Autores

Batista, I.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Assis Jr, P.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS)

Resumo

Em todos os níveis de ensino usa-se a Tabela Periódica como apoio ao estudo da Química, portanto, é necessário que os alunos utilizem esse instrumento de forma contínua e prazerosa. Daí a preocupação com a maneira que o professor a utiliza. Ao se buscar uma alternativa para o ensino desta disciplina, é necessário também que se revejam as metodologias empregadas. Com o objetivo de oferecer um recurso didático que represente um apoio pedagógico para o professor utilizar, este trabalho mostra como podemos fazer uso do lúdico nas aulas de Química sobre a Tabela Periódica. Para tentar sair da rotina da sala, foi confeccionada a “Trilha da Tabela Periódica” onde os alunos puderam atuar como protagonistas da aula, interagindo uns com os outros, divertindo-se e ao mesmo tempo aprendendo química.

Palavras chaves

Tabela Periódica; Lúdico; Ensino de Química

Introdução

Os alunos da 1ª série do Ensino Médio das escolas públicas de Parintins iniciam o curso praticamente sem conhecimento básico algum de Química. Segundo professores de tal disciplina que atuam neste nível escolar, o interesse dos discentes para o estudo e o conhecimento químico é, em quase sua totalidade, inexistente. Para conquistar essa classe de estudantes, nós professores e futuros professores, devemos utilizar de procedimentos metodológicos que despertem a atenção e o gosto por esta ciência. É necessário que as aulas sejam dinâmicas para envolver e conquistar aqueles que estão muito distantes do conhecimento químico. Sabe-se que os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio – PCNEM (BRASIL, 1999), na sua proposta, se contrapõe à velha ênfase na memorização de informações, nomes, fórmulas e conhecimentos como fragmentos desligados da realidade do educando. Tendo m vista tal problemática, o presente foi desenvolvido para estimular os alunos, e professores, nas aulas de Química e despertar o interesse por esta ciência que é tão interessante e importante para o avanço tecnológico mundial. A “Trilha da Tabela Periódica” faz uso dos conteúdos básicos e consideravelmente simples na Química da 1ª Série do Ensino Médio. Conteúdos estes que são trabalhados em todos os níveis de ensino, tais como, estrutura atômica e distribuição eletrônica. De acordo com Soares (2013), o ato de brincar é uma das formas significativas de aprendizado durante a infância e até mesmo na fase adulta. Isto nos mostra que o homem tem a capacidade de descobrir novos acontecimentos ao seu redor simplesmente brincando, o que pode trazer desenvolvimento intelectual e físico. Através da brincadeira, por ser um ato prazeroso, pode-se dizer que fica mais fácil alcançar a aprendizagem.

Material e métodos

De acordo com Fernandes (2007), há muitos materiais didáticos simples e baratos que podem ser confeccionados por professores e alunos e que se constituem em preciosos acessórios para a visualização de fatos abstratos na sala de aula. A “Trilha da Tabela Periódica” foi confeccionada para que os alunos pudessem ser as próprias peças do jogo. Para tal fez-se um tabuleiro com dimensões (3m x 3m) que os alunos ocupassem os espaços (quadrados de 30cm x 30cm) interagindo diretamente com os elementos representados (Figura 1). Foram selecionados os vinte e oito (28) elementos químicos (H, He, C, N, O, F, Ne, Na, Mg, Al, Si, P, S, Cl, K, Ca, Cr, Fe, Cu, Zn, Br, Ag, I, Cs, Pt, Au, Hg, Pb) para trabalhar as informações fundamentais da Tabela Periódica. A trilha foi idealizada para mostrar apenas o símbolo dos elementos com imagem de sua caracterização. Em seguida, foi feita a impressão em lona. Para a dinâmica do jogo foram elaboradas questões que abordam os conteúdos fundamentais sobre a Tabela Periódica. Segundo Soares (2013), o jogo pode criar ordem, por meio de regras pactuadas entre os jogadores ou, em caso de simulações ou atividades lúdicas, regras de comportamento livres, porém, aceitas. Em um exemplo deste último caso, há uma regra implícita na simulação, isto é, a observação. A participação ordenada em uma atividade lúdica, em uma brincadeira, implica aceitação das funções, o que não deixa de ser uma regra. No estudo do uso de jogos e atividades lúdicas em ensino, as regras desempenham um papel importante. No nosso caso, as mesmas estão diretamente ligadas ao conteúdo químico, dessa forma as regras devem ser seguidas para que o jogo funcione como uma estratégia metodológica a fim de alcançar os objetivos propostos na aula.

Resultado e discussão

Efeitos da “Trilha da Tabela Periódica”: Para a aplicação do recurso pedagógico proposto neste trabalho, selecionamos uma turma da 1ª Série do Ensino Médio de uma escola da rede pública do município de Parintins/AM. A turma é constituída por vinte e cinco (25) alunos na faixa etária de 15 anos. Os mesmos já tinham recebidos aulas sobre Tabela Periódica com o professor da escola. Foi informado que seria uma atividade lúdica para exercitar, e fixar melhor, os conteúdos vistos nas aulas teóricas. A princípio podemos observar a empolgação dos estudantes ao se deslocarem para a quadra da escola para a realização da atividade. O que mostra a importância da utilização de espaços diferentes nas aulas para quebrar um pouco da rotina de sala de aula tradicional. Os alunos formaram dois grandes grupos para a disputa de qual seria o vencedor. Os alunos do grupo ajudavam na hora das respostas para o avanço na trilha. No final do jogo o grupo vencedor recebeu uma premiação e em seguida foi aplicado um questionário sobre o procedimento metodológico utilizado. As questões abordadas e os resultados, em porcentagem (%), podem ser verificados na Figura 2. É muito interessante aplicar jogos em sala de aula, mas podemos resaltar algumas dificuldades que o professor lúdico vem a enfretar no decorrer de suas atividades. Por exemplo podemos citar a falta de costume dos professores com propostas diferenciadas das habituais em sala de aula, fato observado durante a aplicação da “Trilha da Tabela Periódica”. Outra observação feita foi a de que o professor fica muito nervoso, em alguns casos é claro, por causa da mudança em sua prática tradicional e o próprio medo de errar, além de ter que abandonar o quadro, livros e cadernos.

Figura 1

Alunos atuando como as próprias peças da Trilha da Tabela Periódica.

Figura 2.

Decorrências da atividade lúdica sobre a Tabela Periódica.

Conclusões

Evidentemente toda e qualquer mudança exige adaptações e procedimentos que devem ser padronizados para um resultado satisfatório. Desde que o professor tenha discutido a importância da regra do jogo para o funcionamento perfeito da atividade, o demais aspectos do lúdico farão com que o processo ensino-aprendizagem seja alcançado (HUIZINGA, 2001). Apesar de sermos conscientes de que o jogo não irá resolver os problemas de ensino-aprendizagem das escolas, podemos afirmar que o mesmo é importante e pode ser usado como uma ótima alternativa no ensino de Química tornando as aulas mais dinâmicas.

Agradecimentos

Universidade do Estado do Amazonas - UEA. Coordenação do Curso de Química do Centro de estudos Superiores de Parintins - CESP/UEA.

Referências

BRASIL – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999. 364p.
FERNANDES, M. L. M. O Ensino de Química e o Cotidiano. Curitiba: Ibpex, 2007.
HUIZINGA, J.; Homo Ludens: O Jogo Como Elemento de Cultura. São Paulo, Ed. 2001.
SOARES, M. H. F. B. Jogos e Atividades Lúdicas para o Ensino de Química. Goiânia: Kelps, 2013.