Autores

Pimentel, I.M. (UEA) ; Assis Júnior, P.C. (UEA) ; Serrão, E.M. (UEA) ; Coelho, F.C. (UEA) ; Fonseca, J.P.T.F. (UEA) ; Freitas, L.C. (UEA) ; Bentes, R.S. (UEA) ; Ferreira, F.J. (UEA) ; Lima, K.S. (UEA) ; Eleutério, C.M.S. (UEA)

Resumo

Este trabalho foi desenvolvido em três escolas campo-estágio e envolveu 22 acadêmicos e 4 professores regentes. As atividades lúdicas (jogos) foram desenvolvidas com alunos do Ensino Fundamental II com a finalidade de contextualizar os conteúdos disciplinares com temáticas ambientais, fomentar a prática docente e desenvolver ações ecológicas e cidadãs. Os jogos proporcionam uma aprendizagem significativa e contribuíram para integração e socialização de alunos e professores. Para Kishimoto (2003, 2000), o lúdico na escola exerce um papel relevante, promove o vínculo entre os conteúdos e a prática pedagógica. Dessa forma, não deve ser entendido como passatempo ou como uma atividade sem valor, mas compreendido como uma atividade que estimula e desenvolve habilidades.

Palavras chaves

Lúdico; Formação docente; Eco-cidadania

Introdução

A disciplina química até pouco tempo era ensinada nas escolas apoiada no livro didático, os conteúdos não tinham vínculo com o cotidiano dos alunos e um pequeno número de escolas se favorecia da experimentação para contextualizar conteúdos da Proposta Curricular. Ainda em pleno século XXI se vê no processo ensino-aprendizagem um resquício da visão positivista, onde a ciência era entendida como verdade absoluta. Hoje podemos afirmar que o espaço conquistado, é consequência do status que a ciência química adquiriu decorrente da revolução industrial e dos avanços científicos, responsáveis por importantes invenções que vêm se multiplicando cada vez mais e possibilitando mudanças de mentalidades e de práticas sociais. Voltando o olhar para o nosso contexto, são poucas as escolas onde o ensino de química é beneficiado pela experimentação. Existem escolas que não possuem materiais necessários para realizar experimentos, nem instrumentos didáticos ou tecnológicos para auxiliar a prática do professor e facilitar a aprendizagem dos alunos. Para essas escolas é preciso pensar em criar recursos didáticos que favoreçam uma aprendizagem eficiente e significativa. Um número considerável de alunos adentram as escolas apresentando dificuldades de aprendizagem em várias disciplinas. Geralmente esses problemas estão relacionados com a falta de habilidade na leitura e interpretação de conceitos químicos e na resolução de questões matemáticas. Os alunos têm dificuldades em relacionar os conceitos da química com o seu cotidiano. Reconhecendo as dificuldades enfrentadas pelos professores de química para contextualizar alguns conteúdos de Proposta Curricular, os estagiários elaboraram seis tipos de jogos para apoiar a prática pedagógica dos professores de química nas escolas campo-estágio.

Material e métodos

Este estudo foi desenvolvido em tres escolas campo-estágio e as atividades lúdicas estavam vinculadas ao Projeto de Estágio intitulado “Abordagem lúdica otimizando o Ensino de Ciências Naturais e Química durante o Estágio Supervisionado”. Foram confeccionados 6 jogos com diferentes características: brincadeira da sombrinha; dominó; jogo da memória; jogo de carta, roletas e trilhas. Foram contemplados nesses jogos vários conteúdos de química e temas relacionados à Educação Ambiental. Todos os jogos foram construídos com material reciclado e do cotidiano do aluno: sobras de madeira, papel cartão e cartolina, tampinhas de garrafas PET, isopor, tintas de cores variadas, pincéis etc. Para cada tipo de jogo foram criadas regras que foram obedecidas pelos jogadores. Os jogos foram avaliados considerando sua importância enquanto recursos didáticos que fomentam a prática docente, enquanto mediadores do conhecimento e desenvolvimento de uma consciência eco-cidadã. Considerando os procedimentos metodológicos adotados nesse tipo de abordagem, não foi possível utilizar tratamentos estatísticos para demonstrar os resultados. Mas, os dados foram organizados e interpretados à luz de outros dados e dos objetivos propostos neste trabalho.

Resultado e discussão

Como foi anunciado anteriormente foram confeccionados seis jogos (Figura 1) que relacionavam os conteúdos do Ensino de Ciências (ciências naturais, química, física e biologia) com a Educação Ambiental. Esses trabalhos foram analisados para se conhecer o conteúdo disciplinar e a temática abordada. As temáticas que mais foram evidenciadas nos jogos foram aquecimento global, desmatamento, efeito estufa, lixo e poluição (ar, água, solo). Outros assuntos estavam relacionados com o processo de assoreamento dos rios, camada de ozônio, chuva ácida, coleta seletiva de lixo, compostagem, doenças causadas pela poluição, mata ciliar, poluentes e queimadas. Apenas dois jogos abordavam conteúdos da Proposta Curricular do Ensino de Ciências Naturais: sistema locomotor humano, bactérias e vírus. Os jogos foram socializados na escola e apresentados no Seminário Pedagógico no contexto universitário (Figura 2). Todas as temáticas contempladas nos jogos sustentavam-se nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) que orientam um trabalho educativo por meio de eixos temáticos, por exemplo, meio ambiente e saúde. Isso nos autoriza a afirmar que esse tipo de atividade além de fomentar a prática docente e o desenvolvimento de uma consciência eco-cidadã, fortalece a formação inicial de professores do Ensino de Ciências (Ciências Naturais, Química, Física e Biologia). De acordo com Eleutério (2015) essa é a intenção dos PCN (1998) quando propõe a utilização de temas para articular diferentes tipos de saberes a partir de um ponto de vista mais reflexivo. Se o professor assim o fizer estará protagonizando um novo ensino, um ensino focado não só na aprendizagem, mas, na ação pedagógica inovadora, reflexiva e transdisciplinar.

Figura 1: Oficinas de confecção dos jogos



Figura 2: Socialização dos jogos na academia com diferentes temáticas



Conclusões

Este estudo mostrou que as atividades lúdicas proporcionam uma aprendizagem significativa, contribuem para socialização e integração dos alunos, de alunos e professores. Quando o ensino tem caráter lúdico, ele aproxima o aluno da disciplina. De modo geral, os trabalhos (jogos) organizados pelos acadêmicos estagiários na concepção de Eleutério (2015), mostraram que os saberes se cruzam, se entrelaçam, se expandem, se transformam em troncos de aprendizagens, constroem e reconstroem um novo cenário de formação, a partir das relações sociais e práticas cotidianas e dos saberes da profissão.

Agradecimentos

Aos gestores e alunos das Escolas Estaduais Brandão de Amorim, Tomaszinho Meireles e Deputado Gláucio Gonçalves.

Referências

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1998.
ELEUTÉRIO, Célia Maria Serrão. O Diálogo entre Saberes Primevos, Acadêmicos e Escolares: potencializando a formação Inicial de Professores de Química na Amazônia. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Mato Grosso, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Cuiabá, 2015.
KISHIMOTO, T. M. O Jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
______. (Org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2000.