Autores

Santos, B. (UFS) ; Wartha, E.J. (UFS)

Resumo

O presente trabalho constitui-se em um relato de abordagem para o tópico de datação com o carbono. Atividade foi desenvolvida em cinco escolas do interior do Estado Sergipe durante as ações do PIBID. Nesta atividade utilizou-se da Abordagem Problematizadora, com a dinâmica dos três momentos pedagógicos: Problematização Inicial (PI), Organização do Conhecimento (OC) e Aplicação do Conhecimento (AC) apresentada por Delizoicov e Angotti (1994) e a experimentação problematizadora proposta por Francisco Jr et al. (2008) de modo a favorecer o desenvolvimento da curiosidade epistemológica, indispensável para a aprendizagem crítica usando como mediador do processo uma atividade lúdica denominada Simulando o Decaimento Radioativo.

Palavras chaves

datação; abordagem problematizador; experimentação problemati

Introdução

Abordar conceitos relacionados ao processo de datação do carbono, como tempo de meio vida, radioatividade e decaimento radiativo, pode ser de difícil compreensão por parte de estudantes que se encontram na faixa de 13 a 17 anos, principalmente por serem conceitos que demandam um processo cognitivo de abstração de ordem superior em que, se pensarmos a partir da teoria piagetiana dos níveis operacionais é possível pensar em termos de mudança do nível operacional concreto para nível operacional formal. Desse modo, a atividade proposta, procura inserir no processo de abordagem do tema datação do carbono, uma atividade lúdica que não está somente ligada aos resultados de aprendizagem, centrados em um conteúdo, mas também proporcionando diversas situações de interação social como entrar em senso comum, participar e defender suas ideias frente ao grande grupo. Com o objetivo de propiciar ganhos na aprendizagem dos alunos sobre o processo de datação, foi organizada uma atividade que tem como problema inicial esta questão: “Como saber o tempo de existência de um fóssil?” Nesta oficina foi utilizada a proposta de abordagem problematizadora e experimentação investigadora propostas por Delizoicov e Angotti (1994) e Francisco Jr et al. (2008) ambos fundamentados nas ideias do educador Paulo Freire. A abordagem problematizadora propõem a metodologia dos três momentos pedagógicos: Problematização Inicial (PI); Organização do Conhecimento (OC) e Aplicação do Conhecimento (AC). Tendo a experimentação investigativa como um suporte para a abordagem problematizadora em um de seus momentos pedagógicos. A adoção dessa abordagem nas escolas é um pouco difícil, mas é uma ferramenta muito importante pois ajuda os alunos na criação de seus modelos explicativos, construindo seus conceito.

Material e métodos

A oficina foi organizada de acordo com os três momentos pedagógicos de Delizoicov. Cada etapa corresponde a um momento pedagógico em que foram realizadas e organizadas diferentes atividades com os estudantes. Etapa 01- Pergunta problematizadora: nesta etapa é lançada para os alunos a situação problema “Como saber o tempo de existência de um fóssil?” Organizou-se um debate com os estudantes de modo que eles falassem livremente sobre o tema, se já tinham ouvido falar, onde ouviram falar sobre datação do carbono e o que entendiam sobre datação, ou seja, apresentar e discutir sobre suas ideias prévias relacionadas ao tema. Etapa 02- Organização do conhecimento: nesta etapa, os alunos são colocados frente aos conceitos científicos, explicando como se determina a idade dos fósseis e quais os conceitos envolvidos. É proposta a realização de uma atividade lúdica, cujo nome é Simulando o Decaimento Radioativo do Carbono. A atividade é uma adaptação do bloco criminalístico, construído pelo GRUPO PBS. Esta atividade consiste em uma caixa com 30 cubos, entiquetados com faces de Carbono 14 e faces de Nitrogênio 14. São feitos três lançamentos, nos quais os cubos que caem com a face de Nitrogênio 14 são registrados e retirados da jogada e os que caem com a face de Carbono 14 permanecem até que todos caiam com a face de Nitrogênio 14, mostrando como ocorre o decaimento, pois o Carbono 14 quando decai completamente transforma-se em Nitrogênio 14. Após os lançamentos, é organizada uma tabela com os valores de cada lançamento feito e montado um gráfico, mostrando a curva de decaimento. Etapa 03- Aplicação do conhecimento: nesta etapa é realizado novamente um debate com os estudantes, de modo a reelaborarem seus modelos explicativos, organizado o conhecimento adquirido.

