Autores
Borges, D.K.G. (SEDUC AM) ; Marques, J.D. (IFAM)
Resumo
A disciplina Uso de Recursos Naturais Amazônicos no Ensino, introduz o estudante ao conhecimento do meio ambiente, de modo que seja capaz de identificar as potencialidades dos recursos naturais existentes na Amazônia, que podem ser utilizados no ensino de Ciências. A pesquisa se deu a partir de visita técnica ao Corredor Ecológico Cachoeira do Tarumã, caracterizada como espaço não formal. Observou-se os impactos ambientais ocasionados pelo mau uso dos recursos naturais. Os maiores problemas se deram devido ao grande crescimento da cidade de Manaus com a exploração sem controle de arenitos usados na construção civil. A experiência permitiu considerar que o Corredor Ecológico Cachoeira do Tarumã é um ambiente favorável para o Ensino de Ciências, contextualizando com a educação ambiental.
Palavras chaves
Espaço não formal; Recursos Naturais; Ensino de Ciências
Introdução
Uma maneira de difundir o conhecimento de ciências nas escolas é através de espaços nãos formais de ensino, que vem sendo bastante difundido no Amazonas e Brasil (JUNIOR e NORONHA, 2014; MOTA et al., 2014; QUEIROZ et al., 2011; ROCHA e TERÁN, 2011; RODRIGUEZ e AZEVEDO, 2013). Para Jacobucci (2008), espaço não formal é aquele em que o aluno aprende com o cotidiano, vivenciando uma experiência guiada por uma prática educativa. Existem dois tipos de espaços não formais: os espaços institucionalizados, que dispõe de maior infraestrutura e não institucionalizados que não dispõe de uma estrutura preparada para este fim, contudo, bem planejado poderá se tornar um espaço educativo de construção científica. O Corredor Ecológico Cachoeira do Tarumã está classificado dentro da categoria não institucional. Com a implantação dos corredores ecológicos espera-se uma reestruturação e preservação da fauna e da flora, evitando assim a extinção de espécies animais, preservando a mata ciliar, proporcionando a conservação do meio ambiente e melhor condição de vida do ser humano (ARANA e ALMIRANTE, 2007; CARDOSO, 2008). Como a questão do uso sustentável dos recursos naturais se apresenta cada vez mais como uma necessidade em tempos de crise ambiental global este trabalho tem como objetivo relatar a experiência adquirida na disciplina do Mestrado Profissional de Ensino Tecnológico, no Instituto Federal do Amazonas - IFAM, a fim de potencializar a utilização de recursos naturais amazônicos, por meio de um espaço não formal, como estratégia didática no processo de ensino-aprendizagem. Desta forma, as aulas no ensino de Ciências podem ser contextualizadas com o meio ambiente, promovendo as aprendizagens de conceitos científicos, flexibiliza o currículo e ajuda a divulgar a ciência, tecnologia.
Material e métodos
Esta pesquisa foi realizada, durante a disciplina Uso de Recursos Naturais Amazônicos no Ensino, do Mestrado Profissional de Ensino Tecnológico, no Instituto Federal do Amazonas. O trabalho de campo ocorreu no dia 07 de outubro de 2014 mediante excursão ao Corredor Ecológico Cachoeira do Tarumã, integrante a Área de Proteção Ambiental (APA – Tarumã/Ponta Negra), no município de Manaus-Am. O Bairro Tarumã tem uma população de 28.057 habitantes, conforme Censo brasileiro de 2010 da cidade de Manaus. Até o ano de 2006, era considerado um bairro rural, porém, foi integrado à região oeste da cidade, destinado a loteamentos habitacionais de alto custo financeiro, e passou por um processo intenso de ocupações irregulares que se consolidaram ao longo da estrada Torquato Tapajós (CARDOSO, 2008, NOGUEIRA, SANSON e PESSOA, 2007, NASCIMENTO, 2005, NASCIMENTO, 2009). Durante a excursão foram visitados três pontos do Corredor Ecológico Cachoeira do Tarumã, onde o professor promoveu com os estudantes o debate e discussão acerca dos impactos ambientais causado à flora, fauna, recursos hídricos, solo e os aspectos socioeconômicos das comunidades em seu entorno, em virtude da exploração descontrolada da área. De acordo com a visita, descreveremos o que foi observado para que profissionais da educação possam conhecer o potencial pedagógico deste espaço e assim planejar suas aulas.
Resultado e discussão
De acordo com Cardoso (2008), a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
(CPRM), realizou a caracterização dos recursos minerais da região, como
agregados de uso na indústria da construção civil. Em virtude disto, a área
do Tarumã foi amplamente exploradas até o final da década de 80, pela
mineração, devido as suas proximidades com a área urbana e a facilidade de
escoamento destes recursos, bem como pela significante demanda de material
para a indústria da construção civil, uma exigência imposta pelo crescimento
urbano de Manaus. Pode-se observar na figura 1 os pontos visitados, que
mostra áreas desmatadas e a extração dos arenitos (pedreiras) ocasionando a
formação de pequenas lagoas e erosão, pelo desmatamento da mata ciliar, a
poluição dos recursos hídricos e o desaparecimento de nascentes (CARDOSO,
2008; NASCIMENTO, 2009).Os principais efeitos sobre a fauna e flora é a
perda da vegetação que afugenta as espécies intolerantes as estas variações,
para o interior dos fragmentos adjacentes a área onde ocorre a remoção da
vegetação (CARDOSO, 2008). Os impactos no solo resultam da alteração da
quantidade de nutrientes disponíveis neste solo e da compactação. Quanto ao
impacto dos recursos hídricos o principal problema enfrentado provem dos
esgotos, do lixo e dejetos humanos que são descartados de forma irregular,
além de problemas com o assoreamento (NASCIMENTO, 2005). Em uma aula de
química pode-se explorar o monitoramento das características físico-química
do solo e água por meio de análises laboratoriais, o que demonstra o
potencial deste espaço para práticas educativas em ciências (MOTA et al.,
2014).
Figura 1. Áreas degradadas com formação de lagoas, pela exploração de arenitos (pedreiras)
Conclusões
Os impactos causados a fauna, flora, recursos hídricos, solo e consequentemente a população são temas que podem ser contextualizados dentro do ensino de ciências com enfoque para a educação ambiental e que podem ser trabalhados em qualquer nível de ensino. O Corredor Ecológico Cachoeira do Tarumã é um ambiente favorável para o Ensino de Ciências, se caracterizando como potencial pedagógico de educação não formal. No entanto, destaca-se que por ser um espaço não institucionalizados exige um planejamento para sua exploração e uma atenção para com a segurança nos espaços dos alunos visitantes.
Agradecimentos
Ao IFAM, Seduc-Am, colegas e professores do IFAM.
Referências
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