Autores

Barbosa Teixeira, G. (UFS) ; Midori Sussuchi, E. (UFS) ; Menezes Cardoso dos Santos, L. (UFS) ; Menezes Nunes, M. (UFS) ; Cruz Cardoso, S. (UFS) ; dos Santos Lima, L. (UFS) ; Farias Santos Reis, Y. (UFS)

Resumo

A experimentação é uma estratégia muito eficaz no processo de ensino/aprendizagem, pois auxilia o aluno na explicação dos fenômenos, bem como, facilita o desenvolvimento cognitivo dos mesmos. Esse trabalho busca compreender a vivência dos alunos de um colégio da rede pública a respeito da experimentação e também quais cuidados eles trazem diante do descarte de resíduos, coletados durante a elaboração de uma feira de ciências, realizada pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência, no subprojeto de Química da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Campus São Cristóvão. Foi percebido que os professores raramente utilizam a experimentação em sala de aula. Entretanto, a maioria dos alunos apresentam cuidados com destino dos resíduos gerados na realização dos experimentos.

Palavras chaves

Experimentação; Feira de Ciências; PIBID

Introdução

Há algumas décadas a experimentação vem sendo uma das estratégias de ensino que mais contribuem para o desenvolvimento do caráter investigativo dos alunos, auxiliando na solução de problemas, na construção de certas hipóteses e explicações de determinados fenômenos. Entretanto, só recentemente questões socioambientais vêm sendo objeto de consideração na análise da importância da experimentação no ensino (SILVA e MACHADO, 2008). Por volta dos anos 80, surge uma grande preocupação com questões socioambientais devido a grande incidência de impactos ambientais, muitas vezes provocados pelos processos tecnocientíficos. Com isso, houve um incentivo e valorização nos métodos sustentáveis e renováveis, com o intuito de conscientizar os indivíduos na busca pelo bem estar da sociedade e preservação do meio ambiente. No final dos anos 90 nasce a Química verde (QV) com seus 12 princípios, onde tem sido introduzida nas instituições brasileiras de ensino, maior evidência em nível superior, na forma de experimentos. Apesar do grande crescimento da QV, ainda são escassos os trabalhos que contemplem a adaptação ou desenvolvimento no ensino experimental na graduação, bem como, na área de Ensino de Química não é percebido a inserção da mesma nos processos educativos, (ZANDONAI e COL, 2014). Diante disso, este trabalho busca compreender qual vivência alunos de um colégio da rede pública de ensino tem com a experimentação e quais concepções eles trazem a respeito do cuidado com o descarte apropriado dos resíduos coletados após a apresentação dos experimentos.

Material e métodos

Essa pesquisa traz um caráter qualitativo e para coleta de dados realizamos uma avaliação de sondagem durante o processo de desenvolvimento de uma feira de ciências, organizada pelo PIBID/Química/UFS/São Cristóvão em parceria com um colégio público de Aracaju-SE. Nosso material de sondagem foi um questionário prévio a Feira de Ciências, Contendo cinco perguntas, das quais foram analisadas apenas duas, sendo uma de caráter objetivo e outra subjetiva. O motivo pelo qual escolhemos essas questões para análise foi pelo fato das mesmas apresentarem relevância frente ao convívio dos estudantes com a experimentação e de questões socioambientais. Esse questionário foi aplicado a dois componentes de cada grupo, sendo que o total de grupos eram 42, abrangendo em média 800 alunos do nível médio participantes da Feira. Cada grupo era responsável pela apresentação de um experimento. Vale ressaltar que todo processo de organização da feira de ciências se deu, junto aos bolsistas, supervisor e coordenador, onde analisavam a viabilidade de execução, ou seja, se o experimento traria algum risco, quais os cuidados os estudantes teriam que ter ao executar, se os reagentes poderiam ser substituídos por outros mais simples, dentre outros fatores. Após a escolha e aprovação dos experimentos, os alunos passavam pelo processo de teste e apresentação, juntamente com os bolsistas, até a realização da feira de ciências. Importante salientar que o evento ocorreu para toda comunidade escolar e parceiros da escola.

Resultado e discussão

A partir dos dados coletados em relação à questão objetiva, que perguntava se os professores costumavam trabalhar com experimentação, 69% afirmaram que seus professores nunca desenvolvem essa estratégia nas aulas e 31% disseram que dificilmente os professores realizam algum experimento. Podemos perceber que estes alunos não tem um convívio frequente com essa ferramenta tão importante para o desenvolvimento do raciocínio lógico, da descoberta e solução de problemas. Em relação à questão subjetiva, que tratava do destino que seria dado aos resíduos, o cuidado no tratamento e descarte do mesmo, 85,5% afirmaram que ao final dos experimentos iriam descartar os resíduos em garrafas PET´s a fim de não poluir e contaminar o meio ambiente, logo estão algumas falas que remetem a questão: Aluno A: “Garrafas petes, para não causar nenhum tipo de contaminação no meio ambiente”. Aluno B: “armazenamento em garrafas pet e entregar ao PIBID, preservar o meio ambiente”. Em relação aos discursos dos alunos, podemos perceber que apesar dos mesmos não conviverem frequentemente com experimentação, como foi visto na primeira pergunta, eles apresentam certo cuidado quanto ao armazenamento, descarte e tratamento apropriado, com o intuito de preservar o meio ambiente, apesar de suas ideias ficarem mal estruturadas. Os 14,5% restantes expressaram respostas confusas, como podemos perceber: Aluno C: “como vou juntar líquidos o destino será o lixo”. Aluno D: “na pia”. Percebe-se que esses alunos não compreendem a importância de um descarte e tratamento correto dos resíduos, e que mesmo experimentos em menores proporções, podem afetar o meio ambiente, trazendo consequências a sociedade. Mas esse fato é compreendido pelo motivo dos estudantes não vivenciarem a experimentação

Conclusões

A partir deste trabalho identificamos a importância da ação do PIBID na escola realizando a feira de Ciências, pois aproximou a experimentação aos alunos e serviu como incentivo para a aprendizagem dos mesmos. Por fim, verificamos que apesar dos professores não recorrerem à experimentação como uma estratégia em suas aulas, a maioria dos alunos trazem noções a respeito de cuidados com os descartes dos resíduos e consequentemente cuidado com o meio ambiente.

Agradecimentos

A escola e todos os alunos envolvidos no PIBID. A CAPES e a FAPITEC pelo recurso financeiro.

Referências

SILVA, R. R.; MACHADO, P. F. L. Experimentação no Ensino Médio de Química: A Necessária Busca da Consciência Ético-Ambiental no Uso e Descarte de Produtos Químicos - Um Estudo de Caso. Ciência e Educação, v. 14, n. 2, p. 233-249, 2008.
ZANDONAI, D. P.; SAQUETO, K.C.; ABREU, S. C. S. R.; LOPES, A. P.; ZUIN, V. G. Química Verde e Formação de Profissionais do Campo da Química: Relato de uma Experiência Didática para Além do Laboratório de Ensino. Ver. Virtual Quim. v. 6, n. 1, p. 73-84, 2014.