Autores

Coutinho, L.C.S. (UERR) ; Lima, R.C.P. (UERR) ; Rizzatti, I.M. (UERR) ; Flôres, A.M.R.S. (UERR) ; Oliveira, M.K. (UERR)

Resumo

O trabalho tem como objetivo apresentar os resultados obtidos em uma pesquisa realizada sob a luz da TAS de D. Ausubel e TEN J.Novak, utilizando como ferramentas de avaliação Mapas Conceituais. Foi investigado o processo de assimilação dos conceitos de eletroquímica em uma turma da 2ª Série do Ensino Médio em Boa Vista/RR. A intenção da pesquisa foi de reforçar a ideia de o professor buscar ferramentas pedagógicas que lhes auxiliem no processo de transmissão de conhecimento indo de encontro aos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio voltado à área de química. Os resultados apresentaram indícios que a experimentação favorece o processo de ensino, estimulando a curiosidade e complementando a aula teórica sendo, portanto, eficaz o seu uso como função facilitadora da assimilação

Palavras chaves

Assimilação de Conceitos; Mapas Conceituais; Experimentos Químicos

Introdução

A necessidade de relacionar os conteúdos didáticos com o cotidiano vem sendo amplamente discutida em encontros de pesquisadores de todas as áreas. Os professores estão buscando novos métodos para chamar a atenção dos alunos em sala de aula, tentando assim dinamizar suas aulas e transmitir os conhecimentos de forma contextualizada. A química está em todos os lugares. Por esse motivo, fazer essa relação não é uma tarefa difícil, precisa apenas da dedicação do professor em buscar instrumentos e ferramentas pedagógicas que, baseado nos conceitos estudados, auxiliem de forma simples o aprendizado. A experimentação pode ser uma forma amplamente utilizada por professores de química. No entanto, muitos alegam a falta de laboratórios de ciências, o tempo curto de aula e a falta de material como empecilhos para que as aulas práticas aconteçam, continuando assim apenas as aulas expositivas, limitadas ao uso do livro didático que, segundo os alunos, na maioria das vezes são aulas repetitivas e com fórmulas de difícil compreensão no quadro branco, não existindo a contextualização, ou seja, relação do conteúdo com o seu cotidiano. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – PCNEM (BRASIL, 1988), em seu texto relacionado ao ensino de química, afirma que o professor deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos processos químicos em si, quanto da construção de um conhecimento científico. A contextualização, o respeito ao desenvolvimento cognitivo e afetivo e o desenvolvimento de competências e habilidades são elencadas como os pilares que sustentam o conhecimento da química. O ensino de química foi recentemente muito discutido para a elaboração da Base Nacional Comum (BRASIL, 2016), uma cartilha elaborada para a renovação e o aprimoramento da educação básica como um todo, que visa definir os conhecimentos essenciais aos quais os alunos brasileiros têm direito. Referente aos conhecimentos da área é tratado sobre a importância do ensino desta ciência para que os alunos do Ensino Médio desenvolvam sua criticidade podendo reconhecer como a química influencia suas vidas, a sociedade e o mundo no qual estão inseridos. Indo de encontro com as ideias apresentadas no documento supramencionado, Ausubel coloca como fase importante nesse processo a Teoria da Assimilação, na qual a estrutura cognitiva é modificada. Conforme a teoria, quando se aprende uma nova ideia ¨a¨ por meio da relação e da interação com a ideia “A” estabelecida na estrutura cognitiva, alteram-se ambas as ideias e ¨a¨ assimila-se à ideia estabelecida “A”. Quer a ideia “A” como a nova ideia “a”, se alteram de alguma forma na formação do produto interativo “A” “a”. Pressupõe-se que o produto interativo real ou total da nova ideia do material de aprendizagem e da ideia estabelecida, seja maior e mais complexo (AUSUBEL, 2003). ¨A¨+ ¨a¨ ⇔ ¨A a¨ Quando não existem conhecimentos prévios na estrutura cognitiva do estudante, Ausubel (1978) coloca a Aprendizagem Mecânica como necessária, pois o estudante recebe as informações sem entender do que se trata ou compreender o significado do porquê, aprende exatamente como foi falado ou escrito, sem margem para uma interpretação própria. Braathen (2012) afirma que é perfeitamente possível ocorrer aprendizagem mecânica e aprendizagem significativa em um mesmo episódio de aprendizagem, em uma mesma sessão de estudos ou em uma mesma aula e que é importante agora reconhecer que as aprendizagens, Mecânica e Significativa, constituem uma dicotomia e que todo nosso conhecimento se situa em algum lugar entre os dois extremos: mecânico e significativo. Novak (1981) acrescenta os Mapas conceituais como novo modelo de avaliação, pode ser usado para buscar informações sobre os conhecimentos dos alunos durante uma única aula, numa única unidade de estudo ou curso inteiro, mas não dispensam as explicações do professor (MOREIRA E MANSINI, 2001).

