UEA) ; Souza, N.M. (UEA) ; Marinho, O.T. (UEA) ; Silva, R.I.B. (SEDUC-AM) ; Santos, K.P. (SEDUC-AM) ; Eleutério, C.M.S. (UEA)

Resumo

Esta experiência foi realizada na Escola Estadual Brandão de Amorim com a finalidade de atender os princípios do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID. A atividade envolveu acadêmicos de iniciação à docência, professores de química e alunos do 1º ano do Ensino Médio que produziram um extrato da polpa de cuia (Crescentia cujete L.) para ser utilizado como indicador ácido-base. As cuias utilizadas estavam em bom estado de maturação, as polpas foram removidas, trituradas e filtradas para se obter um extrato verde oliva. O extrato depois de pronto foi testado nas substâncias trazidas pelos alunos para se verificar o caráter ácido-base. A experiência possibilitou a contextualização do conteúdo programático “Funções Inorgânica” com os alunos do 1º ano do Ensino Médio.

Palavras chaves

Extrato de Cuia; Indicador ácido-base; PIBID

Introdução

Esta experiência foi desenvolvida na Escola Estadual Brandão de Amorim em parceria com os acadêmicos bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID. Este Programa tem a finalidade de proporcionar aperfeiçoamento ao professor em exercício e aos futuros professores da educação básica para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas que possam elevar a qualidade do ensino. Para que esses objetivos possam ser atendidos é necessário que a escola dê oportunidade aos professores e aos bolsistas de iniciação à docência para desenvolverem experiências didáticas que minimizem os problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9394/96 no artigo 35 item IV orienta que os conteúdos sejam ensinados visando “a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina”. Daí a necessidade de se buscar alternativas metodológicas, estratégias de ensino, recursos didáticos que desafiem os alunos a pensar, a analisar situações cotidianas, a propor explicações usando os conhecimentos da ciência. Pensando nessas possibilidades que acadêmicos de iniciação à docência e os professores de química decidiram em utilizar a polpa da Crescentia cujete L. para produzir um extrato a ser utilizado como indicador ácido-base nas aulas de química no Ensino Médio.

Material e métodos

Esta experiência foi desenvolvida na Escola Estadual Brandão de Amorim, envolveu acadêmicos de iniciação à docência, professores de química e alunos do 1º ano do Ensino Médio. A cuia (Crescentia cujete L.), espécie arbórea nativa da América tropical, ocorre em todo o nordeste brasileiro, onde foi introduzida para cultivo. Dependendo da região onde ela se encontra recebe várias denominações: cabaça, cabaceira, cuité, árvore-da-cuia. Na região Norte é conhecido como cuieira e seu fruto “cuia”, com formato arredondado ou ovoide, cor verde-claro com 15 a 30 cm de diâmetro. Sua polpa é esbranquiçada, suculenta. Quando os frutos estão maduros adquirem coloração marrom-negros e a casca se torna bem dura e resistente (COSTA et al., 2015). A Crescentia cujete L. é símbolo da cultura dos povos indígenas, ela representa os saberes tradicionais das populações que habitam na região Norte do Brasil. No Amazonas e no Pará a cuia é o utensilio usado para tomar tacacá e açaí. Para produzir o extrato foram utilizadas polpas dos frutos de Crescentia cujete L.. As polpas foram trituradas, filtradas em um crivo com malha fina e o filtrado (extrato verde oliva) acondicionado em um vidro âmbar para impedir que raios de luz modificassem as propriedades do extrato. Os testes foram realizados com produtos trazidos pelos alunos: água sanitária; creme dental; leite de magnésia; vinagre; soda cáustica e limão. Foram utilizados 6 recipientes de vidro transparente para colocar os produtos e com ajuda de um conta gota foi acrescentado o extrato. As amostras foram homogeneizadas para que os alunos pudesse observar a mudança de cor dos produtos depois de adicionado o extrato. Os resultados dos testes foram anotados, organizados e contextualizados no decorrer das aulas.

Resultado e discussão

Esta experiência possibilitou que falássemos aos alunos que os químicos do passado perceberam que as substâncias que tinham sabor azedo (os ácidos) e que quando misturadas ao suco de uva ou de amora, mudavam de cor, ficavam avermelhados. Já as substâncias de sabor adstringente, as bases, deixam o suco da uva e o da amora azulados. Além disso, as bases deixam a pele escorregadia, como se estivesse com sabão. Foi dito aos alunos que essas definições de ácidos e bases, foram fundamentadas apenas em práticas experimentais, sem envolver nenhuma teoria microscópica a respeito do assunto. O extrato de cuia também muda de cor na presença de substâncias ácidas ou básicas. Quando foram adicionadas gotas do extrato nos recipientes que continham diferentes produtos obtivemos os seguintes resultados (Figura1): O extrato de cuia nesta experiência se constituiu um indicador natural ácido-base, mas foi dito aos alunos que existem outros indicadores, como o tornassol, que podem ser extraídos de certos líquens, do repolho-roxo, da beterraba, das pétalas de rosas vermelhas, do chá-mate, das amoras, das jabuticabas, do jambolão ou das uvas. São indicadores de fácil obtenção, basta realizar a maceração, a diluição em água e a filtragem e estão prontos para serem utilizados pelo professor de química. A experiência provocou nos alunos emoções positivas em relação ao conhecimento evidenciado e contextualizado nas aulas de química.

Figura 1: Comportamento dos produtos em relçao ao extrato de cuia



Conclusões

A experiência mostrou que as aulas de químicas são mais atrativas quando o professor contextualiza aquilo que ensina, quando faz relação do que ensina com fatos ou com situações do contexto do aluno. O professor não deve mais se comportar como mero transmissor de conhecimentos, de informações descontextualizadas e fragmentadas. Na perspectiva de Almeida (2001) o professor deste século deve ser agente facilitador e mediador do conhecimento, com possibilidade de contribuir para a formação de cidadãos críticos, participativos e capazes de fazer uma leitura consciente das situações que os cercam.

Agradecimentos

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior; À Gestora e alunos da Escola Estadual Brandão de Amorim.

Referências

ALMEIDA, M. E. Educação, Projetos, Tecnologia e Conhecimento. São Paulo: Proem, 2001.
BRASIL. Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, de 23 de dezembro de 1996.
COSTA, L. F. M. et al. Avaliação dos metabólitos secundários e potencial enzimático de frutos de Crescentia cujete L. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11, n.22; 2015.