Autores
da Paz Santiago, O. (UFS) ; Santos de Jesus, D. (UFS) ; Chargas Silva, J. (UFS) ; Lopes da Silva, E. (UFS)
Resumo
Este trabalho tem como objetivo principal apresentar os resultados de um levantamento preliminar das concepções prévias, no âmbito da química, de um grupo de alunos da segunda série de ensino médio de uma escola pública estadual, localizada em Itabaiana, agreste sergipano, a respeito do tema “Estalactites e estalagmites”. Esses alunos são sujeitos de uma pesquisa mais ampla, referente à segunda aplicação de uma sequência de ensino e aprendizagem (SEA) sobre o referido tema. O levantamento foi feito por meio de um questionário problematizador, através do qual identificamos que a maioria dos estudantes apresentaram saberes, por exemplo, que estalactites e estalagmites são estruturas de água congelada.
Palavras chaves
Sequências de Ensino Apre; Ensino de química; concepções prévias
Introdução
Com base na construção e validação de SEA (Sequências de Ensino Aprendizagem/ Teaching-Learning Sequences), autores defendem que é possível a obtenção de melhores resultados na aprendizagem dos conhecimentos científicos abordados em classe e ainda que tais conhecimentos tenham estreita relação com algo próximo da realidade ou da visão de mundo dos estudantes (MÉHEUT, 2005). As SEA contam com um conjunto de aulas que podem traçar uma relação entre o mundo cientifico e o material. Como forma de elaboração desse tipo de material didático é possível o emprego dos três momentos pedagógicos, os quais são: Problematização inicial; Organização do conhecimento e Aplicação do conhecimento. Tal abordagem permite trabalhar com que o aluno já tem como conhecimento com vistas a estabelecer relações com um novo conhecimento (DELIZOICOV, ANGOTTI & PERNAMBUCO, 2011). Desse modo, a abordagem com SEA permite, entre outras possibilidades, problematização com base em abordagens CTSA. Para avaliar a aplicação da SEA é necessário um processo de validação subdividido em dois processos: externo - comparação entre diferentes grupos de aprendizagem – e interno – avaliando-se o grupo de maneira aprofundada2. No presente trabalho, destacaremos resultados advindos da problematização na segunda aplicação do material didático que aborda o tema Estalactites Estalagmites. Vale destacar que a SEA é elemento norteador das atividades do PIBID/Química da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Campus Professor Alberto Carvalho.
Material e métodos
Este trabalho é fruto da segunda aplicação da SEA, intitulada: “Cavernas: o fascinante Brasil subterrâneo”, em um Colégio Estadual da cidade de Itabaiana/SE, com um grupo de 31 estudantes. No material, a Problematização Inicial se deu através de um texto que trouxe uma síntese do que se pode encontrar nas cavernas, oferecendo noções básicas do tema, seguido por quatro questões problematizadoras, em que foi possível realizar um levantamento preliminar acerca das concepções dos alunos sobre o tema em discussão e dos conteúdos químicos envolvidos nele.1 A Organização do conhecimento apresentou uma atividade experimental simuladora da formação das estalactites e estalagmites e posterior discussão dos resultados experimentais, a exemplo de soluções e equilíbrio químico e relacionar com o processo que ocorre na natureza. Na Aplicação do conhecimento, aplicaram-se novas questões buscando investigar os conhecimentos adquiridos no decorrer da SEA. Como nos restringimos à investigar concepções de estalactites e estalagmite na etapa de Problematização, utilizamos um questionário problematizador, contendo quatro questões abertas, em que os estudantes foram incitados a responder de forma livre sobre aspectos relacionados basicamente à formação e constituição das estalactites e estalagmites, logo após a leitura de um texto sobre elas. A presente análise temática serviu de embasamento para aplicação dos outros momentos da SEA, fazendo proveito das informações que demonstravam algum déficit por parte dos alunos (TORES et al 2008).
Resultado e discussão
Diante das falas descritas nas questões problematizadoras e realização de
uma leitura panorâmica das mesmas, além do auxílio da literatura, foram
criadas duas categorias mais abrangentes as quais são constituídas por
subcategorias, as quais podem ser vistas na figura 1. Os valores presentes
na figura 1 representam quantos alunos se referiam a esses processos,
exemplificados por falas dos mesmos na figura 2.
A subcategoria 1.c esteve presente nas quatro questões onde os alunos
destacavam algum componente presente nas cavernas, como por exemplo: rochas,
gases, água e sais, vide detalhe nas falas dos alunos A17 e A30. Isso
demonstra que a maioria deles consegue caracterizar os materiais que compõem
as cavernas. Essas informações, muito provavelmente, foram vistas em livros,
desenhos, documentários, por exemplo.
A subcategoria 2.b também pode ser vista nas quatro questões, a qual
predomina a ideia que os alunos entendem o processo de formação de
estalactites e estalagmites como se fosse o próprio congelamento da água.
Percebe-se que grande parte deles atribui a formação dos materiais à água
que se infiltra pelas rochas e solidifica-se. Possivelmente, essa visão é
ocasionada pela aparência das espeleotemas, como é destacado nas fala A2 e
A14. Aliás, nesse contexto, a subcategoria 1.b, que aparece em duas
questões, mostra que boa parte concebe que a água do processo provém da
filtração. No entanto, evidencia-se pelo contexto das falas que o termo
filtração foi usado claramente no sentido de infiltração. Essas concepções
são vistas pelos alunos A31 e A18.
As subcategorias 1.a e 1.b aparecem em três questões (2ª, 3ª e 4ª). Na visão
de alguns estudantes o interior das cavernas é um ambiente de baixa
temperatura e alta pressão como vemos nos relatos dos alunos A4, A17 e A29
Conclusões
Este questionário prévio possibilitou entender o que os alunos conhecem por estalactites e estalagmites, sobretudo perceber que eles especulam que a formação dos materiais em estudo trata-se de estruturas sólidas de água. De fato, essa atividade forneceu elementos importantes que contribuíram para o desencadear da aplicação da SEA, uma vez que agora pode-se saber quais aspectos deve-se priorizar, visto que pode-se identificar as dificuldades apresentadas nas respostas dos alunos.
Agradecimentos
Ao grupo do PIBID/Química/UFS/Itabaiana, à coordenação, professores e alunos do Colégio Estadual Dr Augusto César Leite.
Referências
DELIZOICOV D, ANGOTTI JAP, PERNAMBUCOMM. Abordagem de temas em sala de aula: Conhecimento e sala de aula In: ________ (org.). Ensino de ciências: fundamentos e métodos. 4. ed. São Paulo: Cortez; 2011. p. 175-202.
MÉHEUT M. Teaching-learning sequences tools for learning and/or research. In: Boresma K. et al. (org.). Research and Quality of Science Education. Holanda: Spring,; 2005, p. 195-207
TORRES, J. R. ; GEHLEN, S. ; MUENCHEN, C. ; GONÇALVES, F. P. ; LINDEMANN, R. H. ; GONCALVES, F. J. F. . Ressignificação Curricular: contribuições da Investigação Temática e da Análise Textual Discursiva. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v. 8, p. 2, 2008.