Autores

Santana, E.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Santos, J.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Silva, E.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE)

Resumo

A Sequências de Ensino-Aprendizagem (SEA) é um currículo curto desenvolvido sob uma perspectiva problematizadora em que as ideias e concepções apresentadas pelos alunos são destacadas, essa nova abordagem contextualizada busca facilitar o ensino-aprendizagem. No presente trabalho será feita a apresentação e discussão sobre o processo de validação interna da SEA “Pilhas e as reações que ocorrem com transferência de elétrons”. A validação foi dividida em três etapas: inicial, intermediária e final. Os termos e conceitos empregados pelos alunos foram verificados a partir da resolução de questões problematizadoras (etapa inicial), questões investigativas referentes as atividades experimentais desenvolvidas (etapa intermediária) e construção de mapas conceituais (etapa final).

Palavras chaves

SEA; Validação interna; Eletroquímica.

Introdução

O conteúdo de eletroquímica tem sido considerado por alunos e professores como muito difícil, pois os resultados apresentados ao longo de atividades e provas são questionáveis, devido ao uso de abordagens excessivamente descontextualizadas, levando os alunos a decorar ou memorizar conceitos (NUNES et al, 2013). Esse fenômeno ocorre com outros conceitos centrais da química. Assim, alguns pesquisadores defendem a abordagem de Sequências de Ensino-Aprendizagem (SEA), que segundo Méheut (2005), é definida como um currículo curto moldado sob a forma de uma sequência de 8-10 aulas, que tende a auxiliar os alunos a compreenderem o conhecimento científico. A SEA é construída com base na problematização em que o conhecimento deve ser trabalhado a partir das ideias que são apresentadas pelos alunos, essa perspectiva é defendida por Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2011). Estes autores apresentam os três momentos pedagógicos (Problematização inicial, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento.) como uma abordagem ancorada em ideias Freirianas. No presente trabalho serão apresentados resultados que foram obtidos a partir da validação interna feita com base no acompanhamento dos alunos durante a aplicação da SEA “Pilhas e as reações que ocorrem com transferência de elétrons”. Buscou-se investigar como os alunos entendiam conceitos centrais de eletroquímica, por meio da obtenção e análise de dados (atividades com alunos) em três etapas: inicial, intermediária e final. Os dados das etapas inicial e intermediária foram analisados de acordo com Solsona e Izquierdo (1999) seguindo os quatro perfis conceituais (Interativo, cozinha, mecânico e incoerente), já na etapa final foram levantados dados por meio da elaboração de mapas conceituais.

Material e métodos

A SEA foi aplicada a quarenta alunos de colégios da rede pública situadas no agreste sergipano que estão vinculados ao Programa institucional de bolsas de iniciação à docência (PIBID). A SEA é composta por aulas que introduzem o conteúdo a partir da problematização inicial, com textos de apoio e questões problematizadoras que buscam relevar as concepções dos alunos e indagá-los acerca dos conteúdos abordados, nesse momento dá-se início a coleta de dados para a etapa inicial da validação interna, na sequência trabalha-se com atividades experimentais e questionários pré e pós-experimento, onde um dos focos é a investigação, esta é a etapa intermediária da investigação, trabalha-se, ainda, com a conscientização ambiental acerca do descarte de pilhas e baterias. Por fim, é utilizada a construção de mapas conceituais referente aos conteúdos que foram abordados em todas as aulas, esse é o momento em que a evolução dos alunos pode ser identificada e a validação interna é finalizada. As respostas dos alunos ao longo das aulas (etapas inicial e intermediaria) foram classificadas de acordo com os perfis conceituais (modelos teóricos) de Solsona e Izquierdo (1999), são eles: Incoerente – as respostas dadas divergem dos termos científico ou não fazem sentido. Mecânico – o aluno apresenta termos apenas científicos. Cozinha – as respostas dadas demonstram apenas aspectos no nível macroscópico e Interativo – relaciona o nível macroscópico e microscópico, estabelecem relação entre cotidiano e o meio científico. Os mapas conceituais foram pontuados a partir dos critérios de classificação apresentados por Novak e Gowin (1996), em que as porposições/ligações e exemplos correspondem a 1 ponto, hierarquia e ligações cruzadas 5 e 10 pontos respectivamente.

