Autores

Siqueira dos Santos, T. (UNEB) ; Sodré dos Anjos, T. (UNEB) ; Specht Bastos, C. (UNEB) ; Tavares Moreira, B.C. (UNEB) ; da Penha, A.F. (UNEB) ; do Amaral Varjão, T. (UNEB)

Resumo

São apresentados os resultados da aplicação do jogo Ache e Encaixe Hidrocarbonetos, utilizado para estimar o nível de compreensão dos estudantes e revisar os principais conceitos referentes às representações das moléculas. O objetivo do jogo, desenvolvido no subprojeto Pibid/Quimica/Uneb, é facilitar, de forma interativa, o ensino e a aprendizagem de hidrocarbonetos classificando-os nos subgrupos alcanos, alcenos e alcinos, a partir da comparação e distinção das fórmulas estruturais, condensadas e moleculares. O jogo foi aplicado em duas turmas do Colégio Estadual Thales de Azevedo, Salvador, e na análise dos resultados foi possível perceber suas funções de entretenimento, revisão, ensino e avaliação contribuindo para melhorar a compreensão dos estudantes em relação ao conteúdo abordado.

Palavras chaves

jogo didático; hidrocarbonetos; ensino de Química

Introdução

O professor, mediador do conhecimento, deve procurar formas de minimizar as dificuldades dos estudantes para o aprendizado da Química. Realizando um levantamento de tais dificuldades dos estudantes do 3º ano do ensino médio no Colégio Thales de Azevedo/Salvador, durante o processo de observação participante, enquanto integrantes do grupo Pibid Química Uneb 2015, identificamos que, com relação ao conteúdo hidrocarbonetos, preponderavam as dificuldades concernentes aos termos saturação e insaturação e à diferenciação entre as fórmulas químicas. Concordando com Cunha (2012), que o professor tem responsabilidade no estímulo extrínseco para se dar a aprendizagem e que o jogo pode ser um instrumento valioso nessa linha, desenvolvemos o jogo Ache e Encaixe Hidrocarbonetos, cujo objetivo é facilitar, de forma interativa, o ensino e a aprendizagem de hidrocarbonetos classificando-os nos subgrupos alcanos, alcenos e alcinos a partir das suas representações. Sua utilização foi feita na perspectiva defendida por Vygotsky (2007) quando propõe que os jogos e as brincadeiras criam uma zona de desenvolvimento proximal do indivíduo, favorecendo condições para que determinados conhecimentos sejam internalizados. Aqui são discutidos os resultados advindos da aplicação do jogo, utilizado para estimar o nível de compreensão dos estudantes, após o conteúdo ter sido ministrado em sala de aula, e revisar os principais conceitos referentes às diferentes representações das moléculas de hidrocarbonetos.

Material e métodos

O jogo é composto por um dado, uma tabela para anotações e 54 cartas, relativas a 18 moléculas, contemplando os subgrupos alcanos, alcenos e alcinos. Por subgrupo, são representadas 6 moléculas cujas cartas geram trincas com três tipos de fórmulas: estrutural, condensada e molecular. As cartas foram confeccionadas com papel vergê e plastificadas, utilizando-se o paint para construir as fórmulas. O jogo foi aplicado em duas turmas (T1 e T2): sendo como atividade de fixação em T1, e como instrumento de avaliação em T2. Na aplicação, T1 e T2 foram divididas em equipes e a cada equipe foi determinado um subgrupo para o qual deveriam formar trincas. Foi entregue um encarte com as regras e uma tabela, para cada equipe, a fim de que fossem anotadas as informações das cartas que foram selecionadas dentre aquelas previamente dispostas, de modo aleatório, no quadro. Com o intuito dos estudantes acompanharem o conjunto de dados selecionados, a tabela foi copiada no quadro (Figura 1). Executou-se o jogo em duas etapas. Na primeira, foi cronometrado um tempo de 2min para visualização e escolha das cartas. Após este tempo, uma equipe por vez, teve 1min para afixar na tabela a trinca selecionada. Em seguida, sinalizou-se as cartas afixadas erroneamente e procedeu-se à explicação dos acertos. Feito isto, iniciou-se a segunda etapa na qual as equipes tiveram chance de corrigir seus erros. Ao final do jogo cada estudante recebeu uma tabela para preencher com informações referentes a um novo grupo de moléculas. O desempenho dos estudantes foi analisado a partir dos dados coletados nas tabelas preenchidas em equipe e individualmente, sendo que na T2 foram coletadas opiniões dos estudantes referentes ao jogo e à dinâmica, através de um questionário a fim de avaliarmos o jogo elaborado.

