Autores

Freitas Moraes, P. (IFAM/CAMPUS MAUÉS) ; dos Santos Antunes, R. (IFAM/CAMPUS MAUÉS) ; Braga Venancio, R. (IFAM/CAMPUS MAUÉS) ; Mafra, A.E. (IFAM/CAMPUS MAUÉS) ; Cardoso Ferreira, B.S. (IFAM/CAMPUS MAUÉS) ; de Oliveira Mamed, V. (IFAM/CAMPUS MAUÉS) ; de Olivera Cruz, F. (IFAM/CAMPUS MAUÉS)

Resumo

O estudo da Química consiste em vastos aspectos estando presente em inúmeras atividades diárias como agricultura, medicina e até dentro da nossa cultura popular. Para Chassot (2006), “os saberes populares são os muitos conhecimentos produzidos solidariamente e, às vezes, com muita empiria”. Na busca dessa contextualização e associação do conhecimento com a prática, a turma de 27 alunos, do 3° ano do CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA DO IFAM/CMA, dividida em três grupos de nove alunos, utilizou no estudo de Funções Orgânicas, o conhecimento popular das plantas medicinais do município de Maués para confrontar com o conhecimento técnico e assim democratizar o resultado com a comunidade em todas as suas representações.

Palavras chaves

FUNÇÕES ORGÂNICAS; SABERES POPULARES; CONHECIMENTO TÉCNICO

Introdução

Buscando aprimorar o conhecimento científico, estimulando a pesquisa e contextualização do ensino de química a partir da prática cotidiana, das dúvidas temporárias e certezas provisórias dos alunos, minimizando as dificuldades de compreensão da nomenclatura e função dos compostos orgânicos,foi utilizada a biodiversidade vegetal e cultural de ervas medicinais do município de Maués como temática no estudo de Funções Orgânicas, por se tratar de uma prática tradicional e efetiva entre as famílias do município. Deste modo, a turma do 3° de Agropecuária,valorizando a tradição e os saberes populares, que aliados ao conhecimento técnico científico (implantação de áreas produtivas-hortas, cultivo orgânico de plantas, controle de qualidade e armazenamento da produção, incentivo à agricultura familiar, assistência técnica aos produtores interessados no cultivo) permitiu uma abordagem de forma dinâmica e interdisciplinar através do emprego de uma linguagem interessante sobre o tema grupos funcionais e nomenclatura de compostos orgânicos.

Material e métodos

A aprendizagem de funções orgânicas passa necessariamente pela utilização de fórmulas, nomenclaturas, símbolos, enfim, de uma série de representações que muitas vezes pode parecer muito difícil de ser absorvida. Para desmistificar essas representações, consideradas pelos alunos, tão teóricas, aplicou-se uma proposta metodológica utilizando a cultura medicinal de plantas que consistiu em uma atividade realizada por três grupos, nas seguintes etapas: 1) Averiguação do conhecimento pré-existente a respeito da temática, plantas medicinais: visita técnica nos centro dos idosos e feirantes que comercializam esse produto, apresentação do grupo 1, através de teatro dessa prática efetiva. 2) Tabulação do conhecimento técnico do aluno referente ao cultivo, extração de modo sustentável, controle de qualidade e armazenamento de ervas. 3) Identificação dos componentes químicos que conferem às plantas medicinais e delimitação pelos próprios grupos de alunos dos princípios ativos a serem estudados, os quais foram agrupados em três blocos, segundo sua natureza química: A) Glicídeos, Lipídios, Proteínas, Vitaminas, Minerais; B) Alcalóides, Glicosídeos, Essências e Resinas; C) Ácidos Orgânicos, Taninos. 4) Pesquisa do nome científico das plantas, nomenclatura e fórmulas estruturais dos componentes químicos, indicações e contraindicações. 5) Apresentação e exposição no próprio campus das etapas três e quatro, através de uma horta medicinal urbana, desenvolvida pelos grupos 2 e 3, com etiquetas identificando os dados pesquisados. E assim a proposta de ensino de funções orgânicas associada às plantas medicinais permitiu o desenvolvimento de uma metodologia de inserção do conhecimento do técnico em Agropecuária com a sabedoria popular do município de Maués.

Resultado e discussão

Os saberes populares, manifestados como chás medicinais, artesanatos, mandingas, culinária, entre outros, fazem parte da prática cultural de determinado local e grupo coletivo. São conhecimentos obtidos empiricamente, a partir do “fazer”, que são transmitidos e validados de geração em geração, principalmente por meio da linguagem oral, de gestos e atitudes (GONDIM, 2007). Assim a atividade que foi desenvolvida na turma de 27 alunos do curso Técnico em Agropecuária IFAM/CMA, evidenciando uma abordagem da simbologia de substâncias orgânicas através da associação do conhecimento técnico e a cultura medicinal de plantas foi uma proposta eficaz no processo de ensino aprendizagem do conteúdo de Química, pois foi observado o interesse nos alunos pelo desenvolvimento da atividade, interdisciplinaridade na busca da compreensão do processo de pesquisa científica, criatividade teatral, desenvolvimento de habilidade técnica, responsabilidade coletiva no desenvolvimento do trabalho e a compreensão sobre a importância no conhecimento dos saberes populares sobre plantas medicinais. Sendo exitório o resultado da atividade desenvolvida nos estudo de funções orgânicas, pois envolveu as múltiplas dimensões do eixo tecnológico do curso e das ciências e tecnologias a ele vinculadas.

Conclusões

Em todas as suas ações, a atividade promoveu o resgate cultural da utilização de plantas medicinais, valorizando a tradição e os saberes populares, que aliados ao conhecimento técnico elucidaram o estudo de funções orgânicas, nomenclatura e fórmulas estruturais e, ainda motivou o aluno do curso de Agropecuária a uma prática mais extensiva de educação ambiental, através de trabalhos educativos com os diversos públicos e um possível despertar de consciência ecológica, quanto a importância da preservação da biodiversidade e cultura popular.

Agradecimentos

Referências

CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 4. ed. Ijuí: Unijuí, 2006.

GONDIM, M. S. C. A inter-relação entre saberes científicos e saberes populares na esco¬la: uma proposta interdisciplinar baseada em saberes das artesãs do Triângulo Mineiro. 2007. 174 f. Dissertação (Mestrado Profissionalizante em Ensino de Ciências) – Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências, Universidade de Brasília, Brasília, 2007.