Autores

Freitas, M.G. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Assis Jr, P.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS)

Resumo

O professor de Química deve ter a preocupação de trabalhar suas aulas utilizando metodologias alternativas para o ensino. Pensando numa proposta para tal situação, fez-se uma adaptação do jogo da memória para o estudo das funções orgânicas. O recurso didático utilizado foi produzido para identificar, por meio dos grupos funcionais, as principais funções. O “Jogo da Memória das Funções Orgânicas” se constitui como uma estratégia capaz de despertar o interesse dos alunos para o aprendizado tornando as aulas de química dinâmica, divertidas e desafiadoras. Dessa forma os jogos e brincadeiras são elementos muito valiosos no processo de apropriação do conhecimento permitindo o desenvolvimento de competências no âmbito da comunicação e relações interpessoais dos alunos.

Palavras chaves

Ensino de Química; Funções Orgânicas; Jogo da Memória

Introdução

Sabe-se que a ludicidade é uma necessidade em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. Ela deve ser trabalhada a partir de objetivos. Para que isso aconteça é preciso que os profissionais da educação reconheçam o real significado do lúdico para aplica-lo adequadamente, estabelecendo a relação entre o brincar e o aprender. De acordo com Huizinga (2004) “o jogo é toda e qualquer atividade humana: é praticado dentro de limites espaciais e temporais próprios; segue determinadas regras; ajuda na formação de grupos sociais etc”. O jogo, para Mello (2003), é uma relação dialética entre a realidade e a fantasia, e o seu conteúdo e significado dependem do local de realização. Os jogos ajudam na concentração organização, manipulação e cooperação dos alunos em sala de aula. Além disso, esses jogos didáticos têm função relacionada à aprendizagem de conceitos, não sendo uma atividade totalmente livre e descomprometida, mas uma atividade intencional e orientada pelo professor. Mello (2003) afirma que é por meio da brincadeira que as crianças conseguem expressar “suas fantasias, seus sentimentos, suas ansiedades e suas experiências”. Como exemplo disso pode ter, segundo (CUNHA, 2000) “um jogo de memória que relaciona fórmulas químicas com seus respectivos nomes como o jogo memoquímica”. Nesse sentido o jogo de memória sendo uma atividade diferenciada torna-se fundamental no desenvolvimento intelectual da criança. Segundo Piaget, citado por Kishimoto (2000), “os jogos não são apenas uma forma de divertimento, mas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual". Para manter-se equilibrada com o mundo a criança precisa brincar, criar e inventar.

Material e métodos

Neste tópico aborda-se a metodologia, isto é, o caminho para coletar os dados. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e descritiva, constituída de artigos científicos e livros acerca da temática “Lúdico para o ensino de química”. A realização desta pesquisa foi feita através de consulta a capítulos de livros e artigos científicos, e acessos à internet, procurando temas relacionados aos “Jogos para o ensino de química e construção de materiais didáticos”. No processo de construção do jogo (Foto 1) foi necessário comprar a madeira, cortá-la em pedaços quadrados do mesmo tamanho. Depois se digitou a estrutura com grupos funcionais com o nome dos compostos orgânicos para fazer adesivo e colar na madeira um par de cada cor no total de 18 pares. Além disso, foi feito uma tabela em forma de banner contendo os nomes dos grupos funcionais para auxiliar os alunos no momento do jogo. Os materiais utilizados foram: madeira, papel contato, adesivo, tesoura e banner. A segunda fase foi a pesquisa de campo, desenvolvida na escola Brandão de Amorim com os alunos da 3ª Série do Ensino Médio. Após a apresentação do jogo de memória aos alunos e a sua participação na aula prática, aplicou-se um questionário com seis perguntas fechadas, referentes ao aprendizado dos alunos sobre as funções orgânicas e a importância dos jogos no ensino de química. O jogo é constituído por 36 peças formando 18 pares, seu objetivo é trabalhar as funções orgânicas na identificação de seus grupos funcionais dos compostos orgânicos: hidrocarboneto, álcool, enol, fenol, aldeído, cetona, ácido carboxílico, éster, sal orgânico, anidrido de ácido, haleto de ácido, éter, haleto orgânico, amina, amida, nitrilo, nitrocomposto e ácido sulfônico. As regras deste são idênticas às regras do jogo da memória tradicional.

