Autores

Silva, E. (UFMT) ; Rizzatti, I.M. (UERR) ; Wielewski, G.D. (UFMT)

Resumo

A cidade de Cuiabá/MT apresenta locais como verdadeiros laboratórios de iniciação científica em campo aberto, e que são pouco utilizados pelos professores como espaço educativo, seja no ensino fundamental ou médio. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo identificar possíveis espaços não formais de ensino na cidade de Cuiabá/MT, que oportunizem o desenvolvimento de práticas pedagógicas para o ensino de química. A proposta consistiu em visitar alguns pontos turísticos da cidade de Cuiabá/MT, e avaliar numa abordagem analítica, sua viabilidade para ser utilizado enquanto espaços não formais para o ensino de química.

Palavras chaves

Espaços não formais; Educação Científica ; Ensino de Química

Introdução

Com o passar do tempo a educação vem passando com modificações que tornam o ensino cada vez mais dinâmico em relação a prática docente em sala de aula. As inovações tecnológicas ou novas formas de ensinar em sala estão tornando– se cada vez mais frequente nos ambientes escolares. Alguns estudos apontam que não somente a sala de aula pode ser considerada um espaço propício para o ensino e aprendizagem, especialmente na disciplina de química. Uma vez que existem outros espaços que podem trazer contribuições para o aprendizado, como por exemplo, os laboratórios de química que são utilizados para aulas experimentais, contudo, ainda podemos explorar as aulas de campo e os espaços não formais, sendo ainda pouco utilizados por alunos e docentes. Segundo Vercelli (2012) o processo ensino/aprendizagem decorre da vida por meio da educação apresentando três maneiras de entender o saber, tais como: formal, informal e não formal. A educação formal é trabalhada nas instituições escolares regulamentadas por leis e organizadas de acordo com diretrizes nacionais. Possuem conteúdos pré-estabelecidos ensinados por professores em ambientes que têm normas e padrões de comportamento definidos previamente (VERCELLI, 2012). Enquanto que a educação informal é aprendida em núcleos sociais durante o processo de socialização produzidas nas relações intra e extrafamiliares tais como: a família, na comunidade, no clube, os amigos, a igreja e outros (VERCELLI, 2012). Por sua vez, a educação não formal é aquela que se aprende no cotidiano, na relação com diferentes pessoas, pela experiência e em espaços fora da escola, em locais informais onde há processos de interação e intencionalidade na ação, na participação, na aprendizagem e na transmissão e troca de saberes (VERCELLI, 2012). Neste sentido este trabalho tem como objetivo apresentar uma alternativa para o ensino de química em um espaço educativo não formal, na região urbana central do município de Cuiabá – MT. Nas proximidades do centro de Cuiabá existem locais com potencial para promover a contextualização do ensino de química, favorecendo a aprendizagem em relação aos conteúdos que podem ser abordados em espaços não formais, e que podem oportunizar novas propostas para prática docente em química.

Material e métodos

A proposta deste artigo surgiu a partir de um trabalho de pesquisa da disciplina Fundamentos, Tendências Pedagógicas e Metodológicas para o Ensino de Ciências e Matemática, no doutorado do Programa de Pós-graduação da Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática – REAMEC, cursada entre os meses de julho e agosto do ano de 2015, na cidade de Cuiabá/MT. Para a seleção do espaço não formal para ser utilizado como um local de aprendizagem para o ensino de química, primeiramente, levou-se em consideração o tema que seria abordado dentro da disciplina de química, para então selecionar o espaço, além disso, considerou-se também o objetivo da proposta de ensino e o cronograma de atividades. O tema proposto para o desenvolvimento da atividade se concentrou em um espaço onde pudesse ser abordado o conteúdo sobre a chuva ácida. Neste sentido, iniciou-se o estudo da área a ser pesquisada com visitas in loco e capturando imagens dos espaços, para então selecionar o local mais adequado para abordar o conteúdo previamente selecionado. O conteúdo abordado neste trabalho tende a ser ministrado pelos docentes no primeiro ano do ensino médio, sendo em sua maioria abordando temas que estão ligados diretamente com o meio ambiente. Os livros da disciplina de química demostram exemplos através de figuras, que retratam quais as consequências da chuva ácida nos objetos, nas estruturas metálicas e outros ambientes. A seleção do espaço esteve diretamente relacionada com o tema abordado, propondo o objetivo de demonstrar a riqueza da aula em campo ou a utilização do espaço não formal como ambiente de aprendizagem. Após as visitas e o estudo sobre as possibilidades de atender o conteúdo sobre chuva ácida, selecionou-se o patrimônio histórico de Cuiabá Morro da luz, com abordagem inerente ao conteúdo a ser estudado.

