Autores

Toledo, K.C. (UERR) ; Mesquita, G.V. (UERR) ; Mesquita, M.F. (UERR) ; da Silva, A.D. (UERR) ; de Albuquerque, W.W.M. (UERR) ; da Silva, L.E. (UERR) ; Souza, K.P.S. (UERR) ; Soares, J.A. (UERR) ; Marques, J.S. (UERR) ; Rizzatti, I.R. (UERR)

Resumo

Esta pesquisa buscou identificar junto aos professores de química quais as maiores dificuldades no ensino da disciplina em oito escolas públicas da cidade de Boa Vista, Roraima. De acordo com os professores a maior dificuldade está na falta de infraestrutura da escola, bem como, a desmotivação pela carreira por parte do governo estadual.

Palavras chaves

ensino de química; desmotivação; contextualização

Introdução

Atualmente já se tornou rotina entre professores as reclamações sobre o desinteresse do estudante, principalmente quando se trata de algumas disciplinas específicas, como é o caso da Química (QUADROS et al., 2011). A carga horária acaba sendo muito pequena e insuficiente para aprofundar os conteúdos mais complexos sobre a química. Segundo Salesse e Baricatti (2011) é importante dizer que, por ter um caráter experimental a disciplina de Química conta com uma quantidade insuficiente de aulas nas grades curriculares o que dificulta sua especificidade no Ensino Médio. Ademais, atualmente tem-se um currículo de química divergente das propostas defendidas por pesquisadores em Educação Química, que consideram nos processos de construção do conhecimento escolar a interrelação dinâmica de conceitos cotidianos e químicos, de saberes teóricos e práticos, não na perspectiva da conversão de um no outro, nem da substituição de um pelo outro, mas, sim pelo diálogo capaz de ajudar no estabelecimento de relações entre conhecimentos diversificados, pela constituição de um conhecimento plural capaz de potencializar a melhoria da vida (MIRANDA; COSTA, 2007). Além disso, para que exista um aumento na qualidade do Ensino de Química, seja em qualquer nível, é necessário que existam bons materiais auxiliares como, por exemplo, materiais de laboratório, textos para alunos e professores, e atualizações constantes de docente através de treinamento para o uso de técnicas e recursos modernos de ensino (CASTELEINS, 2011). Tendo em vista essas preocupações, este trabalho buscou identificar e compreender junto aos professores de química os fatores que dificultam o processo de ensino e aprendizagem de Química no Ensino Médio de algumas escolas públicas da rede estadual de ensino de Boa Vista.

Material e métodos

Esta pesquisa propõe investigar os fatores que dificultam o processo de ensino e aprendizagem de Química no Ensino Médio, com base em uma metodologia pautada em um estudo descritivo, de base empírica e natureza quanti-qualitativa, por considerar que os paradigmas de pesquisa quantitativa e qualitativa se complementam na análise do fenômeno investigado (GAMBOA, 1997, p.106). Foram aplicados questionários a oito professores de química em escolas de ensino médio da rede pública de Boa Vista, Roraima. O questionário continha 18 questões fechadas e uma aberta, e tinha como objetivo identificar quais as deficiências no ensino e aprendizagem na disciplina de química segundo os professores regentes. A pesquisa ocorreu no mês de maio de 2016, em oito escolas da rede pública estadual, sendo que sete estão localizadas em bairros periféricos, e apenas uma localiza-se próximo ao centro da cidade. Os questionários aplicados a professores tiveram como questões orientadoras, ano de formação dos docentes e tempo de atuação em sala de aula, as dificuldades encontradas por ambos em relação ao processo ensino-aprendizagem, a disponibilidade e utilização de recursos didáticos nas aulas de Química, a relação teoria-prática, a contextualização e, outros fatores que foram julgados importantes para o ensino e aprendizagem da disciplina. Por fim, deu-se a tabulação dos dados, sendo escolhidas algumas questões consideradas mais relevantes para a discussão, no sentido de apontar as maiores dificuldades que o professor de química enfrenta na sala de aula.

Resultado e discussão

Todos os oito professores entrevistados possuem graduação na área de licenciatura em química, uma professora tem pós-graduação e apenas um dos entrevistados possui mestrado, e os docentes possuem mais de seis anos de experiência em sala de aula. Verificou-se também que quatro das oito escolas possuem laboratório de ciências. Em relação a frequência com que os laboratórios são utilizados pelos professores 37% disseram que raramente o utilizam, 12% afirmaram usar com frequência, e mais de 50% afirmaram que nunca utilizaram o laboratório de ciências. Um professor citou que o laboratório de ciências da escola nunca foi utilizado pelos alunos. Em relação à realização de aulas experimentais, 62% dos professores disseram que realizam aulas experimentais e apenas 37% responderam raramente. Mesmo a maioria dos professores não utilizarem os laboratórios, eles realizam aulas experimentais com materiais alternativos dentro da sala de aula. Verificou-se que 87% das escolas possuem laboratório de informática, mas são usados raramente ou nunca pelos professores em suas aulas, bem como o uso de computador e internet. Em relação a maior dificuldade nas aulas de química, todos os professores responderam que é a falta de recursos na escola e de apoio do governo, e um professor destacou que isso enfraquece o ensino, sendo desmotivante para o aluno e mais ainda para o professor. Os professores disseram contextualizar o conteúdo de química com o cotidiano, contudo, ainda utilizam aulas expositivas, apenas quatro disseram empregar o uso da tecnologia nas aulas de química. É importante a integração de tecnologias ao trabalho escolar, em especial as novas tecnologias da informação e comunicação, considerando que estão presentes no cotidiano dos estudantes (RIBEIRO; CASTRO; REGATTIERI, 2007)

Conclusões

Os professores relataram vários problemas, desde infraestrutura adequada para dar aula, falta de laboratórios equipados e materiais para as aulas experimentais, e com isso muitos professores se sentem frustrados, até pelo desinteresse dos alunos sobre as aulas de química. Diante das constatações, faz-se necessário que o professor de Química adote uma metodologia onde a realização de aulas práticas, a contextualização, a utilização de recursos audiovisuais e atividades extras (pesquisa, aula passeio, entre outras) sejam partes integrantes de suas abordagens didáticas.

Agradecimentos

Referências

CASTELEINS, V. L.. Dificuldades e benefícios que o docente encontra ao realizar aulas práticas de química. Curitiba, 2011.
CHAER; G., DINIZ; R.R.P, RIBEIRO E.A. A técnica do questionário na pesquisa educacional. Evidência, Araxá, v. 7, n. 7, p. 251-266, 2011.

GAMBOA, S. S. (Org.). Pesquisa educacional: quantidade-qualidade. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1997.

MIRANDA, D. G. P; COSTA, N. S. Professor de Química: Formação, competências/ habilidades e posturas. 2007

SALESSE L. Z.; BARICATTI R. A.. O Currículo Escolar e a Experimentação na busca de uma Alfabetização Científica no Ensino da Química de qualidade e com utilidade no Ensino Médio. Paraná, 2011
QUADROS, A. L.; et al.. Ensinar e aprender Química: a percepção dos professores do Ensino Médio. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 40, p. 159-176, abr./jun. 2011.

RIBEIRO, A., CASTRO, J. M., REGATTIERI, M. M. G.. Tecnologias na sala de aula. Brasília, 2007.