Autores
Vieira Neto, J.C. (UFCG/CFP) ; Begne Bezerra, F. (UFCG/CFP) ; Fernandes de Oliveira, F.M. (UFCG/CFP) ; Andrade da Silva, J.L. (UFCG/CFP) ; dos Santos, J.E. (UFCG/CFP)
Resumo
O presente trabalho é o resultado de uma pesquisa feita na Universidade Federal de Campina Grande – PB. Objetivando a produção de um indicador ácido-base alternativo e barato que apresentasse além das propriedades de indicador, uma boa estabilidade que dificultasse a perda de suas propriedades químicas. A pesquisa encontrou êxito nas flores de uma planta chamada Dioclea grandiflora Mart. ex Benth. A partir das flores desta planta foi produzido um extrato alcoólico de coloração violeta, que diante de uma solução fortemente alcalina torna a solução laranja e em solução levemente alcalina torna a solução verde e em meio extremamente ácido, torna a solução vermelha intensa e em soluções com ácidos mais fracos as soluções se tornam rósea claro.
Palavras chaves
Indicador natural; Ensino de química; Indicador ácido-base
Introdução
Os indicadores são substâncias capazes de mudar de cor dependendo das características físico-químicas da solução na qual estão contidas. Existe várias espécies de plantas, flores e frutas que possuem substâncias coloridas que mudam de cor conforme o pH do meio reacional, sugerindo que tais espécies podem atuar como indicadores ácido-base. Estes indicadores naturais constituem um potencial recurso didático para ser usado no ensino de química (CAVALHEIRO, COUTO, RAMOS, 1998). Outra razão para se trabalhar com indicadores alternativos é de aproximar o aluno do seu contexto escolar, trazendo situações que ocorrem no seu dia a dia, promovendo a contextualização pregada nos PCN’s (BRASIL, 2000). A utilização de extratos vegetais como indicadores visuais, também pode ser uma alternativa para ensinar titulação ácido-base nas aulas de química (SOARES, CAVALHEIRO, ANTUNES, 2001). O presente trabalho visa mostrar a aplicabilidade como indicador ácido-base do extrato produzido a partir das flores da planta Dioclea grandiflora Mart. ex Benth, popularmente conhecida como mucunã. Esta planta foi muito utilizada pelas comunidades rurais, nas secas que atingiram o Nordeste na década de 70, como alimento, a planta possui raízes grossas que eram transformados em farinha e utilizada para se fazer cuscuz, bolos e mingaus, também se utilizava as sementes como forma de alimento, sendo uma planta do tipo trepadeira, usava-se seu cipó para amarrar as antigas casas de taipa. Existem diversas variedades da mucunã, no entanto nem todas apresentam as mesmas características, no caso do presente estudo possui flores roxas dispostas em hastes, isto chamou nossa atenção para possibilidade de usá-las como indicador natural.
Material e métodos
A extração de pigmentos por meio alcoólico é mais eficiente em virtude de oferecer maior variação de cores (DIAS, 2003). Logo, adotou-se esta metodologia para o preparo do extrato neste trabalho. As flores foram coletadas no Sítio Serrote das Flores, município de São José de Piranhas – PB. Primeiro selecionou-se as partes roxas das pétalas em seguida macerou-se em almofariz deixando por meia hora em 50mL de álcool etílico 70%. A mistura foi filtrada e o extrato obtido foi armazenado sob refrigeração até ser testado a sua aplicabilidade. Foram feitos alguns testes simples para verificar o comportamento em diferentes soluções com variados pHs. Nos procedimentos de titulações foram usados soluções de HCl e NaOH com as mesmas concentrações.
Resultado e discussão
O extrato obtido de coloração violeta foi testado com soluções ácidas e
básicas, tais como HCl, NaOH, CH3COOH, e NH4OH. Decorridos alguns minutos
após a preparação do extrato, verificou-se que o mesmo perdera sua coloração
violeta, mas mantinha suas propriedades de indicador ácido-base conforme
testes posteriores, realizados com soluções ácidas e soluções alcalinas. O
extrato das flores de mucunã mostrou-se eficiente na diferenciação entre
soluções ácidas e alcalinas, conforme mostra a Figura 1. Numa segunda parte
do trabalho foi feita uma titulação ácido-base, utilizando-se como indicador
o extrato obtido, comparado-se com um indicador visual sintético: a
fenolftaleína. Na titulação ácido-base o extrato se comportou de forma
satisfatória no seu ponto de equivalência quando comparado com a titulação
ácido-base usando fenolftaleína. Foram feitas outras titulações ácido-base
com o extrato e se comprovou sua eficácia na titulação ácido-base. A
utilização de fenolftaleína como indicador serviu como parâmetro para
avaliar a eficiência do extrato das flores de mucunã (Dioclea grandiflora
Mart. ex Benth).
Figura 1A - Comportamento em meio ácido. Figura 1B - Comportamento em meio básico.
Conclusões
A partir dos experimentos realizados, observou-se que o extrato produzido com a flor de (Dioclea grandiflora Mart. ex Benth), exibiu resultados satisfatórios tanto no que diz respeito a sua utilidade como indicador ácido- base, bem como em titulação ácido-base o que nos leva a acreditar que o extrato funciona como método alternativo para ser usado nas aulas experimentais de química que tenham como objetivo o estudo de substâncias ácidas e alcalinas.
Agradecimentos
Agradeço ao Criador do Universo, ao orientador José Estrela dos Santos e aos amigos Franciney Begne Bezerra, Felícia Maria Fernandes De Oliveira, José Luciano Andrade
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Parte III Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília, DF, 2000.
CAVALHEIRO, E.T.G.; COUTO, A. B. e RAMOS, L.A. Aplicação de pigmentos de flores no ensino de Química. Química Nova, v. 21, p. 221-227, 1998.
DIAS, M. V.; et. al. Corantes Naturais: Extração e emprego como indicadores de pH. Química Nova na Escola. Niterói, n. 17, p.27-31, 2003.
SOARES, M.H.F.B.; CAVALHEIRO, E.T.G. e ANTUNES, P.A. Aplicação de extratos brutos de flores de quaresmeira e azaléia e da casca de feijão preto em volumetria ácido-base. Um experimento para cursos de análise quantitativa. Química Nova, v. 24, p. 408-411, 2001.