Autores

Silva, R.L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA) ; Oliveira, L.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA) ; Rizzatti, I.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA)

Resumo

A inclusão de alunos surdos ainda continua encontrando muitos obstáculos na escola tradicional, principalmente no ensino de química, tendo em vista a quantidade reduzida de sinais de libras e poucos materiais pedagógicos disponíveis. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo planejar aulas para abordar o conteúdo de isomeria para alunos deficientes auditivos do 3º ano do Ensino Médio de uma Escola Pública de Boa Vista, Roraima. Ao final, percebeu-se que os estudantes surdos participaram das aulas, tornando as mesmas interativas, produtivas e inclusiva para o conhecimento dos alunos ouvintes e os deficientes auditivos.

Palavras chaves

Inclusão especial; Química Orgânica; Metodologias didáticas

Introdução

Nos últimos tempos a Educação Inclusiva assume um papel de extrema responsabilidade para os profissionais da educação, sendo o professor responsável por incluir o aluno com algum tipo deficiência na realidade escolar. Contudo, devido ao despreparo de escolas, professores (PEREIRA & RIZZATTI, 2012) e ausência de material didático para as diferentes necessidades educativas especiais, o processo de inclusão não sai do papel. Na disciplina de química a situação se torna um pouco mais difícil devido à ausência de terminologias na Linguagem Brasileira de Sinais, mais especificamente aos conteúdos de química orgânica onde o conhecimento está ligado a representações e visualizações. Em pesquisas realizadas já foi comprovado que o sentindo mais aguçado do aluno deficiente auditivo é a visão ele aprende 83% com a visão (PEREIRA, BENITE & BENITE,2011). Dessa forma, este trabalho tem como proposta explorar as representações de estruturas da química orgânica de forma visual e física com cores e formas, utilizando experimento e recolocações dos exercícios, reestruturando os conceitos colocados pelos livros para trabalhar com os surdos e ouvintes do 3o ano do Ensino Médio.

Material e métodos

Durante o 3º bimestre de 2014, foram acompanhadas as atividades didáticas do professor de química e o trabalho do interprete na Escola Gonçalves Dias em Boa Vista-RR, com 03 alunos surdos no 3º ano do ensino médio e anotadas as dificuldades encontradas pelos envolvidos. Após, procurou-se alternativas para abordar o conteúdo de isomeria com esta turma, para tanto, foi traduzido um texto junto ao interprete para Linguagem de sinais. E em seguida, foram elaborados materiais didáticos com material emborrachado de E.V.A, para representar as cadeias, cada átomo era representado por uma cor. Além disso em todas as representações de isomeria havia a participação dos alunos ouvintes e deficientes auditivos (imagem 1). Após o termino do assunto os alunos deficientes auditivos responderam duas questões relacionados ao conteúdo abordado. Ao final, os alunos realizaram um trabalho em equipe onde a sala foi dividida em três grupos, cada aluno com necessidade especial ficou em um grupo, a equipe teria que montar a estrutura molecular, de uma formula química que foi passado para cada grupo utilizando bolas de isopor de tamanho diferentes, palitos de churrasco e tinta guache preta e vermelha (imagem 2). Após a montagem cada aluno deficiente auditivo, através da Linguagem Brasileira de Sinais, explicou o nome da estrutura química pelo qual sua equipe havia realizado, e onde ela poderia está presente. Essa aula demostrou que com a mesma quantidade de material, que cada grupo recebeu era possível fazer três tipos estruturas diferentes. A exemplificação do fenômeno Isomeria, pois é o fenômeno que se caracteriza pela ocorrência de duas ou mais substâncias diferentes, que apresentam a mesma fórmula molecular, mas diferentes fórmulas estruturais.

Resultado e discussão

Baseado nas entrevistas e observações realizadas em sala de aula, vimos que aluno com necessidade especial se encontra ignorado pelo professor de química em sala de aula. Além disso, percebeu-se que o professor não planeja suas aulas com o interprete, deixando sua aula na forma tradicional, não adaptando estas para facilitar a comunicação para o aluno com deficiência auditiva. A metodologia inserida durante o conteúdo de isomeria possibilitou aos alunos surdos a aprendizagem, bem como, estimulou-os a participarem das atividades em sala com os colegas ouvintes.

Imagem 1

Representação de Cadeias com material emborrachado.

Imagem 2

Aluna D.A na confecção da estrutura molecular.

Conclusões

Constatou-se que o professor de química não está preparado para receber alunos deficientes auditivos, apesar dele ser responsável em tornar a sala de aula ambiente bilíngue e adaptado para receber o aluno com deficiência auditiva. A ausência de materiais didáticos e de cursos de graduação que possibilitem ao professor a busca de novas metodologias, bem como, o despreparo das escolas está impedindo a inclusão dos alunos com algum tipo de deficiência na escola brasileira tradicional.

Agradecimentos

A CAPES pela bolsa de incentivo oferecida através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID.

Referências

PEREIRA, Gennmi Anastácio, RIZZATTI, Maria Ivanisse. A educação inclusiva segundo os graduandos do curso de Licenciatura em Fisica, matemática e Química da Universidade Estadual de Roraima ¬– IX ENPEC 2013.

PEREIRA, Lidiane de L. S, BENITE, Cláudio R. Machado, BENITE, Anna Canavarro. Aula de Química e Surdez: Sobre interações Pedagógicas mediadas pela Visão.