Autores

Souza, J.S. (UERR) ; Rizzatti, I.M. (UERR) ; Santos, J.S. (UERR) ; Teles, V.L.G. (UERR) ; de Lima, R.C.P. (UERR) ; Souza, R.C.P. (UERR)

Resumo

Os solos são compostos orgânicos e inorgânicos resultantes do processo de formação; podendo desta forma evidenciar características químicas do material que o originou durante o processo de composição na formação deste solo, ainda pouco conhecido pelos estudantes. Neste sentido, foi organizada uma oficina intitulada "Pintura com tinta de solos" na XX Feira Estadual de Ciências de Roraima, para estudantes da educação básica com o intuito de despertar a sensibilização ambiental e divulgar os componentes químicos presentes no solo. Os resultados mostraram que por meio de atividade lúdica onde os estudantes coloriram desenhos diversos relacionados a realidade vivenciada no dia-a-dia pelos estudantes foi possível divulgar um pouco sobre a química dos solos e os cuidados que devemos ter.

Palavras chaves

solos; ensino de química; divulgação científica

Introdução

O conceito de solo pode variar dependendo do objetivo mais imediato de sua utilização, mas de forma geral, pode ser conceituado como um manto superficial formado por rocha desagregada e, eventualmente, cinzas vulcânicas, em mistura com matéria orgânica em decomposição, contendo ainda água e ar em proporções variáveis e organismos vivos. Outra definição apresenta os solos como uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos que ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso planeta, contém matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde ocorrem (EMBRAPA, 2006). Os processos de formação dos solos podem ser influenciados por materiais de origem como as rochas sob ação do clima (chuva, vento e temperatura), com influência do relevo e dos macro e microorganismos (animais e vegetais) e, ainda, durante um determinado período de tempo (centenas, milhares e milhões de anos), vão sofrendo transformações e diminuindo de tamanho (CAPECHE, 2010). A transformação, também chamada de intemperismo, continua até as partículas do solo alcançarem tamanhos que correspondem às frações areia, silte e argila. Os diferentes tipos de solos apresentam variadas características tornando-se diferenciáveis por possuírem aspectos regionais que modificam a forma de aproveitamento para atividades distintas sejam estas para fins de agriculturas ou para outras finalidades; é necessário identificá-los quanto aos aspectos químicos físicos e biológicos. Os sistemas de classificação de solos são essenciais para designar nomes de uma maneira ordenada (TROEH e THOMPSON, 2007). Ademais dependendo da composição, os solos exibem diferentes texturas e cores. Entretanto, pouco se fala sobre os solos nas aulas da educação básica e no curso de licenciatura em química, ficando basicamente o seu estudo direcionado para as aulas de química ambiental e mineralogia, quando presente na matriz curricular. Contudo, nos últimos anos devido ao crescimento populacional, desmatamento, impermeabilização dos solos por meio dos asfaltamentos e construções, construções de lixões sem as devidas adequações ambientais, a expansão do agronegócio, entre outros, vem prejudicando os solos e levando a problemas de poluição sérios, inclusive com a diminuição da fertilidade dos solos, e em alguns casos, levando a processos de desertificação. Neste sentido, a educação ambiental tem se mostrado fundamental na sensibilização da população quanto aos impactos ambientais negativos constatados em nosso cotidiano em relação ao solo. A sensibilização pode ser feita pelas escolas ou instituições não-governamentais por meio da realização de atividades lúdicas e educativas em sala de aula ou por meio de eventos escolares, institucionais e de confraternização, Feiras científicas escolares, ações sociais e de cidadania e em datas comemorativas (CAPECHE,2010). Objetivando despertar a sensibilização ambiental por meio de atividade lúdica foi desenvolvida uma oficina intitulada “Pintura com tinta de solos” durante a realização da XX Feira Estadual de Ciências de Roraima - FECIRR com o intuito de divulgar um pouco mais sobre os solos de Roraima, seus aspectos físico-químicos, a química envolvida nos diferentes tipos de solos e abordar a educação ambiental voltada para o cuidado com os solos.