Material e métodos

A pesquisa foi desenvolvida na Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, em Boa Vista-RR, com vinte alunos de uma turma de 2ª série do Ensino Médio, em duas aulas com duração de 2 horas cada, sendo a avaliação feita de maneira qualitativa por meio de mapas conceituais. No primeiro momento, ocorreu a explicação de como se constrói mapas conceituais. Em seguida, o primeiro mapa conceitual individual foi construído pelos alunos com o intuito de obter informações sobre seus conhecimentos prévios. Após este primeiro momento e baseado nos conhecimentos prévios dos alunos foi traçado uma estratégia para dar sequência à pesquisa. O conteúdo de eletroquímica foi explicado aos alunos e dois experimentos intitulados: ¨Pilha de Daniell¨ e experimento da Reação do Nitrato de Prata (aquoso) e o Cobre (sólido) foram apresentados (figura 01). Em seguida, um segundo mapa foi construído, com a intenção de obter informações sobre o que os alunos assimilaram do conteúdo e se os experimentos ajudaram na aprendizagem.

Resultado e discussão

Para a maioria dos estudantes e professores, o uso de testes de aproveitamento (habitualmente testes verdadeiro-falso, de múltipla escolha ou de resposta curta) é sinônimo de avaliação de aprendizagem. Embora este tipo de avaliação continue a desempenhar o seu papel na apreciação da aprendizagem, acredita-se ser necessário praticar um maior leque de técnicas de avaliação se quisermos encorajar os estudantes a utilizar melhor o seu potencial humano. As avaliações utilizando Mapas conceituais são pouco utilizadas por professores, com isso, muitos alunos não conhecem esse modelo. Essa foi a maior dificuldade encontrada durante a pesquisa, porém, mesmo os alunos não tendo domínio sobre o novo método de avaliação, os resultados dos vinte estudantes participantes indicaram características de assimilação dos conceitos após a apresentação dos experimentos. A figura 2 mostra dois mapas conceituais de um dos alunos como forma de exemplo em distintos momentos, um antes da explicação do conteúdo e dos experimentos e outro após o processo. O Mapa Conceitual 1 não apresenta conceito, apenas a palavra “oxirredução” solta que, segundo a teoria de Ausubel (1978), demonstra a falta de conhecimentos prévios sobre os assuntos, sendo necessária a intervenção que o autor chama de Aprendizagem Mecânica. Todos os conceitos relacionados aos experimentos eletroquímicos foram explicados, neste momento, alguns estudantes recordaram alguns conceitos, como o numero de nox, cátions e ânions, outros afirmaram que não recordavam ou que a professora de química não tinha explicado. Com esse procedimento, criamos subsunçores sólidos para a melhor assimilação de novos conceitos. Após esse processo, os dois experimentos eletroquímicos foram apresentados. Os estudantes ficaram bastante interessados e admirados conforme os experimentos iam acontecendo, pois conseguiam visualizar e relacionar o que tinham visto na teoria e também, que se tratava de uma nova metodologia para a turma, pois nenhum professor havia realizado antes. Alguns chegaram a comentar: ¨isso é que é aula de química¨ ¨consegui aprender professora¨, ¨a aula de hoje foi muito legal¨. Um fator importante que está diretamente relacionado a esta pesquisa que os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio voltado a área de química cita, é a necessidade da apresentação de experimentos ou exemplos relacionados aos assuntos que estão sendo ministrado, porém, apesar dessa pratica ser bem antiga, muito professores não utilizam esse tipo de ferramenta pedagógica, muitas vezes por falta de materiais nas escolas, o fator tempo de aula e também pelo fato de não quererem muda sua metodologia. Analisando o primeiro e o segundo mapa, percebe-se uma relevante diferença, no segundo, o estudante conseguiu construir um mapa conceitual bem mais elaborado. Nele conseguimos visualizar a estrutura cognitiva do estudante com mais conceitos sobre o conteúdo ministrado e sua organização hierárquica, esse processo apresentado no mapa 2, Ausubel, Novak e Hanesian (1978) chamam de Diferenciação Progressiva, que se dá por meio da programação dos assuntos, e é seguida utilizando-se uma série hierárquica de organizadores, cada qual precedendo a sua unidade correspondente de material detalhado e diferenciado, e colocando o material dentro de cada unidade em ordem decrescente de inclusividade e a Reconciliação Integrativa está no pressuposto de que as considerações pedagógicas são adequadamente satisfeitas se tópicos que se sobrepõem e são manipulados de forma auto continente, de modo que cada tópico só é apresentado em um dos vários lugares possíveis onde o tratamento é relevante. Já Krubniki (2009), afirma que essas são as regras, mas não se trata de um modelo obrigatório, o que deve ficar claro em um mapeamento conceitual são os conceitos contextualmente mais importantes e os secundários ou específicos, e continua afirmando que não existe mapa conceitual “correto”. O estudante apresenta o seu mapa dando evidências de como o conteúdo está sendo assimilado. O que chama a atenção no segundo mapa, e a relação dos conceitos com os reagentes utilizados na ¨Pilha de Daniell¨, isso demostra a necessidade de o professor sempre inovar em suas aulas, com certeza, os estudantes prestam atenção no detalhes e assimilam melhor o assunto, relacionando sempre o conteúdo teórico com a prática. Neste contexto, podemos afirmar que existem evidências da assimilação dos novos conceitos de eletroquímica nos mapas conceituais analisados e que ocorreu a aprendizagem significativa do conteúdo ministrado.

