Autores

de Cássia Brito de Souza, C. (UFRA) ; Curcino Frota, R. (UFRA) ; Queiroz Pereira, M. (UFPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; Gonçalves, J. (UFRA) ; da Silva e Souza, S.H. (SEDUC - PA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)

Resumo

Jogos são bem vindos como práticas pedagógicas pois promovem a socialização dos alunos, e são baseados em desafios que mobilizam emoções agradáveis. Também aproximam os conteúdos químicos dos jovens estudantes que geralmente encaram tal disciplina como difícil e desinteressante. Neste trabalho, se buscou aplicar um jogo didático sobre tabela periódica, em uma turma de 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública de Santo Antônio do Tauá, no Pará. Foram aplicados testes avaliativos antes e após a aplicação do jogo, e as notas obtidas pelos alunos foram comparadas para se verificar uma possível melhoria na aprendizagem. Percebeu-se que houve uma melhoria nas notas dos alunos após a aplicação do jogo, o que sugere ser a atividade lúdica uma boa estratégia de ensino.

Palavras chaves

LÚDICO; ENSINO DE QUÍMICA; TABELA PERIÓDICA

Introdução

A Química é uma disciplina que muitas vezes provoca aversão nos alunos por costumar ser ministrada apenas de forma teórica, através da memorização de fórmulas e símbolos (LIMA, 2012). Por outro lado, o jogo didático pode ser encarado como uma alternativa para o professor, pois pode motivar o aluno para o estudo dessa disciplina, levando o aluno a ter uma atitude mais participativa em sala de aula, além de poder possibilitar uma maior aproximação entre professor e o aluno, facilitando o processo de ensino-aprendizagem (ALMEIDA, 1981). Além disso, o jogo pedagógico ou didático objetiva proporcionar determinadas aprendizagens que o diferenciam de outros materiais pedagógicos, pois ele apresenta além do aspecto didático, o aspecto lúdico, que pode ser utilizado para atingir determinados objetivos pedagógicos, sendo uma alternativa para melhorar o desempenho dos estudantes em alguns conteúdos de difícil aprendizagem (CUNHA, 1998; GOMES e FRIEDRICH, 2001, KISHIMOTO, 1996). O presente trabalho objetivou aplicar um jogo de tabuleiro sobre a temática tabela periódica em uma turma de nono ano do ensino fundamental de uma escola pública municipal da cidade de Santo Antônio do Tauá, no nordeste do estado do Pará, para se verificar se tal atividade contribuiria para uma maior assimilação do tema trabalhado previamente de forma teórico e tradicionalmente.

Material e métodos

O universo da pesquisa foi composto por 20 alunos de uma turma do 9º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Major Cornélio Peixoto, localizada em Santo Antônio do Tauá, na região nordeste do Estado do Pará. Inicialmente foi trabalhada a temática elementos químicos e tabela periódica de forma teórica e tradicional (usando apenas livro didático e lousa e giz). Após essa aula, foi aplicado um teste contendo dez questões de múltipla escola, valendo um ponto cada questão, e executado individualmente por cada aluno e sem consultar nenhum material. Depois, foi trabalhado o reforço de aprendizagem através do jogo “Corrida na Tabela Periódica” (construído com materiais simples e de fácil aquisição), sendo que tal jogo é constituído de um tabuleiro, representando a tabela periódica moderna, cinco pinos (uma para cada jogador) e um dado. Então, outro teste avaliativo, de mesmo grau de dificuldade do primeiro, foi aplicado aos alunos da turma, também sem consulta e de forma individual. Os resultados (notas dos alunos antes e após a aplicação do jogo) foram tabulados, usando o programa Excel 2010, e comparados entre si, tanto em termos de médias gerais da turma como em desempenho em faixas de notas dos alunos.

Resultado e discussão

A Tabela 1 traz as notas obtidas pelos alunos nos testes aplicados antes e depois da execução do jogo em sala de aula. A variação da média geral da turma foi positiva (0,70 pontos), por mais que pequena, o que indica a melhoria na aprendizagem dos alunos através da inserção da metodologia lúdica, o que também pode ser notado em cada aluno individualmente, pois esses ou não apresentaram nota maior após a aplicação do jogo, ou subiram sua nota, nunca tendo um rebaixamento de nota. Agrupando-se as notas da turma em quatro intervalos de notas: de zero a quatro e meio, que corresponde a notas de baixo aproveitamento escolar e reprovação do aluno; de cinco a seis e meio, que corresponde a um desempenho regular do aluno; de sete a oito e meio, que corresponde a um bom desempenho; e de nove a dez, que se pode considerar um excelente resultado, obteve-se o gráfico da Figura 1. Percebe-se que o desempenho da turma foi melhorado depois da revisão de conteúdos através do jogo didático aplicado à turma, pois houve a redução significativa de alunos com notas na faixa de desempenho regular, que antes da aplicação do jogo era de um percentual da turma igual a 15% indo para 0%. Por outro lado, a faixa de notas boas (de 7,0 a 8,5) subiu de 30% para 35% e a faixa de notas excelentes (9 e 10) saltou de 35% para 65%. Desta forma, a metodologia lúdica se revelou uma boa opção metodológica para essa turma. Essa melhoria em parte pode ser atribuída ao que destaca Vygotsky (2007), ou seja, que as atividades lúdicas podem levar a uma maior interação entre os alunos e também uma maior motivação, o que gera melhores desempenhos escolares.

Tabela 1. Pontuação obtida pelos alunos do 9º ano nos testes de sonda

Legenda: Teste 1 = antes da aplicação do jogo e Teste 2 = depois da aplicação do jogo.

Figura 1. Resultados dos alunos por faixa de notas

Legenda: 1º Teste = antes da aplicação do jogo e 2º Teste depois da aplicação do jogo.

Conclusões

A aplicação de uma atividade lúdica pode ser considerada uma boa opção para se reforçar ou rever conteúdos de química no 9º ano do ensino fundamental, pois, além de se constituir em um momento descontraído de aprendizagem, facilitando a interação e socialização dos alunos, promover a aproximação dessa ciência com os jovens alunos, também, conforme constatado nesta pesquisa, pode contribuir para uma aprendizagem mais ampla e efetiva.

Agradecimentos

Ao Programa Nacional de Formação Docente (PARFOR) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

Referências

ALMEIDA P. N. de. Dinâmica Lúdica: Técnicas e Jogos Pedagógicos. 3. ed.. São Paulo: Loyola, 1981.

CUNHA, N.. Brinquedo, desafio e descoberta. Rio de Janeiro: FAE, 1988.

GOMES, R. R.; FRIEDRICH, M. 2001. A Contribuição dos jogos didáticos na aprendizagem de conteúdos de Ciências e Biologia. In: EREBIO 1, 389-92.

KISHIMOTO, T.M.. O Brincar e suas teorias. São Paulo: Thomson Learning, 2002.

LIMA, J. R. C.. Química: É Praticando Que Se Aprende, 2012. Disponível em:> HTTP://www.nead.fgf.edu.br/novo/material/monografias_quimica/JOSE_ROBERTO_DA_CUNHA_LIMA.pdf>. Acesso em : 06/06/2016.

VIGOTSKY. L. S. A formação social da mente: o papel do brinquedo no desenvolvimento. 7ed., São Paulo: Martins Fontes Editores, 2007.