Autores

de Albuquerque, W.W.M. (UERR) ; da Silva, L.E. (UERR) ; Rocha, J.F. (UERR) ; Souza, K.P.S. (UERR) ; Souza, J.A. (UERR) ; Marques, J.S. (UERR) ; Mesquita, G.V. (UERR) ; Toledo, K.C. (UERR) ; Mesquita, M.F. (UERR) ; da Silva, A.D. (UERR) ; Rizzatti, I.R. (UERR)

Resumo

O ensino de química é considerado por muitos estudantes como difícil e abstrato, e esta dificuldade se agrava quando falamos da educação de jovens e adultos (EJA), onde os conteúdos são repassados de forma mais condensada e superficial. Neste sentido, esta pesquisa buscou identificar quais as maiores dificuldades no ensino da disciplina de química do 3º ano na Educação de Jovens e Adultos (EJA) em duas escolas públicas da capital Boa Vista, Roraima. De acordo com os 44 alunos que responderam os questionários as maiores dificuldade estão na ausência de aulas experimentais e o uso de métodos de ensino ultrapassados por parte do professor.

Palavras chaves

professor; estudante; EJA

Introdução

O ensino de química nos dias atuais em escolas públicas vem enfrentando uma série de dificuldades devido a vários fatores como a falta de recursos financeiros e estruturais, baixos salários dos professores, metodologia de ensino ultrapassada, entre outros. Diante desse cenário é importante criar propostas de ensino de Química que utilizem uma abordagem contextualizada do conteúdo curricular, relacionando questões do dia- a-dia, especialmente na Educação de Jovens e Adultos (EJA). A EJA abrange alunos com idades variadas que não fizeram o Ensino Fundamental e/ou Médio no tempo convencional. Souza e Silva (2000) destacam que ao retornarem à escola, é comum que esses sujeitos manifestem certa resistência em relação a disciplinas como a Química, por acreditarem que essa é uma ciência baseada apenas na memorização de fórmulas, que seria desvinculada de seu cotidiano e sem muita aplicação prática em suas vidas. Neste sentido, essa pesquisa teve como objetivo identificar as principais dificuldades no ensino de química na EJA em duas escolas públicas da capital Boa Vista, Roraima.

Material e métodos

A pesquisa foi realizada nas escolas estaduais Maria das Dores Brasil e Coema Souto Maior Nogueira, com 14 e 31 alunos, respectivamente, em Boa Vista, Roraima. Foi aplicado um questionário contendo 21 questões fechadas e 1 questão aberta para 44 alunos de terceiro ano do EJA. Os professores da disciplina de química também responderam a um questionário contendo 18 questões fechadas e uma aberta, e tinha como objetivo identificar quais as deficiências no ensino e aprendizagem na disciplina de química segundo os professores regentes. Os questionários aplicados a professores tiveram como questões orientadoras, ano de formação dos docentes e tempo de atuação em sala de aula, as dificuldades encontradas por ambos em relação ao processo ensino-aprendizagem, a disponibilidade e utilização de recursos didáticos nas aulas de Química, a relação teoria-prática, a contextualização e, outros fatores que foram julgados importantes para o ensino e aprendizagem da disciplina. Por fim, deu-se a tabulação dos dados, sendo escolhidas algumas questões consideradas mais relevantes para a discussão, no sentido de apontar as maiores dificuldades que o professor de química enfrenta na sala de aula.

Resultado e discussão

Através desta pesquisa pôde ser observado que a situação nessas escolas é bastante precária, em relação à infraestrutura ofertada principalmente para a disciplina de química. Os dois professores são licenciados em química. O professor da escola Maria das Dores Brasil interage mais com a turma, contextualiza os conteúdos de química e realiza experimentos utilizando materiais alternativos, o que foi confirmado pelo questionário dos alunos e não possui laboratório de ciências adequado para a realização de aulas experimentais, faltam vidrarias e reagentes específicos para desenvolver os experimentos. O professor relatou que os alunos tem muita dificuldade com os conteúdos de química devido a deficiência destes com a formação anterior, e que quando faz aulas experimentais ele é responsável por adquirir os materiais, não tendo apoio da escola. Por sua vez, 90% dos alunos apontaram como dificuldades a questão de precisarem decorar muitas fórmulas e o pouco tempo para estudar, e consideram a disciplina muito complicada. Já na escola Coema Souto Maior Nogueira o professor atua apenas na EJA e ressaltou que os demais professores da noite apenas cumprem carga horária, pois já tem trabalho durante o dia e não são empolgados para atuar na EJA. A escola não tem laboratório de ciências e nem audiovisual, o professor apontou que não utiliza a experimentação, nem a sala de informática ou recursos audiovisuais para auxiliar no ensino de química. 100% dos alunos falaram que o professor não contextualiza as aulas, sendo tradicionais e desmotivantes. Para eles as aulas deveriam ser mais dinâmicas tornando a matéria menos complicada, reclamaram que tem muitas fórmulas para decorar e pouco tempo para estudar, além da falta de experimentos e que nunca fizeram aula experimental.

Conclusões

As principais dificuldades apontadas pelos professores é a falta de estrutura adequada para aulas de química mais dinâmica, e um dos professores relatou que quando faz aulas experimentais, os materiais são adquiridos por ele. Por sua vez, os estudantes relataram que a disciplina exige memorização de fórmulas e o tempo para estudar os conteúdos é pouco. A falta de recursos nas escolas avaliadas, desinteresse dos alunos, metodologias de ensino ultrapassadas e a falta de apoio do governo impossibilitam que o ensino de química na EJA ofertado nestas escolas apresente melhor desempenho.

Agradecimentos

Referências

SOUZA, C. Z. V. G. e SILVA, V. R. Educação de Jovens e Adultos: Reflexões e
desafios in Educação de Jovens e Adultos – propostas para ações, orgs. MARCHI, D. O. e SCHÄFFER, N. O., NIU&E/UFRGS, Porto Alegre, 2000.