Autores

Castro, F.B. (UEA) ; Costa, L.P.C. (UEA) ; Simas, A.N. (UEA) ; Farias, F.S.S. (UEA) ; Eleutério, C.M.S. (UEA/SEDUC)

Resumo

Esta experiência foi desenvolvida por professores, acadêmicos do curso de Química do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e do Programa de Apoio a Iniciação Científica (PAIC) e alunos de duas escolas de Ensino Médio. A experiência realizada com o fruto de urucum (Bixa orellana L.) serviu para ampliar o conhecimento a respeito dos ácidos carboxílicos e ésteres, presentes na estrutura da bixina. A atividade se constituiu uma estratégia didática e pedagógica relevante para o ensino de química pelo fato de ter possibilitado a ampliação e construção de novos conhecimentos e sobretudo, permitiu o diálogo entre os saberes acadêmicos, saberes escolares e saberes locais (cultura).

Palavras chaves

Pigmentos Naturais; PIBID e PAIC; Ensino de Química

Introdução

Informações a respeito de pigmentos ou corantes naturais ainda são escassas mas, existem aqueles que são comumente utilizados nos aldeados indígenas ou em comunidades tradicionais da Amazônia como o urucum (Bixa orellana L.) cujas propriedades já foram identificadas. O urucum é uma palavra de origem tupi que significa “vermelho”, na região Amazônica é usado para dar cor aos alimentos, na cura determinado tipo de doença. Nos aldeados indígenas é usado como ornamento, proteção e contra picadas de insetos. A experiência com urucum (Bixa orellana L.) foi realizada em duas escolas públicas no município de Parintins-AM, em atendimento as propostas do Sub-Projeto de Química/PIBID/UEA ligada à temática “A química presente em nossa casa”. A atividade tinha a finalidade de demonstrar aos alunos da educação básica a possibilidade de se estudar algumas substâncias ou alguns compostos químicos tomando como referência produtos utilizados nas casas dos alunos. Após uma breve investigação constatou-se que na maioria das casas dos alunos o “colorau” por ser um produto de baixo custo era o mais utilizado na culinária diária para dar cor aos alimentos. Esse foi um dos motivos que nos levou a optar pelo urucum (Bixa orellana L.) para discorrer com alunos do 3º Ano do Ensino Médio a respeito dos ácidos carboxílicos e ésteres presentes na estrutura da bixina. Os resultados das atividades foram satisfatórios pois, percebeu-se que os alunos apresentaram interesse em conhecer as propriedades e a aplicação de outros vegetais como por exemplo, do algodão roxo, da casca de cebola, do ipê e repolho roxo. Essa atitude confirma a relevância da experiência.

Material e métodos

As atividades experimentais foram realizadas após uma breve investigação a respeito da produção do colorau e da solução de urucum (Bixa orellana L.). A experiência foi desenvolvida por professores, acadêmicos o curso de Química, bolsista do PIBID e PAIC. Foram envolvidos alunos do 3º Ano do Ensino Médio de duas escolas públicas estaduais. O ouriço de urucum (Bixa orellana L.) foi coletado em algumas residências localizadas em duas comunidades rurais do município de Parintins-AM. Os primeiros testes de extração foram realizados nos Laboratórios de Ciências das escolas campo de investigação. Outros testes foram realizados no Laboratório de Química do Centro de estudos Superiores de Parintins – CESP/UEA para que os alunos pudessem comparar os métodos de extração (tradicional e analítico). Para extrair o pigmento das sementes pela técnica tradicional e preparar a solução foi necessário utilizar colheres inoxidáveis para retirar as sementes dos ouriços que foram acondicionadas em formas de alumínio, pesadas e levadas a estufa a uma temperatura aproximada de 40ºC para secar. Após esse procedimento as sementes foram maceradas e submetidas à extração em água e filtradas (1ª extração). Para a 2ª extração foi adotado o mesmo procedimento experimental da 1ª extração. Nesse processo o pigmento não foi extraído em água, porém, as sementes foram misturadas em óleo comestível, colocadas para esquentar, secar novamente por alguns minutos. Foi acrescentado fubá de milho nas sementes torradas, misturadas, trituradas em moinho e em um liquidificador para diminuir as partículas sólidas. Depois o material foi peneirado e embalado em saquinhos de aproximadamente 100g, pronto para ser comercializado.

Resultado e discussão

Com este trabalho foi possível contextualizar em sala de aula, conteúdo relacionada ao eixo temático “Estudo das Soluções, Funções Orgânicas”. A avaliação do processo de extração do corante de urucum (Bixa orellana L.), demonstrou que água e óleo comestível extraem um corante vermelho intenso corroborado pelos estudos de Eleutério (2015). Esta experiência possibilitou visualizar a existência de grupos funcionais presente na estrutura da Bixa orellana L.: ácido carboxílico e éster. Estes exemplos confirmam a possibilidade de se trabalhar na educação básica conteúdos químicos a partir de uma abordagem temática (pigmentos naturais) que esteja vinculada ao contexto do aluno para que se sinta motivado a aprender química (ELEUTÉRIO, 2015). De acordo com Fernandes (2012), é função do professor ao estimular, desafiar o aluno a aprender e a mobilizar competências. Só assim poderá relacionar os saberes acadêmicos com os saberes escolares e a cultura popular.

Conclusões

As atividades desenvolvidas mostraram a possibilidade de tecer diálogos entre os saberes científicos (acadêmicos), veiculados nos cursos de graduação; os saberes escolares e os saberes da cultura local (ELEUTÉRIO, 2015). Atividades com essas características favorecem a ampliação do conhecimento científico, estimulam o pensar e o fazer, proporcionam o envolvimento de professores da universidade, da educação básica, acadêmicos do PIBID, PAIC e alunos do Ensino Médio, assim como, promove momentos de reflexão, tomada de decisões e sobretudo, permite a partilha e a chegada de conclusões.

Agradecimentos

À CAPES; FAPEAM; à Professora Dra. Célia Maria Serrão Eleutério por permitir divulgar parte dos resultados e sua Tese. Aos alunos do 3º Ano do Ensino Médio das escolas pa

Referências

ELEUTÉRIO, Célia Maria Serrão. O Diálogo entre Saberes Primevos, Acadêmicos e Escolares: potencializando a Formação Inicial de Professores de Química na Amazônia. Tese (Doutorado). Universidade Federal de Mato Grosso, Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Cuiabá, 2015.
FERNANDES, João André Tavares. Uma reflexão sobre a diversidade cultural na universidade: respeito às diferenças, en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Agosto 2012, www.eumed.net/rev/cccss/21.