Autores

Martins da Silva, D. (UFPA) ; da Silva Pinheiro, D. (UFPA) ; da Silva e Souza, S.H. (SEDUC-PA) ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)

Resumo

A Química ainda é ensinada nas escolas de forma teórica e tradicional, o que é um dos fatores que levam os alunos a considerá-la difícil e desinteressante. Assim, os professores devem buscar estratégias que atraiam a atenção e motive seus alunos. Nesta perspectiva se enquadram os jogos didáticos. Neste trabalho, se aplicou um jogo didático sobre vidrarias, em uma turma de 1º ano do ensino médio de uma escola pública de Belém do Pará. Outra turma foi tomada como turma controle. Também foram aplicados testes avaliativos antes e após a aplicação do jogo. As notas obtidas nos testes foram comparados para se verificar uma possível melhoria na aprendizagem. Após a aplicação do jogo, houve uma melhoria nas notas (turma de aplicação), sugerindo que o jogo proposto foi uma boa estratégia de ensino.

Palavras chaves

atividade lúdica; ensino de química; vidrarias de laboratório

Introdução

Há uma dificuldade de se ensinar alguns temas de Química, o que leva a uma preocupação no desenvolvimento de estratégias didáticas que venham a romper com tal situação indesejada, e, nesta perspectiva, os jogos didáticos aparecem como um dos caminhos possíveis, pois podem melhorar o processo de ensino e aprendizagem, sendo ainda de baixo custo para sua produção, e serem adaptáveis pelos próprios alunos, proporcionando uma maior assimilação do assunto estudado (COELHO, 2010). Assim, este trabalho teve por objetivo aplicar um jogo sobre as vidrarias de laboratório em uma turma de 1º ano do ensino médio de uma escola pública estadual de Belém do Pará (denominada de turma de aplicação ou experimental), e tomando-se outra turma como turma controle (na qual não se aplicou o jogo, apenas aulas tradicionais) para se verificar se tal atividade didática contribuiria para uma maior assimilação do tema trabalhado previamente de forma teórica e tradicionalmente.

Material e métodos

Este trabalho foi desenvolvido em duas turmas de 1º ano do ensino médio da escola Santa Tereza D’ávila, em Belém do Pará. Uma turma foi escolhida para ser a turma experimental, isto é, turma onde o jogo seria aplicado, e a outra turma foi considerada como controle, onde não se aplicou o jogo. Ambas as turmas eram do turno da tarde e continham 34 alunos, cada uma. Primeiramente, nas duas turmas, ministrou-se uma aula sobre as vidrarias de laboratório, nomes e usos, de forma tradicional, usando como recurso apenas uma apostila contendo a teoria. Após essa aula teórica, foi aplicado, nas duas turmas, um teste de múltipla escolha, valendo dez pontos. Em seguida, na turma controle foram aplicados exercícios escritos, ao passo que na turma experimental foi aplicado o Baralho das Vidrarias, jogo este confeccionado com figuras e nomes das vidrarias, e que foi construído com materiais simples e de baixo custo (papel cartão, papel A4 e cola), o que pode ser visualizado na Figura 1. Então, foi aplicado nas duas turmas novo teste de múltipla escolha, valendo dez pontos, e com o mesmo nível de dificuldade do primeiro. As notas obtidas pelos alunos das duas turmas, nos dois testes, foram tabeladas usando o programa Excel 2010. Para avaliar o desempenho dos alunos, além do cálculo das médias das turmas, também se fez uma análise dos resultados considerando quatro faixas de notas: de 0 a 4,9 (notas insuficientes); de 5 a 6,9 (notas regulares); 7 a 8,9 (notas boas); e de 9 a 10 (notas excelentes).

Resultado e discussão

Se observou que a média geral da turma controle passou de 6,0 para 6,1 pontos, apresentando uma variação média igual a 0,1 ponto, ao passo que na turma experimental a nota média da turma passou de 4,2 para 5,1 pontos, com uma variação média de 0,9 ponto. Percebe-se que, apesar das notas dos alunos da turma experimental terem sido inferiores às notas dos alunos da turma controle, a variação positiva nas notas depois da aplicação da metodologia lúdica se mostrou superior a variação de notas da turma controle, indicando que a aplicação do jogo didático teve êxito, pois apresentou um resultado numérico médio superior aos exercícios aplicados. A Figura 2 traz uma visão dos resultados das notas das duas turmas estudadas, levando-se em consideração as quatro faixas de notas já mencionadas acima. Através desse gráfico se pode notar que as notas obtidas pelos alunos da turma experimental diminuíram percentualmente na faixa de notas entre 0 e 4,9 pontos, elevando-se na faixa de 5 a 6,9 pontos, e, por mais que não se tenha obtidos resultados de excelência e se ter também reduzido a percentagem de notas de 7,0 a 8,9 pontos, ainda assim se obteve um resultado bom, pois a primeira faixa foi reduzida, sendo esta a faixa de notas de reprovação. Além disso, nota-se que para a turma controle, justamente esta faixa de notas se elevou após a aplicação dos exercícios como meio de revisão. Em termos qualitativos, a aplicação do jogo em classe foi amplamente aprovada pelos alunos, os quais expressaram sua satisfação com a metodologia através de falas como: “Gostaria de ter mais atividades assim”; “Legal aprender jogando”, o que concordam com Vygotsky (2007) quando diz que os jogos levam a uma maior interação entre os alunos e também uma maior motivação, gerando melhores desempenhos escolares.

Figura 1. Peças do jogo Baralho das Vidrarias

Comentário: Contém 64 cartas contendo nomes e figuras das principais vidrarias de laboratório.

Figura 2. Notas obtidas pelos alunos das duas turmas

Resultados obtidos nas duas turmas estudadas

Conclusões

As metodologias lúdicas, como o jogo didático “Baralho das Vidrarias” experimentado neste trabalho, podem e devem ser utilizados nas escolas do Brasil, pois servem de meios de melhorar a aprendizagem escolar de temas de Química que muitas vezes são tidos pelos alunos como desinteressantes e de difícil aprendizagem. Porém, o que também se tem a ganhar com tais práticas pedagógicas vai muito além de aspectos quantitativos (notas), ao se conseguir uma maior aproximação dos alunos tanto com os conteúdos abordados em sala, como a aproximação entre eles mesmos e o professor.

Agradecimentos

A UFPA

Referências

COELHO, Fernanda Sales, et al. Jogos e Modelos Didáticos como Instrumentos Facilitadores Para O Ensino De Biologia. 2010.
VYGOTSKY. L. S. A formação social da mente: o papel do brinquedo no desenvolvimento. 7ed., São Paulo: Martins Fontes Editores, 2007.