Autores

Silva, A.M. (UFC) ; Oliveira, R.C.F. (UFC)

Resumo

Este trabalho teve como objetivo avaliar a melhoria do processo de ensino e aprendizagem de Química no Ensino Médio, por meio da aplicação de oficinas temáticas: a)Química dos alimentos - composição e nutrição; b)Química dos medicamentos - composição e usos; c) Química e a água - propriedades e tratamento de água, para alunos da Escola Estadual José Joacy Pereira na nucleada de Pindoba, em Aratuba-CE. A partir da realização das oficinas temáticas, os alunos puderam aprimorar a compreensão de conceitos relacionados à Química, proporcionando a contextualização do ensino, mostrando que os conteúdos abordados nas aulas têm relação direta com o cotidiano.

Palavras chaves

Oficinas Temáticas; Ensino de Química; Ensino Médio

Introdução

A importância do ensino de Química vem sendo justificada pela necessidade da formação do cidadão para que este tenha maior compreensão e criticidade ao participar da sociedade atual. Santos e Schnetzler (1996) consideram que a função do ensino de Química é desenvolver a capacidade de tomada de decisão, o que implica a necessidade de vinculação do conteúdo trabalhado com o contexto social em que o aluno está inserido. A busca por um ensino de qualidade, em especial o ensino de Química, é um grande desafio, e uma das alternativas adotadas por muitos professores e pesquisadores para trabalhar com o conhecimento químico são os temas. No processo de organização do conhecimento a partir de temas, há a necessidade de vinculá-los a acontecimentos comuns, para que se possibilite outra leitura do mundo, envolvida pela química, que conduza à ampliação do modo de pensar esses fatos (SCHNETZLER, 2010). O presente trabalho apresenta uma experiência de ensino através de oficinas temáticas visando a aprendizagem de conceitos científicos e tecnológicos, o estabelecimento de relações entre a ciência e a sociedade e o desenvolvimento de atitudes cidadãs (GIL-PEREZ et al., 2005), propiciando aos alunos a vivência no processo de ensino-aprendizagem, desde o planejamento até o desenvolvimento e produção dos materiais utilizados, identificando as dificuldades e motivações de aprendizagem em química.

Material e métodos

A pesquisa foi aplicada em uma escola da rede estadual de ensino na nucleada Sítio Pindoba da cidade de Aratuba-CE. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram questionários, relatórios, observações e anotações do pesquisador. No início da pesquisa levantou-se algumas hipóteses que nortearam a elaboração das intervenções aplicadas na escola: 1. Escolha das oficinas temáticas abordadas em sala de aula; 2. Através das oficinas temáticas proporcionar aproximação dos alunos com os temas relacionados à ciência e a tecnologia na sociedade e com isso despertar o interesse pelos conteúdos; 3. Mostrar aos alunos a importância da Química no dia a dia através das oficinas temáticas. As intervenções aplicadas na escola foram elaboradas a partir das hipóteses iniciais e do questionário para os alunos aplicado na primeira intervenção e teve por finalidade conhecer os alunos, quais suas expectativas de futuro, seus conhecimentos sobre a Química e os itens que discorriam sobre dificuldades e motivações para aprendizagem em química. Os alunos desta pesquisa pertenciam as três séries do ensino médio,totalizando 42 alunos. Cada oficina, permitiu o aprofundamento de um determinado tema, através da experimentação, debates e painéis, com uma ativa participação dos integrantes. O acompanhamento dos alunos foi feito através da aplicação de dois questionários e do preenchimento de um roteiro de observação. O primeiro questionário, aplicado no início da oficina, tinha o intuito de conhecer as ideias dos alunos sobre o tema; o segundo, após o término da atividade, objetivava avaliar a contribuição da oficina para a formação de conceitos e ampliação de conhecimento. Os temas abordados nas oficinas foram: Água, Medicamentos e Alimentos.

Resultado e discussão

Dos 42 alunos, 52 % (alunos do 2° e 3° anos), já tinham participados de aulas práticas, já 48 % (alunos do 1° ano), não tiveram aulas práticas (fig. 1). 36% dos alunos não possuem dificuldades na aprendizagem de Química. Na concepção dos alunos foram citadas a falta de “complexidade dos conteúdos químicos”, obtendo um índice de 21%. Observou-se também que 21% citaram a falta de “base matemática” na aprendizagem de Química. Para 12 % as dificuldades com a disciplina deve-se a falta de de atenção. Para a categoria “dificuldades de atenção” o índice foi de 10% (fig. 2). Quando questionados sobre a motivação para aprender química, 79% dos alunos afirmaram sentir-se motivados e 21% afirmaram não se sentirem motivados. Os resultados das oficinas aplicadas foram: a) água - sobre o tratamento, 90% não sabiam e 10% sabiam como ocorria esse processo. O resultado pode estar relacionado com o fato de em suas casas não receberem água da estação de tratamento, pois a água utilizada vem de poços profundos. 52% dos alunos fazem plano de reuso e 48% afirmaram não reutilizar a água, não sabiam ou não quiseram justificar a respeito do reaproveitamento; b) medicamentos - os alunos foram questionados se eles possuíam o hábito de ler bulas dos medicamentos que eles utilizavam e 93% não leem bulas de remédio. Na pós-oficina eles aprenderam a ler aspectos importantes das bulas. Eles também apontaram alguns medicamentos que são adquiridos sem prescrição médica; c) alimentos - 67% consideram ter uma alimentação saudável. Algumas justificativas foram: “Só como alimentos naturais, por exemplo, frutas e verduras". 33% respondeu não ter uma alimentação saudável, por não "gostarem muito de legumes e verduras”, pois gostam mais de "massas e refrigerantes”.

Figura 1 - Aulas Experimentais

Alunos que tiveram aulas experimentais de Química.

Figura 2 - Dificuldades na Aprendizagem

Dificuldades na aprendizagem em Química.

Conclusões

Além da melhoria da aprendizagem dos conceitos químicos específicos estudados, os alunos da EEM José Joacy Pereira - Aratuba-CE, aprenderam a respeito da importância das etapas do tratamento de água e seu reaproveitamento, a composição e usos dos medicamentos e a composição e nutrição dos alimentos. O ensino contextualizado é motivador do aprendizado. Ele prende a atenção dos alunos e proporciona a articulação de raciocínio através da relação dos conceitos trabalhados com outros já conhecidos ou observados na natureza e no dia-a-dia.

Agradecimentos

1.Escola Estadual José Joacy Pereira na nucleada de Pindoba (Aratuba-CE). 2.Coordenação do Curso de Licenciatura Semipresencial em Química. 3.Instituto UFC Virtual.

Referências

GIL-PEREZ, D. et al. ¿Cómo promover el interés por la cultura científica? Una propuesta didáctica fundamentada para la educación científica de jóvenes de 15 a 18 años. In: Década de la Educación para el desarrollo sostenible. UNESCO (Oficina Regional de Educación para América Latina y el Caribe), 2005.

SANTOS, W. L. P. e SCHNETZLER, R. P. Função social: o que significa ensino de química para formar o cidadão? Química Nova na Escola, 4, 28-34, 1996.

SCHNETZLER, R. P. Apontamentos sobre a História do Ensino de Química no Brasil. In: SCHNETZLER, R. P.; SANTOS, W. L. P. Ensino de Química em Foco. Ijuí: Unijuí, 2010.