Resultado e discussão

Segundo Vercelli (2012) entende–se que presencialmente os espaços não formais estimulam a aprendizagem de maneira diferenciada do espaço da sala de aula. O aluno participa de forma descontraída, sem cobranças e por ser um ambiente que apresenta novidades e a curiosidade é constante. O morro da luz está localizado no centro da cidade de Cuiabá, e é considerado um dos centros turísticos da região cuiabana, alguns pontos são importantes para que se possa entender a estrutura do local a ser estudado. O local apresenta um espaço arborizado, em seu interior contém alguns bancos de granito e de madeira, na parte externa/lateral contém objetos, tais como, um objeto de forma esférica (composto de argila), duas placas de tombamento (ferro) e uma placa de madeira com o nome do local. A busca do espaço não formal é definida por favorecer o melhor entendimento da parte teórica, sendo que o aluno poderá ter um contato direto com o que foi explanado na teoria. O espaço selecionado apresentou alguns objetos como a placa de identificação do local (figura 1) e monumento contendo o tombamento (figura 2) com sinais de corrosão causados provavelmente pela ação do tempo e da chuva ácida. De acordo com Fonseca (2013) chuva ácida é fenômeno em que a água da chuva/neblina ou nevoeiro reage com alguns poluentes atmosféricos, como os óxidos de nitrogênio e os óxidos de enxofre, formando ácidos fortes que, por serem altamente corrosivos, causam grandes estragos, danificando a pintura dos carros, o concreto de edifícios e pontes e os monumentos históricos, além de prejudicar o habitat aquático e florestas inteiras. As reações envolvidas na formação da chuva ácida estão apresentadas a seguir: S(g) + O2(g) → SO2(g) SO2(g) + 1/2 O2(g) → SO3(g) SO3(g) + H2O → H2SO4(g) A prática docente de certa forma pode estar interligada com a realidade vivenciada no cotidiano dos alunos. Trazer o educando para um espaço não formal é introduzi-lo num mundo em que o abstrato se confunde com a realidade tornando o conhecimento palpável e atrativo. Importante também é que o professor ao final da atividade faça uma revisão avaliativa de tudo que foi discutido no decorrer da aula, para que possa averiguar o resultado da aula, verificando se o processo de ensino e aprendizagem foi satisfatório, caso contrário, deve anotar possíveis mudanças para corrigir na próxima potencializando assim as atividades que serão realizadas no futuro. Diversos autores relatam que o professor que utiliza os espaços não formais favorece aos seus alunos um pensamento sistêmico vivenciando o aprendizado e trazendo a realidade concreta dos fatos. O educando passa a aprender analisando os objetos através de suas formas e compreendendo o mundo que o rodeia, tornando a aprendizagem mais significativa e atraente. Desta forma, é necessário que os profissionais a priori conheçam as características desses espaços em suas cidades para que possam, numa aula de campo, explorar de forma interdisciplinar e ecologicamente correta todos os recursos naturais ali existentes, pois o dever do professor e formar indivíduos com consciência ambiental preocupado com os direitos do próximo.

Monumento revitalização do morro da luz

Monumento em que consta a placa de revitalização do Morro da Luz.

Conclusões

O trabalho realizado nos remete a possibilidade de ausentar o professor de Química da sala aula – padrão, ou seja, um ambiente cercado por quatro paredes e tendo como alicerce o livro didático. Esse estudo nos possibilitou a não somente pensar no exercitar os conceitos da Química, mas em desenvolver o conhecimento crítico, poder de argumentação e questionamento possibilitando ao educando confrontar com a realidade e com o concreto. Temos a possibilidade de criar um debate em campo aberto introduzindo o tema gerador e tornando o aprendizado mais fluente entre os alunos. Salientando que o professor ao usar os ambientes não formais como alicerce para a construção do conhecimento é preciso primeiro traçar as metas e indicar os objetivos que serão alcançados com a proposta de ensino – visita.

Agradecimentos

Agradeço a minha orientadora Ivanise Maria Rizzatti pelo apoio e orientação na minha tese de doutorado em andamento. Agradecer a professora Gladys por contribuir na

Referências

POZO, Juan Ignacio. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Porto Alegre: Artmed, 5ª ed, 2009.

QUEIROZ, Cecília Telma Alves. Fundamentos sócio-filosóficos da educação. Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN, 2007.

VERCELLI, Ligia de Carvalho Abões. Estação ciências: espaço educativo institucional não formal de aprendizagem. São Paulo: UNINOVE 2012.

GOHN, Maria da Glória Marcondes. Educação Não- formal e cultura política. São Paulo: Cortez, 2008.

PEDROLLO, Jandira Maria. Instituto de planejamento e desenvolvimento urbano. Cuiabá: IPDU, 2010.

FONSECA, Martha Reis Marques da. Química. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2013.