Resultado e discussão

Os quarenta alunos que participaram do processo de aplicação da SEA dividiram-se em quartetos para responderem as dezesseis questões apresentadas no material. Obteve-se o total de cento e sessenta respostas, sendo que sessenta delas correspondiam a etapa inicial (questões problematizadoras) e as demais a etapa intermediária (questões investigativas da parte experimental). Nos questionários buscava-se identificar as concepções dos estudantes sobre reações que ocorrem com transferência de elétrons e sobre oxidação e redução. As respostas foram classificadas em quatro perfis conceituais, o perfil interativo não pode ser alcançado, por conta disso foi necessário criar um novo perfil conceitual, o perfil pré-interativo, nele as respostas dadas se aproximam do perfil interativo. Na tabela da figura 1 estão apresentadas o número de respostas que foram enquadradas em cada um dos perfis e o recorte da resposta de alguns alunos referente a eles. Na etapa final da validação os alunos trabalharam individualmente na construção dos mapas conceituais, sendo assim obteve-se um total de quarenta mapas que foram pontuados de acordo com os critérios desenvolvidos por Novak e Gowin (1996). As pontuações variaram de 18 a 81. Para a divisão e classificação dos mapas foram utilizadas três categorias são elas: (i) razoável, com pontuação entre 18 e 29 - os alunos apresentaram poucas hierarquias, ligações e exemplo, ou estabeleceram relações que não se aproximavam do científico, (ii) mediano, 30 a 40 pontos - foram estabelecidas relações corretas, mas em pequena quantidade e (iii) adequado, 41 a 81 pontos – foram apresentados um bom número de relações com um considerável número de hierarquias. Na tabela da figura 2 estão apresentados os percentuais dos mapas que se enquadram em cada categoria.

Figura 1:

Número de respostas enquadradas em cada perfil e os respectivos recortes das respostas dos alunos.

Figura 2:

Categorias e o percentual de classificação dos mapas.

Conclusões

A partir da análise dos dados das etapas inicial e intermediária pode-se perceber que mesmo buscando uma nova abordagem os alunos apresentam conceitos em sua maioria mecânicos e poucos são os que conseguem apresentar respostas no nível pré-interativo. Os alunos apresentam certa resistência a novas abordagens e concepções. Para driblar essa resistência há a necessidade de se construir materiais didáticos para serem usados em sala de aula, uma vez que faz-se necessário atrair a atenção dos alunos, para tal é importante que se faça o uso de contextualização, problematização e experimentação.

Agradecimentos

Universidade Federal de Sergipe, CAPES e PIBID.

Referências

MÉHEUT, M. Teaching-learning sequences tools for learning and/or research. In: BORESMA, K. et al. (org.) Research and Quality of Science Education. Holanda: Spring, 2005, p. 195-207.
DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. P.; PERNAMBUCO, M. M. Abordagem de temas em sala de aula: Conhecimento e sala de aula. In: ________. (Org.). Ensino de ciências: fundamentos e métodos. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011. p. 175-202.
NUNES, C. T. S. et al. O ensino de Eletroquímica: desenvolvimento, aplicação e validação de uma Sequência de Ensino-Aprendizagem. In: ENPEC, Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2013. Atas do IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2013. Disponível em: <http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R1732-1.pdf >. Acesso em 24 mai. 2015.
SOLSONA, N.; IZQUIERDO, M. El aprendizaje del concepto de cambio químico en el alumnado de secundaria. Investigación en la Escuela, n. 38, p. 65-75, 1999.
NOVAK, J.D.; GOWIN, D. B. Aprender a aprender. 1ª ed. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 1999. P. 31-56.