Resultado e discussão

A oficina temática foi abordada em cinco escolas estaduais de Sergipe, sendo elas: Colégio Estadual Dr. Augusto César Leite (Itabaiana), Colégio Estadual Eduardo Silveira (Itabaiana), Escola Estadual Prof. Nestor Carvalho Lima (Itabaiana), Colégio Estadual Emiliano Ribeiro (São Domingos) e Colégio Estadual Lourival Fontes (Pedra Mole). No início eles não respondiam as perguntas feitas, dificultando a aplicação da atividade, eles respondiam que nunca tinham ouvido falar em datação que nem sabia o que significava Carbono radioativo, após a aplicação da atividade lúdica, foi feita novamente as mesmas perguntas iniciais e já houve participação maior dos alunos, respondendo as perguntas e procurando estabelecer algumas relações com fatos concretos. O diálogo abaixo descreve a participação desses alunos no decorrer da atividade: Bolsista: Como determinar o tempo de existência de um fóssil? Alunos: Não sei. Bolsista: Já ouviram falar em datação? Alunos: Não, o que é isso? Bolsista: É o processo que determina o tempo de existência de um fóssil. Mas, o que é utilizado para determinar o tempo de existência do fóssil? Alunos: Por alguma experiência no laboratório. Bolsista: É possível determinar a idade de uma múmia ou de uma rocha? Alunos: Acho que não, por que são organismos diferentes, então devem ter maneiras diferentes de determinar a idade. Diante desse diálogo, pode-se notar que o conteúdo sobre Decaimento Radioativo do Carbono, não é um assunto que faça parte de discussões entre estudantes e professores, tornando-se um assunto desconhecido para os alunos. Após a aplicação das atividades surgiram algumas dúvidas, como: Apenas se mede a idade dos fósseis através do Carbono-14 ou existem outras formas? Pode medir a idade de um fóssil através do Urânio?

Caixa com os cubos com faces de Carbono 14 e de Nitrogênio 14, usada na atividade lúdica.


gráfico construído pelos alunos com os dados obtidos na atividade lúdica

Conclusões

O uso da abordagem problematizadora, desenvolvendo a metodologia dos três momentos pedagógicos e a experimentação problematizadora demostrou ser uma boa abordagem na aplicação da atividade nas cinco escolas citadas. Portanto, podemos concluir que o uso da abordagem problematizadora e da experimentação problematizadora no Ensino de Química são eficazes no desenvolvimento de uma aprendizagem mais significativa para determinados conceitos químicos, destacando a importância do professor como mediador entre o diálogo mantido com os alunos, orientando-os durante todas as etapas.

Agradecimentos

Referências

1- DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J.P. Metodologia do Ensino de Ciências. São Paulo: Cortez, 1994.
2- FRANCISCO JR., WILMO E.; FERREIRA, L. H. HARTWIG, D. R. Experimentação Problematizadora: Fundamentos Teóricos e Práticos para a Aplicação em Salas de Aula de ciências. Química Nova na Escola, v. 30, p. 34-41, 2008.
3- GRUPO PBS. Bloco criminalístico: a física ajudando a polícia a resolver crimes. Disponível em: http://www.pbs.org/wgbh/aso/resources/guide/earthact4index.html. Acesso em: 29-07-2014
4- RUBIN, C. Como saber a idade das coisas. Disponível em: http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/1203/como-saber-a-idade-das-coisas.html. Acesso em: 29-07-2014