Resultado e discussão

Foram aplicados questionários visando à participação e aprendizado dos estudantes. Participaram deste processo 24 alunos, destes, 13 compreenderam corretamente o jogo didático, 7 entenderam pouco e 4 não entenderam quase nada. De acordo com os resultados obtidos, a maioria dos alunos conseguiu uma boa assimilação do conteúdo proposto através do jogo da memória, com o auxílio desse recurso didático identificaram os grupos funcionais com mais facilidade. Conforme explicita Mariscal e Iglesias (2009), “o objetivo dos jogos é a apresentação das possibilidades didáticas que tem o emprego de um material educativo inovador, que permite praticar e aprender os elementos químicos”. De acordo com o autor acima o interesse e a curiosidade dos alunos aumentou quando se apresentou o jogo da memória com as fórmulas das funções orgânicas, ficaram atentos na explicação e puderam tirar suas dúvidas sobre o assunto. Dos 24 alunos participantes apenas 4 tiveram dificuldade em entender a explicação no primeiro momento, mas no decorrer da aula eles conseguiram compreender um pouco mais. Conforme Chassot (1990), “é de fundamental importância que o ensino de química seja relevante para o estudante, isto é, que possa ser relacionado com seu dia-a-dia com assuntos que afetam a sua vida”. A tabela e o jogo de memória construído como meio de estímulo aos alunos nas aulas de Química na escola foi fundamental no processo de aprendizado dos estudantes (Foto 2). Quando mencionado sobre as práticas de ensino da disciplina química, foram unânimes em responder que preferem a ludicidade. Aprendem melhor o tema funções orgânicas através de jogos e tabelas. As funções orgânicas apresentadas de forma lúdica ajudaram muito os estudantes na hora de responder os exercícios e até mesmo nas explicações.

Figura 1

Jogo da Memória das Funções Orgânicas.

Figura 2.

Aplicação do jogo da memória das funções orgânicas.

Conclusões

Diante do exposto defendemos a ideia de que os jogos poderiam merecer um espaço na prática pedagógica dos professores por ser uma estratégia que motiva e que agrega aprendizagem de conteúdo ao desenvolvimento de aspectos comportamentais saudáveis. Por outro lado, os professores precisam estar atentos aos objetivos da utilização de um jogo em sala de aula e saber como dar encaminhamento ao trabalho, após o seu uso. Além disso, deve dispor de subsídios que os auxiliem a explorar as possibilidades do jogo e avaliar os seus efeitos em relação ao processo ensino-aprendizagem.

Agradecimentos

Universidade do Estado do Amazonas - UEA Coordenação do Curso de Química - CESP/UEA

Referências

CHASSOT, A.I. A educação no Ensino de Química. Ijuí: Editora da Unihuí,1990.
CUNHA, M.B. Jogos didáticos de química. Santa Maria: Grafos, 2000.
HUIZIGA, Johan. Homo Ludens – O jogo como elemento da cultura. 5.ed.São Paulo:Perspectiva, 2004.
KISHIMOTO, T. M. (Org.) Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2000.
MARISCAL, A. J. F.; IGLESIAS, M. J. Soletrando o Brasil com símbolos químicos. Química nova na escola, vol. 31 nº1, p. 31-33, 2009.
MELLO, Miriam Moreira de. O lúdico e o Processo de Humanização. In: MARCELLINO, Nelson Carvalho (org.). Lúdico, educação e educação física. 2.ed. Ijuí:Ed. Unijui, 2003.