Autores

Santos, A.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE) ; Mazze, F.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE)

Resumo

Este trabalho apresenta um módulo didático que foi aplicado em uma escola da rede pública estadual da cidade de Natal- RN, na qual o PIBID-Química da UFRN atua, com uma sequência de atividades para o ensino e aprendizagem de modelos científicos, conteúdos relacionados a estrutura da tabela periódica dos elementos químicos para subsidiar em discussões sobres os modelos de organização dos elementos químicos. A aplicação do módulo foi realizada levando-se em consideração todo o processo de aprendizagem, as concepções prévias, a participação dos alunos nas aulas com questionamentos e respostas, discussões, leituras coletivas e a apresentação do objeto educacional (produzido) na feira de ciência da escola. Contudo a oficina temática contribuiu para construção do conhecimento científico.

Palavras chaves

Modulo Didático; Modelos Científicos; Organização dos Elementos

Introdução

Muitas vezes o ensino de modelos na ciência (modelos científicos) é trabalhado de forma errônea por falta de conhecimento dos professores. Justi (2011) sinaliza que “muitos professores e futuros professores pensam em modelos como “reproduções” ou “cópias” de alguma coisa, enquanto outros admitiram nunca ter parado para pensar nisso”. Com base no dado relatado, podemos inferir que muitas vezes esta abordagem é excluída dos conteúdos trabalhados nas escolas. O uso de modelos é de extrema importância para a aprendizagem dos alunos nas ciências, não sendo diferente na Química (Silva, 2007). A tabela periódica dos elementos, que é um modelo de organização, é considera um dos ícones dessa ciência. Segundo Labarca, Bejarano e Eichler (2013), “há mais de 140 anos da publicação da primeira tabela periódica de Mendeleev, mais de mil variantes da mesma foram apresentadas e, ainda hoje, ela é objeto de incessante discussões no plano epistemológico”. Os materiais encontrados na literatura sobre trabalhos com a tabela periódica são essencialmente referentes a estratégias (uso de jogos, ideias de como trabalhar os grupos da tabela separados e etc.) de como abordar os conteúdos relacionados a tabela periódica (modelo comumente usado nos livros didáticos) e não à discussão dos seus diferentes modelos. Neste contexto, com o intuito de se trabalhar a organização dos elementos, desde a tríadas, parafuso telúrico, lei das oitavas, a tabela de Mendeleev, a tabela convencional usada nos livros didáticos e algumas de suas variantes, licenciandos do PIBID-Química da UFRN planejaram e aplicaram um módulo didático na Escola Estadual Professor Francisco Ivo Cavalcanti em Natal-RN, com 30 alunos das três séries do ensino médio, para discutir os modelos de organização dos elementos químicos.

Material e métodos

O módulo didático teve duração de 27 aulas de 1 hora cada. Na etapa 1 (3 aulas), iniciamos com um questionamento, “o que são modelos científicos?”. Após a discussão, conceituamos “modelos científicos”, “tipos de modelos” e trabalhamos a ideia de modelos construídos pelos alunos e pelo professor. Trabalhamos uma atividade proposta por Silva (2007, p. 9) intitulada de “caixa fechada”. Cada grupo apresentou seu modelo, mostrando os pontos que levaram em consideração para a elaboração do mesmo. A partir dos relatos dos alunos sobre as dificuldades em se propor o modelo para o que estava dentro da caixa apenas tateando o objeto, procedeu-se à discussão dos critérios que um modelo deve apresentar para ser aceito pela comunidade científica. Na etapa 2 (11 aulas), discutimos sobre se a tabela periódica seria um modelo científico, sobre qual seria o modelo mais adequado para a organização dos elementos químicos e abordamos a história dos principais elementos e a necessidade de uma organização. Foram utilizados vídeos para trabalhar conteúdos relativos à estrutura da tabela periódica, à configuração eletrônica e às propriedades dos elementos. Esta etapa foi finalizada com a apresentação e discussão dos vários modelos de organização dos elementos químicos e os problemas inerentes a cada modelo. A etapa 3 (13 aulas) constituiu-se em leituras coletivas e discussões de artigos da secção “Elemento Químico” da Revista Química Nova na Escola- Qnesc, que traz informações científicas e tecnológicas sobre as diferentes formas sob as quais os elementos químicos se manifestam na natureza e sua importância na história da humanidade. Concomitantemente, os alunos confeccionaram cubos para cada um dos elementos químicos contendo as informações trazidas nestes artigos (imagem 2).

