Autores
Corrêa, C.P. (IFSUDESTEMG) ; Chinelate, B.M. (IFSUDESTEMG) ; Miranda, J. (IFSUDESTEMG) ; Toledo, T.A. (IFSUDESTEMG) ; Barbosa, D.B. (IFSUDESTEMG)
Resumo
Este trabalho tem como objetivo desenvolver metodologias didáticas a partir das percepções e concepções dos alunos de modo que contribuam para um ensino integrado de química com a área de edificações. O trabalho realizou-se com duas turmas de 2º e 3º ano do ensino médio integrado em edificações do IFSUDESTEMG. Para a coleta de dados utilizou-se como instrumento dois questionários com questões abertas e fechadas. Percebeu-se que as atividades propostas estimularam a aprendizagem dos alunos,bem a integração dos conteúdos da área propedêutica com os conteúdos da área técnica, evidenciando-as como estratégia para o ensino.
Palavras chaves
Educação profissional; Ensino de Química; Aprendizagem
Introdução
Um grande desafio das escolas que ofertam o Ensino Técnico integrado é proporcionar uma educação básica ampla e de qualidade que possibilite ao aluno dar sequencia aos estudos em cursos superiores de ensino e, ao mesmo tempo garantir uma formação técnica profissional que o permita ingressar no mercado de trabalho. De acordo com o parecer CNE/CEB Nº 39/2004: “...na adoção da forma integrada, o estabelecimento de ensino não estará ofertando dois cursos à sua clientela. Trata-se de um único curso, com projeto pedagógico único, com proposta curricular única...” O problema tem sido como construir uma proposta única que tenha uma abrangência tão ampla e que simultaneamente forneça aos alunos todas as ferramentas básicas necessárias para uma formação voltada para a ciência, a tecnologia, a cultura e o trabalho. Na maioria das instituições o número de aulas oferecidas e as ementas mostram claramente que a Química é ensinada de acordo com a matriz curricular do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e não em uma proposta integrada ao curso profissional a que está inserida, exceto, claro, nos cursos técnicos em química. A crescente preocupação com o ensino de química tem propiciado o desenvolvimento de diferentes alternativas no intuito de tornar a disciplina mais atraente, lúdica e que favoreça uma aprendizagem significativa aos alunos. Porém faz-se necessário compreender melhor as expectativas e as motivações dos alunos a cerca da disciplina e o quanto ela pode contribuir também na sua formação técnica profissional além da sua formação como cidadão crítico e participativo. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo apresentar os principais resultados de uma pesquisa sobre as percepções e concepções das aulas de química no curso técnico integrado em edificações.
Material e métodos
O presente trabalho foi desenvolvido no campus Juiz de Fora do Instituto Federal do Sudeste de Minas gerais. Os alunos envolvidos na pesquisa estão matriculados nas segundas e terceiras séries do ensino técnico integrado em edificações, totalizando uma amostragem de 60 alunos. Nesta perspectiva, foram elaborados e aplicados questionários individuais (FLICK, 2009) para identificar quais conteúdos os alunos são mais e menos familiarizados e a partir da análise dos mesmos foram propostas atividades diversificadas envolvendo desde jogos até atividades experimentais abordando os conteúdos mais citados como uma maneira para afoitar uma motivação para com os alunos, uma vez que despertar o interesse dos alunos, promove a interação em sala de aula e facilita a compreensão de conteúdos (SCALCO, CORDEIRO e KIILL, 2014; GIORDAN,1999). Após as atividades foram aplicados novamente questionários a fim de identificar as percepções e concepções dos alunos sobre a química e o curso de edificações.
Resultado e discussão
No questionário aplicado inicialmente, onde se buscava saber quais conteúdos
da disciplina de Química os alunos são mais familiarizados, 40% respondeu
que compreendeu melhor o conteúdo de modelos atômicos e funções inorgânicas,
20% citaram as propriedades da matéria, 10% citaram a tabela Periódica e 30%
marcaram conteúdos diversificados, porém, todos citaram as reações químicas.
Quanto aos conteúdos que os alunos declararam serem menos familiarizados,
50% apontaram as reações químicas, balanceamento e cálculos
estequiométricos. 30% citaram a tabela periódica e 20% citaram ligações
químicas e reatividade. O que indica a divergência entre os estudantes que
responderam ao estudo.
Nesse sentido para tentar minimizar essas diferenças foram propostas as
seguintes atividades: uma aula sobre misturas, reações químicas, tabela
periódica e reatividade dos metais. Na aula sobre misturas, onde eram
dispostos vários materiais do cotidiano do aluno, inclusive os materiais
relativos à sua área técnica, tais como cimento, argila e brita foi sugerido
aos grupos tipos diferentes de misturas, na qual parte do grupo desenhava
como seria a mistura e parte preparava a mistura. Em seguida os alunos
verificavam se a representação gráfica era equivalente ao real produzido.
Nesse trabalho foi possível verificar as concepções dos alunos sobre a
natureza dos materiais. Muitos tentam fazer descrições microscópicas dos
sistemas mesmo sabendo que irão fazer comparações macroscópicas no final da
atividade.
Nos questionários finais os alunos destacaram as relações entre as duas
áreas citando a importância de conhecer a constituição do solo, a composição
do cimento, a oxidação das estruturas e concreto e poder escolher melhor os
materiais para o trabalho.
Conclusões
Pode-se aferir que os alunos ao final das atividades propostas apresentaram uma visão geral muito mais integrada em relação à química e a sua participação no curso de edificações. Além disto, contribuiu para a apropriação dos conhecimentos que inicialmente deixavam os estudantes inseguros. Dessa forma, pode-se perceber a importância de oportunizar momentos educativos, integrados entre a área propedêutica e técnica que permitem associar o conhecimento científico ao conhecimento tecnológico.
Agradecimentos
Ao DERC - IF SUDESTE MG
Referências
BRASIL, 2008 MEC. Parecer CNE/CEB nº 39/2004: disponível em: http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/parecer39_04.pdf.Acesso em: 30 de junho de 2016.
FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
GIORDAN, M. O papel da experimentação no ensino de ciências. Química Nova na Escola, n. 10, p. 43-49, 1999.
KIILL, K.B.; SILVA, B.; CORDEIRO, M. R.; . Jogo Didático Investigativo: Uma Ferramenta para o Ensino de Química Inorgânica. Química Nova na Escola, v. 37, p. 27-34, 2015.