Autores

Guimarães, M.B. (IFRJ- NILÓPOLIS) ; Castro, D.L. (IFRJ- NILÓPOLIS)

Resumo

O principal objetivo do trabalho é averiguar se a construção de paródias por parte dos discentes pode ser adotada como uma estratégia de exame avaliativo em sala de aula a partir da verificação de sua potencialidade. A intervenção pedagógica ocorreu com alunos do nível de primeiro ano do Ensino Médio integrado de um instituto federal no Norte do Rio de Janeiro. Após os estudantes participarem de uma aula experimental sobre ligações químicas e a condutividade elétrica dos materiais e substâncias, foi proposto pela docente de Química Geral a confecção de paródias sobre o respectivo tema. A análise dos dados obtidos demonstrou que o recurso empregado é eficaz e uma excelente ferramenta pedagógica que propiciou um momento facilitador e motivador durante o processo de ensino e aprendizagem.

Palavras chaves

Paródia; Ligações Químicas; Ensino de Química

Introdução

Discussões sobre o uso de diversas estratégias em sala de aula por parte dos educadores com o intuito de motivar o interesse dos alunos pelo estudo de conteúdos na área de Ciências têm sido realizadas constantemente. O presente trabalho dar um enfoque nas pesquisas direcionadas a utilização de música, em especial no ensino de química, como uma importante alternativa que pode possibilitar um estreito diálogo entre os discentes, educadores e o conhecimento científico. Segundo Silveira e Kiouranis (2008), as músicas são recursos didáticos muito atrativos que proporciona um interesse e motivação no público jovem, no entanto, é de suma importância ressaltar que não pode ser usado apenas como um instrumento de memorização, pois, desse modo, abandonará seu potencial articulador de emoções, motivações e a aspiração pela aprendizagem, e consequentemente pode não propiciar uma aproximação dos saberes rotineiros com os saberes escolares e o conhecimento científico (SILVEIRA; KIOURANIS, 2008, p. 30). Considerar a música como uma alternativa lúdica e de baixo custo, que oportuniza o aluno uma aproximação com o tema a ser estudado, de uma maneira prazerosa são benefícios que pode ser listados para o emprego da música como recurso didático-pedagógico (BARROS; ZANELLA; JORGE, 2013, p. 82). Considerando-se o exposto, foi realizada uma intervenção em uma turma do primeiro ano do ensino médio com a intenção de analisar se a produção de paródias por parte dos discentes pode ser adotada como uma estratégia de exame avaliativo nas aulas de Química a partir da verificação da potencialidade desse recurso.

Material e métodos

A intervenção pedagógica foi realizada em uma turma do 1° ano do Ensino Médio integrado de uma instituição federal do Norte do Rio de Janeiro. Os alunos participaram de uma aula experimental cujo tema foi ligações químicas a qual abordava os conceitos de ligação iônica, covalente e metálica. Com o intuito de expor aos alunos uma aplicação prática desse assunto foi confeccionada uma sequência didática que consistia em uma aula prática experimental e aplicada no laboratório de Química pela professora de Química Geral. A aula referia-se ao teste de condutibilidade elétrica de substâncias e materiais como: cloreto de sódio sólido e dissolvido em água, açúcar sólido e dissolvido em água, água destilada e água da torneira, ácido clorídrico, vinagre, barra de cobre e colher metálica. Após o término da aula, os alunos foram separados em pequenos grupos e orientados a confeccionarem uma paródia, como forma avaliativa, sobre os conteúdos de ligações químicas relacionando com a condutividade dos materiais e substâncias. Os discentes apresentaram suas produções por intermédio de um vídeo e descreveram em um breve relatório a respeito de suas dificuldades e motivações ao confeccionarem o produto final.

Resultado e discussão

Todos os vídeos e relatórios foram analisados e selecionou-se o trabalho de um grupo que conseguiu interligar todos os conceitos estudados em aula de uma maneira coerente, coesa e criativa. Na paródia denominada Rap das Ligações, os integrantes do grupo tiveram a preocupação de não somente abordar os conteúdos de uma maneira clara e objetiva, mas atentaram-se também com a estrutura estética da letra. Foi identificada essa questão em um recorte da paródia (Quadro 1), uma vez que as estrofes da música foram constituídas de rimas ao final de cada verso. Ademais, é possível identificar ao longo da letra que os discentes ao explicar a ligação covalente se importam em integrar sutilmente o nome de Gilbert Newton Lewis, o físico-químico americano que descobriu a ligação covalente e o conceito de pares de elétrons (Quadro 2). Esses pontos observados e descritos explicitam a dedicação e criatividade que os discentes tiveram ao confeccionarem a paródia. Os relatos descritos pelos membros do grupo foram analisados com um enfoque qualitativo por intermédio da análise textual discursiva (MORAES; GALIAZZI, 2007). Os alunos relataram que após várias conversas, as ideias foram surgindo e conseguiram realizar o esboço da paródia. Em seus relatos eles afirmam: “Após letra pronta, enviamos para a professora e ganhamos uma dica e uma correção, e obviamente não deixamos escapar essa oportunidade... Corrigimos e aperfeiçoamos o que tínhamos feito, e pronto, estava ótima”. Nesse trecho é importante ressaltar a interação aluno-professor identificada na fala do grupo. Segundo Müller, o docente deve propiciar um ambiente educativo de comunicação entre os alunos e intervi à medida que os alunos requerem, além de colocá-los como indivíduos de sua própria reflexão (MÜLLER, 2002, p. 277).

Quadro 1

Trecho da paródia “Rap das Ligações” que comenta a regra do octeto e suas exceções.

Quadro 2

Trecho da paródia “Rap das Ligações” que comenta a ligação covalente.

Conclusões

Com o intuito de averiguar se o uso de paródias pode ser empregado como exame avaliativo por docentes em suas aulas, identificou-se por intermédio da análise dos resultados que essa ferramenta didática foi motivadora para os alunos. A paródia destacada demonstra claramente que o grupo ao confeccioná-la teve um grande comprometimento com o trabalho e conseguiram trabalhar todos os conceitos científicos que envolvem as ligações químicas de um modo criativo frente ao desafio de expressarem de forma diferenciada o assunto estudado nas paródias.

Agradecimentos

A todos os discentes do IFF Campus-Macáe que participaram da pesquisa e ao PROPEC do IFRJ Campus Nilópolis.

Referências

BARROS, Marcelo Diniz Monteiro de; ZANELLA, Priscilla Guimarães; JORGE, Tania Creonionini de Araújo. A música pode ser uma estratégia para o ensino de Ciências Naturais? Analisando concepções de professores da educação básica. Revista Ensaio. v.15, n. 1, p. 81-84, jan-abr, Belo Horizonte, 2013.

MORAES, Roque; GALIAZZI, Maria do Carmo. Análise textual discursiva. Ijuí, 2007.

MÜLLER, Luiza de Souza. Interação professor-aluno no processo educativo. Integração: Ensino-Pesquisa-Extensão, Ano VIII, n. 31, p. 276-280, nov, 2002.

SILVEIRA, Marcelo Pimentel da; KIOURANIS, Neide Maria Michellan. A Música e o Ensino de Química. Química Nova na Escola. São Paulo, n.28, p.28-31, 2008.