Autores
Marinho Pantoja, R. (UFRA) ; Queiroz Pereira, M. (UFPA) ; Gonçalves, J. (UFRA) ; da Silva e Souza, S.H. (SEDUC PA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
Os jogos didáticos apresentam 2 funções distintas, a lúdica e a didática, e, graças a elas, tais atividades podem contribuir para a mudança no ensino de Química, que hoje se dá geralmente de forma tradicional e pouco atraente aos alunos, e que poderá ser mudado para um ensino mais agradável e eficaz. Neste trabalho, se buscou aplicar um jogo didático sobre tabela periódica, em uma turma de 9º ano do ensino fundamental. Foram aplicados testes avaliativos antes e após a aplicação do jogo, e as notas obtidas pelos alunos foram comparadas para se verificar uma possível melhoria na aprendizagem. Percebeu-se que não houve uma melhoria nas notas dos alunos após a aplicação do jogo, mas os resultados obtidos com o jogo se mostraram melhores aos obtidos com exercícios tradicionais.
Palavras chaves
atividade lúdica; ensino de química; tabela periódica
Introdução
Robaina (2008) diz que a Química é ensinada nas escolas ainda de forma tradicional, valorizando em demasia a memorização e repetição de nomes, fórmulas e cálculos, sendo que seus conteúdos são repassados totalmente desvinculados do cotidiano e da realidade dos alunos, e, por isso, a Química se torna uma disciplina maçante, fazendo com que os próprios estudantes questionem o motivo pelo qual a estão estudando, e também dificultanto o ensino de tal disciplina. E Fialho (2011) diz que a exploração da função lúdica do jogo pode vir a ser uma técnica facilitadora na elaboração de conceitos, no reforço de conteúdos, na socialiabilidade entre os alunos, na criatividade e no espírito de competição e cooperação, tornando esse processo transparente, ao ponto que o domínio sobre os objetivos propostos sejam assegurados. Assim, o presente trabalho teve como objetivo a aplicação de um jogo, o Bingo Químico, versando sobre a tabela periódica e os elementos químicos, em uma turma de nono ano do ensino fundamental de uma escola pública municipal da cidade de Castanhal, no nordeste do estado do Pará, para se verificar se tal atividade contribuiria para uma maior assimilação do tema trabalhado previamente de forma teórico e tradicionalmente.
Material e métodos
Participaram desta pesquisa duas turmas de nono ano do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental São João Bosco, no município de Castanhal, no nordeste do Estado do Pará. Uma das duas turmas foi escolhida aleatoriamente para ser a turma controle (aquela em que não se trabalharia de forma lúdica e que tinha 31 alunos) e a outra foi escolhida para ser a turma experimental (que vivenciou o jogo como mecanismo de reforço escolar e que 33 alunos). No primeiro momento, em ambas as turmas, foi trabalhada a temática elementos químicos e tabela periódica de forma teórica e tradicional (usando apenas livro didático e lousa e giz). Após essa aula, foi aplicado um teste contendo dez questões de multipla escola, valendo um ponto cada questão, e executado individualmente por cada aluno e sem consultar nenhum material, nas duas turmas. Depois, foi trabalhado o reforço de aprendizagem atráves do jogo “Bingo Químico” na turma experimental, enquanto a turma controle teve aula apenas com exercícios tradicionais sobre a referida temática. Então, outro teste avaliativo diferente, mas de mesmo grau de dificuldade do primeiro, foi aplicado aos alunos das turmas, também sem consulta e de forma individual. Os resultados (notas dos alunos antes e após a aplicação do jogo) foram tabulados, usando o programa Excel 2010, e comparados entre si, tanto em termos de médias gerais das turmas como em desempenho em faixas de notas dos alunos. O jogo aplicado é composto por 32 cartelas que contém 16 símbolos de elementos químicos diferentes (Figura 1). Sua aplicação em sala foi orientada pelo professor da turma que sorteava e lia o nome do elemento químico para que os alunos marcassem com milho o símbolo sorteado. Vencia o jogo quem preenchesse corretamente a cartela primeiro.
Resultado e discussão
As notas da turma controle no 1º teste foram baixas (média de 5,6 pontos), porém, ao se reforçar os conteúdos trabalhados com exercícios, a média da turma baixou muito (– 2,2 pontos), descendo para um resultado insatisfatório (3,4 pontos). Assim, a metodologia tradicional não foi uma boa opção para o reforço de aprendizagem. Também, avaliando o desempenho desta turma em 4 faixas de notas: de 0 a 4,5 pontos (baixo aproveitamento escolar); de 5,0 a 6,5 pontos (desempenho regular); de 7,0 a 8,5 pontos (bom desempenho) e de 9,0 a 10 pontos (excelentes notas) (Fig. 2), percebe-se que a distribuição de notas nas 4 faixas piorou após a aplicação de exercícios: antes, no 1º teste, 26,9% dos alunos estavam na faixa de bom aproveitamento e 11,5% na faixa de excelência, e depois ambas as faixas passaram a ter 0,0% de alunos, ao passo que a faixa de reprovação aumentou de 26,9% para 76,9%. Assim, a metodologia tradicional não surtiu uma melhoria na assimilação dos conteúdos trabalhados. Na turma experimental houve também uma redução no desempenho da turma, pois a média desta turma passou de 6,1 para 5,2 pontos, mas este decréscimo foi apenas de –0,9 ponto ao invés de – 2,2 pontos. Assim, por mais que a aplicação de um jogo didático como mecanismo de reforço de aprendizagem tenha sortido um efeito não positivo como se esperava, esta metodologia ainda assim conseguiu superar a tradicional, pois acarretou decréscimo menor na média geral da turma. Talvez, os resultados obtidos foram aquém dos esperados pois a temática trabalhada exige um alto grau de memorização. Em termos de faixas de notas, se percebe também um efeito de redução de desempenho, mas, também se pode perceber que tal efeito negativo é muito menos acentuado do que na turma controle.
Aluno marcando com milho o símbolo químico sorteado pelo professor.
Legenda: 1º Teste = antes da aplicação do jogo e 2º Teste depois da aplicação do jogo.
Conclusões
Por mais que a aplicação do jogo na turma experimental não levou a um acréscimo de média dos alunos, mesmo assim a atividade desenvolvida teve seu valor, pois se mostrou mais eficiente do que a mera revisão de conteúdos com exercícios tradicionais, além do que foi bem aceita pelos alunos, os quais se mostraram mais estimulados e interessados em aprender Química. Assim, levando em contas também os aspectos qualitativos além dos numéricos, a atividade desenvolvida pode ser considerada uma boa técnica de ensino.
Agradecimentos
Programa Nacional de Formação Docente (PARFOR) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).
Referências
FIALHO, N. N.; Jogos no Ensino de Química e Biologia, 2ª ed., Curitiba: Ibpex, 2011. (Coleção Metodologia do Ensino de Química e Biologia, v. 8).
ROBAINA, J. V. L. Química através do lúdico: brincando e aprendendo, Canoas: Ed. Ulbra, 2008, 480p.