Material e métodos

Durante a realização da XX Feira Estadual de Ciências de Roraima, foi realizada a oficina pintura com solos. Para ober as tintas inicialmente foram coletadas amostras de diferentes tipos de solo de Roraima, que apresentavam diferentes cores. As amostras foram secas em estufa e peneiradas. Após foram guardadas em frascos de vidros. Para a obtenção da tinta, mistuou-se 2 partes de solo peneirado, 2 partes de água e 1 parte de cola branca, homogeneizando bem a mistura. Aos estudantes foram entregues desenhos relacionados a realidade do estado e pincel, para que pudessem colorir os desenhos, durante a atividade alguns questionamentos eram feitos aos estudantes, como por exemplo, se sabiam que era possível pintar com os solos, qual a diferença da cor entre os solos, e quais os cuidados que devemos ter com os solos. Os resíduos gerados durante a atividade puderam ser descartados no lixo para reciclagem. Além dos estudantes da educação básica, professores e visitantes também participaram da oficina.

Resultado e discussão

A cor é considerada um dos atributos morfológicas mais importantes. Os solos podem apresentar cores variadas, tais como preto, vermelho, amarelo, acinzentado, etc. Essa variação irá depender do material de origem como também de sua posição na paisagem, conteúdo de matéria orgânica, e mineralogia, dentre outros fatores. Durante a oficina os estudantes relataram que não sabiam que diferentes substâncias químicas, entre outros fatores podiam influenciar na cor dos solos. Alguns relataram que nunca se preocuparam com estas características do solo. A oficina permitiu aos participantes o desenvolvimento de técnicas de pintura (Figuras 1), tendo como material didático os solos de cores variadas, sem custo e acessível. Ademais a atividade permitiu um maior contato com os solos possibilitando aprendizagem de algumas características dos solos como textura e cor. Após as pinturas os estudantes foram convidados a observar o processo de erosão dos solos, que foi representado por uma maquete. Desta forma foram apresentados alguns problemas relacionados a poluição dos solos, incluindo Roraima, que apresenta um solo muito frágil e com pouca fertilidade, que nos últimos anos vem sofrendo com as queimadas e agricultura intensa, além do desmatamento e impermeabilização do solo. Neste momento, foi abordado com os estudantes e visitantes a sensibilização ambiental em relação aos solos. O desenvolvimento da oficina foi considerada positiva pelos estudantes e demais visitantes. Acreditamos que superando o analfabetismo ambiental, é possível promover a educação ambiental no ensino público das escolas, bem como, com a comunidade em geral. Segundo a UNESCO (2005, p. 44), “Educação ambiental é uma disciplina bem estabelecida que enfatiza a relação dos homens com o ambiente natural, as formas de conservá-lo, preservá-lo e de administrar seus recursos adequadamente”. E é através da educação ambiental é que se chegará ao desenvolvimento sustentável, e se perceberá que é possível haver a proteção ambiental lado a lado com o Desenvolvimento. Na avaliação da oficina percebeu-se o entusiasmo dos participantes pelas falas finais como a técnica ser de fácil assimilação e aplicabilidade; ser um trabalho natural; a potencialidade de criação de novos trabalhos (artesanato); relação custo/benefício; materiais menos agressivos a natureza e à saúde dos tintores. Ademais, conseguimos alcançar o objetivo de também divulgar a química presente nos solos, muitos alunos e visitantes relataram que se tivessem estudado a tabela periódica utilizando esta técnica de pintura de solos, ficaria mais fácil visualizar os elementos químicos.

Figura 1

Pintura realizada com tinta de solo.

Conclusões

A oficina se mostrou eficiente no processo divulgação da química presente no solo, e pode contribuir com o processo de ensino e aprendizagem de química e também de ciências com as nas séries iniciais. No ensino médio, para fortalecer o ensino de química, podem ser realizadas aulas laboratoriais evidenciando a importância de compreender a química dos solos e como ela influencia e está presente no dia a dia.

Agradecimentos

Referências

CAPECHE; Claudio Lucas. Educação ambiental tendo o solo como material didático: pintura com tinta de solo e colagem de solo sobre superfícies /. — Dados eletrônicos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2010.60 p. - (Documentos / Embrapa Solos, ISSN 1517-2627; 123).
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Sistema brasileiro de classificação de solos. 2. ed. – Rio de Janeiro: EMBRAPA-SPI, 2006. 306 p.: il.
TROEH, FREDERICK R.; THOMPSON, LOUIS M. Solos e fertilidade do solo. São Paulo: Andrei, 2007. 718p.
UNESCO. Década da Educação das Nações Unidas para um Desenvolvimento Sustentável, 2005-2014: documento final do esquema internacional de implementação, Brasília, Brasil, 2005. 120 p.