Resultado e discussão

A aplicação do módulo didático foi realizada buscando levar em consideração todo o processo de aprendizagem, as concepções prévias e a participação ativa dos alunos nas aulas. O produto confeccionado foi apresentado na feira de ciência da escola e poderá ser utilizado em atividades futuras. Os alunos, em especial aqueles da 1ª série do Ensino Médio, apresentaram dificuldades na compreensão da abordagem dos modelos de organização dos elementos químicos e nos conteúdos relacionados à estrutura e à organização da tabela periódica. Esta dificuldade pode ser atribuída à falta de maturidade e de conhecimento dos conteúdos específicos, uma vez que até aquele momento o tema ainda não tinha sido abordado pelo professor da escola. Já em relação aos alunos da 2ª e 3ª série, notou-se uma heterogeneidade na assimilação. Entretanto, pudemos constatar uma participação bastante ativa dos alunos ao longo da aplicação do módulo didático. Ainda, foi possível observar que parte dessa dificuldade foi superada na apresentação do trabalho desenvolvido pelos alunos na feira de ciências da escola. A proposta de trabalhar com a ideia de modelo favoreceu de forma substancial a interação dos alunos com nossas estratégias, uma vez que ao final de cada atividade sempre houve discussões para instigar os alunos a argumentarem sobre os modelos elaborados, o trabalho em grupo, liderança e tomada de decisão. Além disso, o planejamento, desenvolvimento e aplicação do módulo didático foram valiosos para a formação dos licenciandos do PIBID-Química da UFRN enquanto futuros professores.

Imagem 1: Tipos de modelos e atividade da caixa fechada.

caixa completamente fechada contendo um objeto em seu interior. os estudantes devem manipular a caixa e fazer perguntas para construir um modelo.

Imagem 2: Construção dos cubos para a plotagem de qualquer modelo por

Construção do material didático pedagógico para subsidiar a plotagem de qualquer modelo para a organização dos elementos químicos.

Conclusões

Apesar de os alunos apresentarem algumas dificuldades, especialmente no que se refere à discussão dos modelos e aos conteúdos relacionados a estrutura e organização da tabela periódica, acreditamos que a oficina temática tenha contribuído para a construção do conhecimento científico, para a desfragmentação da visão dos alunos a respeito do modelo de organização dos elementos químicos encontrado nos livros, como sendo único e absoluto, e para o desenvolvimento de algumas competências como o trabalho em grupo, a tomada de decisão, liderança e criatividade.

Agradecimentos

À CAPES pelas bolsas de Iniciação à Docência, aos licenciandos do PIBID- Química, à UFRN, aos alunos da Escola Estadual Professor Francisco Ivo Cavalcanti e à Professo

Referências

Silva, Márcia Gorette Lima da. Instrumentação para o ensino de química II / Márcia Gorette Lima da Silva, Isauro Beltrán Núñez. – Natal, RN :EDUFRN Editora da UFRN , 2007.
JUSTI, Rosária. Modelos e Modelagem no Ensino de Química: um olhar sobre os aspectos essenciais poucos discutidos. In: SANTOS, W. L. P.; MALDANER, O. A. (Org). Ensino de Química em Foco. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011. p. 209-230.
LABARCA, Martín. BEJARANO, Nelson. EICHLER, Marcelo Leandro. OS PROBLEMAS DE FUNDAMENTOS DA TABELA PERIÓDICA. In: Química e filosofia: rumo a uma frutífera colaboração. Quím. Nova vol.36 no.8 São Paulo, 2013.
http://www.youtube.com/watch?v=C9w8_uMn4MY <04/04/2014>.
http://www.scienceoffice.org/projectos/a-tabela-e-mesmo-periodica/ <11/04/2014>.
SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos; MÓL, Gerson de Souza. (Coords.). Química Cidadã. 1. Ed. São Paulo: Nova Geração, 2011.
PERUZZO, Francisco Miragaia; CANTO, Eduardo Leite do. Química: na abordagem do cotidiano. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2006. p. 113-139.
http://www.qnesc.sbq.org.br/