Autores
Santos, F.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Oliveira, E.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Silva, E.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE)
Resumo
A abordagem contextual contribui para promover aprendizagem do conhecimento científico em sala de aula com forte tendência a questionar a concepção de que a Ciência é algo estático, mostrando a construção do conhecimento de modo crítico. Nosso objetivo é apresentar para discussão, um estudo que procurou investigar, usando como ferramenta a pesquisa bibliográfica, como a forma de trabalhar a abordagem contextual no ensino dos conceitos de ácido e base possibilitou a elaboração de material instrucional na forma de oficina temática. A ideia defendida por Arrhenius de que os íons estão livres em solução, apresentou-se como uma controvérsia para a época, para Brønsted o íon H+ estaria ligado a algum composto presente em solução, essa ideia resultou em uma nova definição de ácidos e bases.
Palavras chaves
História da Ciência ; Abordagem Contextual; Ácidos e bases
Introdução
Matthews (1995); Paula (2006); Silva (2013) e Vannucchi (1996) mostram que o Ensino de Ciências pouco tem considerado aspectos relacionados a História da Ciência (HC). Matthews (1995) defende a articulação entre HC e Ensino como perspectiva de romper com visões lineares e descontextualizadas. A HC para o autor é uma forma de humanizar as ciências e aproxima-la dos interesses pessoais, éticos, culturais e políticos da comunidade; o que para ele pode tornar as aulas de ciências mais desafiadoras e reflexivas, permitindo o desenvolvimento do pensamento crítico. Dentre os meios de se trabalhar essa abordagem, somos partidários do que Silva (2013) e Paula (2006) defendem, a utilização de “experimentos históricos” como forma de trabalhar o desenvolvimento do conhecimento científico em seu contexto histórico. O presente tem como objetivo apresentar um estudo oriundo de uma abordagem advinda do PIBID que procurou discutir como ocorreu o desenvolvimento dos estudos sobre o conceito de ácido e base. Para entender tal construção utilizamos da pesquisa bibliográfica, baseando-se nos estudos de Lima e Mioto (2007). Escolhemos tal método pois, este permite a verificação de informações em diversas publicações, o que resulta na análise de ideias apresentadas por diferentes autores sobre o tema, possibilitando auxiliar na construção ou definição acerca do objeto de estudo. Lima e Mioto (2007) ressaltam que este tipo de pesquisa não está isento de neutralidade, nesse sentido é necessário a máxima atenção para reduzir os juízos de valores, através da definição clara e objetiva dos passos seguidos durante a pesquisa.
Material e métodos
O estudo proposto foi oriundo de discussões sobre História da Ciência (HC) realizadas no âmbito do PIBID, a priori foi definida uma pergunta a ser respondida: Quais experimentos podem apresentar resultados possíveis de serem interpretados pela teoria de Arrhenius e Brønsted? Quais resultados experimentais as duas teorias não podem explicar conjuntamente? A pesquisa bibliográfica visava investigar como ocorreu o desenvolvimento da “química” de ácidos e bases, a destacar as ideias de Svante Arrhenius e Johannes Nicolaus Brønsted. Para a coleta de dados foram considerados parâmetros: temático, linguistico, cronológico e relevância das fontes. Tal coleta levou em conta períodos de dez anos, até o ponto em que os dados obtidos possibilitaram responder à pergunta proposta. A análise dos dados foi realizada através de uma leitura reflexiva, por fim, realizou-se a conexão dos pontos levantados na pesquisa e a proposição de soluções para o problema estudado, através da reunião das informações de forma sintética, expostas nos resultados deste trabalho. Buscamos também construir um material instrucional baseado-se em Silva (2007), este material consiste em uma oficina temática.
Resultado e discussão
Diferente do que ver-se em livros didáticos do Ensino Médio e Superior, o
sueco Arrhenius iniciou seus trabalhos sobre fenômenos da condutividade
elétrica de soluções, o que resultou na teoria da Dissociação Eletrolítica,
Figura 1. Entretanto suas ideias não foram aceitas na época, ocorreram
questionamentos a favor (condutividade elétrica, a depressão do ponto de
congelamento, pressão osmótica, redução da pressão de vapor e calor de
neutralização ácido-base) e contra (os íons estariam livres em solução? por
que os íons não apresentavam as mesmas características de seus elementos
originadores?). Fruto da teoria de Dissociação, anos mais tarde Arrhenius
propôs uma definição para ácidos e bases, Figura 1. Nesta época os estudos
de cinética de reações avançaram com contribuição da teoria de Arrhenius, a
destacar os estudos de Lapworth, Goldschmidt e Rice. Entretanto, as ideias
formuladas não explicavam o efeito do íon H+ em determinadas reações, o
principal questionamento foi ao modo como os íons estavam presentes em
solução. O dinamarquês Brønsted, partidário desse mesmo questionamento,
formulou a teoria de catálise ácida e básica sobre uma nova definição de
ácidos e bases, Figura 2. Estas conclusões resultaram na elaboração de uma
oficina, pautada na abordagem contextualista de Matthews (1995) e nos três
momentos pedagógicos de Delizoicov et al (2001): i) Problematização,
introdução sobre quem eram os cientistas e seus estudos, assim como
perguntas problematizadoras; ii) Organização do Conhecimento, momento da
experimentação investigativa e discussão conceitual, vale ressaltar que o
debate histórico se faz durante a realização dos experimentos e discussão
conceitual; iii) Aplicação, uma nova situação e propostas para que o
conhecimento absorvido seja aplicado.
Breve contexto da teoria de Arrhenius
Breve contexto da teoria de Brønsted
Conclusões
A pesquisa Bibliográfica possibilitou compreender como ocorreu o desenvolvimento da química de ácido e base, e desse modo responder as perguntas propostas. Possibilitando entender os questionamentos levantados, o debate das ideias, limitação das teorias e completude das mesmas. Já o material instrucional elaborado possibilitou abordar tais conceitos de forma contextualizada, contribuindo assim, para a compreensão dos aspectos que envolvem o desenvolvimento do conhecimento científico.
Agradecimentos
A Capes; a Universidade Federal de Sergipe (UFS), Campus Professor Alberto Carvalho e ao Departamento de Química (DQCI).
Referências
DELIZOICOV, D. Problemas e problematizações. Ensino de Física: conteúdo, metodologia e epistemologia numa concepção integradora. Florianópolis: ED. da UFSC, 2001.
MATTHEWS, M. R. História, filosofia e ensino de ciências: a tendência atual de reaproximação. Caderno Catarinense de Ensino de Física, v. 12, n. 3, p. 164-214, 1995.
LIMA, T. C. S.; MIOTO, R. C. T. Procedimentos metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Revista Katál, v. 10, n. 1, p. 37-45, 2007.
PAULA. C. R. O. O Uso de Experimentos Históricos no Ensino de Física: Integrando as Dimensões Histórica e Empírica da Ciência na Sala de Aula. 2006. Tese de Doutorado. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA.
SILVA, G. R. História da Ciência e experimentação: perspectivas de uma abordagem para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 121-132, 2013.
SILVA, D. P. D. Oficinas Temáticas no Ensino Público: Fomação continuada de Professores. São Paulo: Secretaria de Estado da Educação, 2007.
VANNUCCHI, A. I. História e Filosofia da Ciência: Da teoria para a sala de aula. Universidade de São Paulo - Instituto de Física/Faculdade de Educação. São Paulo, p. 131. 1996.