Autores

Silva, C.N. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Assis Jr., P.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS)

Resumo

A química envolve a leitura e interpretação de nomenclaturas e códigos que exigem a utilização de estratégias de ensino que favoreçam a incorporação de conceitos. O jogo é uma atividade através da qual o aluno, conscientemente, presta atenção sobre a situação apresentada, pensa sobre ela, identifica, interpreta, organiza e reconstrói as informações para solucionar os problemas apresentados. O presente trabalho relata a confecção do jogo: dominó dos isômeros, abrangendo assuntos de Química Orgânica, como isomeria plana. Através da experiência em sala de aula podemos concluir que a metodologia lúdica possibilitou a melhoria do processo ensino-aprendizagem.

Palavras chaves

dominó; ensino-aprendizagem; isomeria

Introdução

Há muito tempo acreditava-se que a aprendizagem acontecia pela repetição e que o insucesso dos professores consistia apenas aos estudantes que não aprendiam. O uso de jogos didáticos, em geral, pode ser uma ajuda para o ensino de conceitos e aspectos, uma vez que além de proporcionar aos alunos informações expressivas no palco do conhecimento, ainda abusam do lado afetivo e social do aluno. É nessa conjuntura que o jogo didático recebe espaço como instrumento motivador para ensino e aprendizagem de conhecimentos químicos no alcance em que sugere o estímulo ao interesse do aluno. A palavra ‘lúdico’ vem do latim ludus e está relacionada a divertimento, brincadeira, ao ato de brincar (TEZANI, 2011). Quando aplicado no ensino dos conteúdos de Química, Oliveira et al. (2011) creem que o lúdico torna o devaneio de ideias e conceitos um caso caracterizado como problema, pois os estudantes carecem decodificar fórmulas e reações muitas vezes nunca imaginadas por eles. O jogo didático, empregado como um recurso para completar lacunas na arte de aprendizagem do aluno tem sua importância abonada no espaço escolar pela sua habilidade de estimular o aluno a construir ativamente seu aprendizado, levando-o ao deleite e ao esforço automático. O jogo didático deveria fazer jus a um espaço e um tempo maior no exercício pedagógico cotidiano dos professores. Em tempo futuro eles serão utilizados na escola como um material de base que possa tornar as aulas de química mais interessante e menos iguais. Os aspectos lúdicos e cognitivos presentes no jogo são importantes estratégias para o processo ensino-aprendizagem de conceitos difíceis de serem absorvidos e compreendidos dentro da metodologia tradicional de quadro e pincel.

Material e métodos

O “Dominó dos Isômeros” foi confeccionado utilizando madeira, que foi cortada em vinte e oito peças para compor o jogo. Em seguida as mesmas foram polidas para dar um acabamento. Foram escritas também vinte e oito (28) fórmulas de compostos orgânicos formando quatorzes (14) pares de isômeros planos. Essas fórmulas foram digitalizadas e impressas em papel para adesivar nas peças de madeira. Os compostos apresentados no jogo são pertencentes às funções orgânicas mais comuns como: hidrocarboneto, álcool, enol, aldeído, cetona, ácido carboxílico etc. Os tipos de isomeria plana utilizados foram: de função (funcional), de cadeia, de posição, de compensação (metameria) e dinâmica (tautomeria). O número de participantes é de dois (2) ou quatro (4) alunos/grupos. Cada jogador retira sete (7) peças. Inicia aquele que apresentar a peça que tem as fórmulas moleculares (Figura 1) dos isômeros (C5H10; C4H10O; C5H10O; C4H8O2; C4H7Cl; C4H11N; C4H9ON nesta ordem). Em seguida devem ser colocadas as peças que formam esses isômeros e assim formando os pares de isômeros até que as peças se acabem. A aplicação do projeto foi realizada em duas partes, numa escola da rede pública do município de Parintins/AM. No primeiro momento houve uma revisão sobre os conteúdos que seriam abordados no instante em que ocorresse a aplicação do jogo, essa aula foi de grande importância para retomarmos conceitos sobre isomeria plana. No segundo momento aconteceu aplicação do jogo. Onde a turma participou e ficara maravilhada com o método que foi proposto, simples, porém divertido (Figura 2). Onde deixaram o método tradicional de lado e despertou-os um espírito esportivo e ao mesmo tempo os ajudou a assimilar o conteúdo dado na teoria coma prática abordada pelo lúdico.

Resultado e discussão

O jogo quebrou a barreira das aulas expositivas anteriormente administradas, deixando os alunos mais descontraídos e interessados pela aprendizagem e domínio do conteúdo, além de demonstrar aos próprios alunos que eles possuíam capacidade de aprendizagem da disciplina. A atividade lúdica foi uma metodologia educacional positiva, para uma aula mais dinâmica. O conteúdo aplicado no jogo sempre foi anteriormente ministrado em sala de aula e/ou no laboratório, através de aulas expositivas introdutórias necessárias para uma melhor compreensão final do conteúdo. O jogo tornou-se um complemento para o desejo da concretização do conhecimento. A eficiência da metodologia aplicada pode ser evidenciada pelos resultados. Durante a aplicação do “Dominó dos Isômeros”, verificou-se uma grande participação dos alunos na discussão do assunto, antes do jogo a interação da turma era mínima. Assim, de acordo com os métodos abordados, poderemos concluir que ensinar brincando pode ser de fato mais hábil e bem-sucedido do que aulas apenas com os métodos tradicionais, pois o lúdico torna o processo de ensino- aprendizagem mais fácil e dinâmico. A partir dessas pressuposições, podemos afirmar que o presente trabalho integra uma atividade lúdica no processo de ensino e aprendizagem a um conteúdo da disciplina Química. A pesquisa mostra como os alunos concebem o papel das atividades lúdicas no desenvolvimento de seu aprendizado e no estudo de isômeros na Química Orgânica.

Peças do Dominó com as fórmulas moleculares.


As peças formando os isômeros.

Conclusões

A maior parte dos alunos conseguiu construir seus próprios conhecimentos a partir dos conceitos químicos trabalhados a partir da atividade lúdica. Isto só foi possível porque o jogo, ao possibilitar a vivência com o conteúdo estudado, é capaz de despertar nos educandos o interesse pelo assunto. O experimento mostrou que o aspecto lúdico e cognitivo presente em atividades dessa natureza as tornam importantes estratégias para melhorar o processo de ensino e aprendizagem da Química, principalmente ao tratar dos conceitos abstratos e complexos que permeiam os conteúdos da disciplina.

Agradecimentos

Ao colegiado do curso de Licenciatura em Química do Centro de Estudos Superiores de Parintins (CESP) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Referências

MENEGOLLA, M., E agora, aluno? Petrópolis: Editora Vozes. 2. ed., 1995.
OLIVEIRA, P. M., SANTOS, R. A., FERREIRA, A. & SILVA, S. K. Jogos e atividades lúdicas: proposta de aplicação para otimização do ensino de química no conteúdo de soluções. 2011.
TEZANI, T. C. R. O jogo e os processos de aprendizagem e desenvolvimento: aspectos cognitivos e afetivos. Educação em Revista, v. 7, n. 1-2, p. 1-16, 2011.