Figura 01

Experimentos apresentados Fonte: Coutinho, 2015

Figura 02

Mapa Conceitual 1 – Construído antes do processo de aprendizagem. Mapa Conceitual 2 – Construído após o processo de aprendizagem. Fonte: Coutinho 2015

Conclusões

A aula apresentada com experimentos relacionados ao conteúdo eletroquímica em sala de aula demonstrou a importância de relacionar os conteúdos teóricos com a prática experimental, permitindo ao aluno compreender melhor os conceitos que foram explicados na aula teórica. Os resultados foram considerados satisfatórios, considerando os mapas conceituais exemplificados, pois é evidente a assimilação dos novos conceitos em relação aos mapas 1 e 2. A utilização de experimentos, dentro ou fora da sala de aula, deixa a aula mais interessante e, utilizando com eficiência a estratégia proposta, consegue-se chegar aos objetivos traçados.

Agradecimentos

À Gestão da Escola Estadual Presidente Tancredo Neves.

Referências

AUSUBEL. D. P. A aquisição e retenção de conhecimentos: Uma perspectiva cognitiva. 1º edição PT-467- Janeiro de 2003. Pararelo Editora LDA.

AUSUBEL, D. P.; NOVAK J. D; HANESIAN. H. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: Editora Interamericana, 1978.

BRAATHEN, P. C. Aprendizagem mecânica e aprendizagem significativa no processo de ensino-aprendizagem de Química. REVISTA EIXO n.1, v.1, jan-jun. 2012.

BRASIL, PCNEM, Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias -1988. Disponível em http://portal.mec.gov.br <Acesso em 06/01/16>

BRASIL. BASE NACIONAL COMUM. 2016. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br <Acesso em 13/06/2016>

KRUBNIKI, C. M. A utilização dos Mapas Conceituais como possibilidade de superação das dificuldades de aprendizagem. 2009. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde <Acesso em 06/01/2016.

NOVAK, J.D. Uma Teoria de Educação. São Paulo: Pioneira, 1981.

MOREIRA, M. A. E MASINI, E. F. S. Aprendizagem Significativa: A Teoria de David Ausubel. São Paulo: Centauro, 2001.