Autores

Souza, K.P.S. (UERR) ; Mesquita, G.V. (UERR) ; Toledo, K.C. (UERR) ; Mesquita, M.F. (UERR) ; da Silva, A.D. (UERR) ; de Albuquerque, W.W.M. (UERR) ; da Silva, L.E. (UERR) ; Soares, J.A. (UERR) ; Marques, J.S. (UERR) ; Rizzatti, I.R. (UERR) ; Rocha, J.F. (UERR)

Resumo

Esta pesquisa teve como objetivo identificar as principais dificuldades do professor e 17 estudantes do 3o ano do ensino médio regular de uma escola da rede privada em Boa Vista, Roraima. Para obtenção dos dados foi aplicado questionário para os sujeitos da pesquisa e uma prova de conhecimento com conteúdos de química do 1o e 2o ano. Verificou-se que a escola privada também tem problemas relacionados com a ausência de materiais didáticos para a disciplina e o desinteresse dos estudantes. Em relação à prova de conhecimentos os estudantes tiveram um aproveitamento considerado bom, uma vez que todo o currículo da disciplina de química é voltado para o vestibular de acordo com o professor, sem relação com o cotidiano do aluno, podendo ser um dos motivos pelo desinteresse para com a disciplina.

Palavras chaves

ensino de química; experimentação; contextualização

Introdução

A disciplina de química é uma das integrantes do eixo Ciências da Natureza e suas Tecnologias no Ensino Médio, considerada pelos estudantes como uma disciplina com elevado grau de dificuldade e compreensão, pelo fato de possuir fórmulas e cálculos, que muitas vezes são obrigados a decorar. Além de uma linguagem técnica dissociada do cotidiano dos mesmos, exigindo do aluno uma dedicação maior para a assimilação dos conteúdos. No intuito de aproximar esta importante ciência do estudante, é necessário transformar o conhecimento científico/químico em conhecimento escolar (SCHNETZLER, 2002). E neste momento o professor tem que ser capaz de interagir positivamente com seus alunos, problematizar as suas vivências e convertê-las em material de reflexão com base nas construções das ciências e outras formas culturais, e assim contribuir para a transferência de recriação social e cultural do meio (MALDANER, 1998). Vale ressaltar que na trajetória acadêmica do professor, é necessário vivenciar a realidade das escolas, conhecer os problemas que enfrentam para ministrar suas aulas, e como poderá, de forma alternativa, repassar o conhecimento. Nesta direção, essa pesquisa teve como objetivo identificar as principais dificuldades do professor e estudantes do terceiro ano do ensino médio regular na disciplina de química, bem como analisar o nível de conhecimento dos alunos em relação aos conteúdos de química.

Material e métodos

A princípio foram elaborados dois questionários, um para o professor e outro para os estudantes. O questionário do professor continha 18 questões fechadas e uma aberta, e tinha como objetivo identificar quais as deficiências no ensino e aprendizagem na disciplina de química. As questões orientadoras abordavam o ano de formação dos docentes e tempo de atuação em sala de aula, as dificuldades encontradas por ambos em relação ao processo ensino-aprendizagem, a disponibilidade e utilização de recursos didáticos nas aulas de Química, a relação teoria-prática, a contextualização e, outros fatores que foram julgados importantes para o ensino e aprendizagem da disciplina. O questionário dos estudantes, por sua vez, foi dividido em 21 questões abertas e uma fechada. Onde as questões abertas se referiam aos conteúdos de 1o e 2o ano, tais como; conceitos de teorias atômicas, ácidos, bases, estado físico da matéria, cálculo de densidade, volume e massa e propriedades físico-químicas. Já as perguntas fechadas estavam relacionadas ao interesse dos alunos em prestar vestibular e em qual curso desejava seguir, instrumentos utilizados pelo professor nas aulas expositivas, infraestrutura e equipamentos disponíveis, como laboratório de ciências, computador/internet, data show, TV, DVD, e o que eles acreditam que poderia melhorar as aulas de química e suas maiores dificuldades na disciplina. Após a autorização da gestão foi aplicado inicialmente os questionários e num outro momento o teste de conhecimento, sendo destinados 30 minutos da aula de química para que eles pudessem responder ao teste. Todos os dezessete alunos estavam presentes, entre eles um aluno com autismo. O professor nos explicou que para este aluno especial, é feito uma prova normal e outra apta para ele responder.

Resultado e discussão

O professor é licenciado em química, possui pós-graduação e atua a quatro anos na escola. Nos questionários respondidos pelos estudantes, afirmaram que a escola não tem laboratório de ciências, porém, o professor afirmou que tem laboratório, mas devido à falta de materiais para as aulas práticas não é utilizado, e caso seja realizado algum experimento, o professor deve comprar os materiais e demonstrar o conteúdo com a colaboração dos alunos. Ou seja, o professor nunca levou os estudantes ao laboratório de ciências, fator pelo qual os estudantes desconheciam sua existência. No teste de conhecimento, 58% dos alunos obtiveram conceito considerado médio, acertando apenas 50% das questões abertas, 30% acertaram mais de 50% das questões e 12% desempenho abaixo da média. Os estudantes tiveram dificuldade nas questões de teorias atômicas; cálculos de densidade; massa e volume, alegando esquecimento dos assuntos. 80% dos estudantes afirmaram não gostar de química e não pretendem prestar vestibular para esta área, pois acham a disciplina desmotivante e chata. De acordo com o professor a principal dificuldade é ministrar aulas de química, “pelo fato de os alunos serem de classe média, acabam vendo a escola como um encontro formal de amigos, onde ficam batendo papo e não prestam tanto atenção na explicação, pois possuem outros meios de buscar aquela informação, quer seja por cursinho ou outras fontes”. Além disso, a escola não faz investimento no laboratório de ciências, limitando o aprendizado dos alunos, e as aulas são teóricas e tradicionais. Para ele a relação da contextualização com o cotidiano torna a química seja atrativa. A maioria dos alunos apontou que o laboratório deveria ser utilizado, e que as aulas deveriam ser mais dinâmicas, tornando a disciplina mais atraente.

Conclusões

Foi possível identificar que as principais dificuldades dos discentes está relacionada com a forma como ela é ensinada. Neste sentido, o professor deveria buscar alternativas para tornar o ensino de química mais atrativo e contextualizado, já que a disciplina requer uma imaginação abstrata, envolvendo átomos e outros estudos que são de grau microscópico. Apesar de ser uma instituição privada, as necessidades básicas para que o ensino de química seja realizado de forma completa ainda é ignorado, restringindo o conhecimento dos educandos, sendo desvalorizada aos olhos dos mesmos.

Agradecimentos

Referências

SCHNETZLER, R. P. Pesquisa no ensino de Química e a importância da Química Nova na Escola. Quim. Nova, Vol. 25, Supl. 1, 14-24, 2002.
MALDANER, O. A. A pesquisa como perspectiva de formação continuada do professor dequímica. Quím. Nova [online]. 1999, vol.22, n.2, pp.289-292