Resultado e discussão

A ideia de jogar foi bem aceita pelos estudantes que se mostraram interessados e dispostos a participar, e isto foi atribuído ao fato de estarem envolvidos em uma aula diferente do cotidiano. Os dados de desempenho das equipes em T1 mostram, na 1a etapa, uma distribuição equitativa em três faixas de aproveitamento (%): 100, 67 e 0; na 2a etapa, todas obtiveram 100%. Desta forma, podemos inferir que a explicação dos acertos subsidiou o avanço da compreensão dos estudantes sobre o conteúdo, indicando que o jogo exerceu também a sua função ensino. A T2 saiu-se melhor tanto no trabalho individual, como demonstrado na Tabela 1, quanto em equipes no qual alcançou 100% de acerto desde a 1a etapa. Neste caso, a 2ª etapa do jogo possibilitou sua utilização na função revisão. Atribuímos o melhor desempenho individual de T2, em relação à T1, ao fato dos estudantes terem se preparado antes da atividade, podendo aproveitar melhor a revisão propiciada na 1a etapa do jogo, e ao caráter de reforço- estímulo associado à nota. Nas duas aplicações efetuou-se uma discussão relativa à diferenciação, significado e correlação das distintas formas de representação das moléculas e às características dos subgrupos, visando facilitar a aprendizagem e revisar os conceitos de carbonos saturados e insaturados e de ligações simples, duplas e triplas. A dinâmica também pode ser considerada didaticamente adequada por não dar foco aos erros e sim à explicação dos acertos, procurando reduzir o aspecto constrangedor relacionado aos erros cometidos. A análise dos dados coletados no questionário avaliativo aplicado em T2 indicou que mais de 90% dos estudantes considerou a atividade instrutiva, contribuindo na interação da turma e para o aprendizado do conteúdo abordado.

Figura 1- Peças do Ache e Encaixe Hidrocarbonetos

Tabela para anotação das trincas de fórmulas químicas e cartas do jogo Ache e Encaixe Hidrocarbonetos

Tabela 1 - Percentual de desempenho individual em T1 e T2

Apresentação dos resultados da aplicação, na fase individual, do jogo Ache e Encaixe Hidrocarbonetos.

Conclusões

O jogo Ache e Encaixe Hidrocarbonetos exerceu as funções ensino, revisão e avaliação do conteúdo abordado, além da função entretenimento. Contribuiu para minimizar dificuldades dos estudantes relativas aos termos saturação e insaturação, associados à quantidade de ligações simples e de hidrogênios ligados ao carbono, bem como àquelas relativas às diferentes fórmulas representativas de hidrocarbonetos. Por ser um jogo de reduzido custo e confecção com baixo grau de complexidade, pode ser facilmente reproduzido pelos professores propiciando aos mesmos incorporarem nas aulas a sua utilização.

Agradecimentos

Este trabalho é financiado pela CAPES através do Projeto Pibid desenvolvido na Universidade do Estado da Bahia.

Referências

CUNHA, M.B. Jogos no Ensino de Química: Considerações Teóricas para sua Utilização em Sala de Aula. Química Nova na Escola, São Paulo, v.34, n.2, p.92-98, maio 2012.

VYGOTSKY, L. S. Formação Social da Mente. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.