Autores
Lira, A.L. (IFPB) ; Andrade, L.T. (IFPB) ; Lacerda, M.F.F.A. (IFPB) ; Freitas, F.A.N. (IFPB) ; Martins, V.R.S. (IFPB) ; Sousa, V.H.F. (IFPB) ; Alves, A.S.T. (IFPB) ; Araujo, D.J.M. (IFPB)
Resumo
O trabalho faz uma abordagem sobre a educação inclusiva, em relação ao surdo, através de imagens. O objetivo da pesquisa é mostrar a evolução das teorias atômicas numa sequência cronológica de imagens que podem ser contextualizadas na disciplina de química do ensino médio com a utilização de recursos visuais, desenvolvida em programa gratuito. O trabalho foi desenvolvido com pesquisas por imagens disponibilizadas de forma gratuita e sua organização em apresentação através do software prezi, que é um editor de apresentação gratuito, que permite o acesso ao conteúdo através da internet. Os resultados mostraram excelente interação dos alunos com o programa, fácil acessibilidade, além de ser uma ferramenta útil, capaz de motivar o aluno na sua independência de compreensão e apoio as aulas.
Palavras chaves
Ensino de Química; inclusão; atomicidade
Introdução
O conceito de surdez ainda é objeto de debate entre pesquisadores. Existem os que abordam a surdez como “deficiência auditiva”, argumentando ser esta a forma apresentada no texto do Decreto nº 5.626/05, enquanto outros consideram a, abordagem defendida por vários autores, entre eles Pinto (2001) e Perlin (2010). Segundo Skliar (1997), o uso do termo surdo ou deficiente auditivo aponta também, e principalmente, para uma diferença da concepção da surdez: 1. Concepção clínico-patológica, que concebe a surdez como uma deficiência a ser curada através de recursos como: treinamento de fala e audição, adaptação precoce de aparelhos de amplificação sonora individuais, intervenções cirúrgicas como implante coclear etc. Nesse sentido, o encaminhamento é o trabalho fonoaudiológico e a escola comum, com o objetivo de “integrar” a pessoa surda no mundo dos ouvintes através da “normatização” da fala; 2. Concepção socioantropológica, que concebe a surdez como uma diferença a ser respeitada e não uma deficiência a ser eliminada. O respeito à surdez significa considerar a pessoa surda como pertencente a uma comunidade minoritária com direito a língua e cultura própria. Segundo Perlin (2010), “ser surdo é pertencer a um mundo de experiência visual e não auditiva”. Esta autora critica a influência do poder ouvintista, pois, segundo ela, prejudica a construção da identidade surda. A Educação Especial e Inclusiva é uma realidade em nosso país. Hoje em dia, crianças e adolescentes com necessidades especiais frequentam classes regulares de ensino e não mais ficam fora da escola ou exclusivamente em escolas especializadas. No entanto, não há uma preparação dos docentes para atender às necessidades desses discentes, nem tão pouco material especifico para auxiliar na orientação pedagógica.
Material e métodos
A pesquisa foi orientada por uma análise bibliográfica de artigos em ensino de Química para a abordagem do conteúdo de atomicidade, por um levantamento de imagens disponibilizadas na internet de forma gratuita e por meio de um estudo da utilização do programa prezi. Alunos de ensino médio de uma instituição de ensino técnico profissionalizante do estado da Paraíba, localizada na Av. primeiro de maio, 702 – Jaguaribe, na cidade de João Pessoa, desenvolveram o planejamento e a montagem da sequência cronológica das imagens junto com uma equipe de professores orientadores. As reuniões foram realizadas no contraturno escolar desses estudantes, utilizando salas dotadas de computadores. Cada aluno ficou responsável pelo desenvolvimento explicativo das imagens referente a um determinado modelo atômico. Dessa forma, a pesquisa contou com a participação de 5 alunos, com faixas etárias entre 15 e 17 anos de idade, os quais passaram a pesquisar pelo tema e buscar imagens autoexplicativas. A partir dessas aplicações, pode-se fazer a compilação das imagens, montagem da sequência cronológica e disponibilização do material, através da internet, para a utilização do público alvo, os alunos surdos.
Resultado e discussão
A pesquisa foi realizada com a participação voluntária de estudantes surdos,
matriculados regularmente em cursos técnicos de uma instituição pública de
ensino técnico e tecnológico do estado da Paraíba. Dentre os entrevistados,
dois são do sexo feminino e um masculino, com idades entre 15 e 21 anos.
Todos possuem diagnóstico de surdez profunda, não utilizam prótese auditiva,
têm pais ouvintes, são fluentes em Libras, participam das aulas com apoio de
interpretes de língua de sinais e frequentaram ensino fundamental em escola
especial bilíngue. Foi proposto um curso rápido sobre a utilização do
software prezi, para ser ministrado entre os estudantes elaboradores do
material. Os encontros foram realizados no laboratório de informática com
computadores suficientes para comportar os cinco alunos, de forma a
trabalharem individualmente na coleta de imagens. Nos primeiros dias foram
instruídos sobre a importância e uso do software, como baixa-lo e criar uma
conta no site de disponibilização. Nos dias seguintes, passaram a trabalhar
na montagem e compilação das imagens com o suporte de textos curtos,
explicativos. Por fim, o material montado foi apresentado aos estudantes
surdos de forma interativa. Em seguida, estes estudantes eram entrevistados
através da língua de sinais de forma a expressarem sua opinião sobre a forma
como o conteúdo estava sendo abordado, o seu entendimento através das
imagens e a utilização dos recursos através da internet. Esses dados
mostram-se importantes para a possível criação e aplicação de novos métodos
e técnicas de ensino no decorrer das aulas, com a finalidade de facilitar
assimilação por parte dos alunos. As atividades interativas por meio de
materiais eletrônicos foram muito elogiadas pelos discentes surdos.
Conclusões
A inserção de aulas lúdicas no ensino despertou nos alunos a investigação dos fatos, tornando os conteúdos significativamente mais relevantes. Contudo, o trabalho mostrou-se relevante, pois a exploração de conteúdos através da rede de computadores nas suas diferentes abordagens é de fato importante no aprendizado do aluno, na visualização e no acesso ao conhecimento, mesmo distando da escola. Diante dos resultados, pode-se perceber que é importante que haja uma preocupação por parte dos professores, em planejar atividades interativas que oportunizem aprendizagens relacionadas aos conteúdos.
Agradecimentos
Agradecemos ao CNPQ e ao IFPB.
Referências
BORUCHOVITCH, E.; BZUNECK, J. A. A motivação do aluno: Contribuições da psicologia contemporânea. Petrópolis: Ed. Vozes, 2001.
BRASIL (1996). Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n º 9.394/96, Brasília: DF. Lex: Diário Oficial da União, de 23 de dezembro de 1996.
BRASIL (2005). Decreto n º 5.626/05, Regulamenta a Lei nº 10.436/02 Lingua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Brasília: DF. Lex: Diário Oficial da União, de 22 de dezembro de 2005.
BRASIL (2001). Ministério da Educação. Resolução nº 2, de 11 de setembro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: CNE/CEB, 2001.
BRASIL. PCN Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais: ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC-SEMTEC, 1999.
GLAT, R. e NOGUEIRA, M.L.L. Políticas educacionais e a formação de professores para a educação inclusiva no Brasil. Revis¬ta Integração, v. 24, p. 22-27, 2002.
GLAT, R. e PLETSCH, M.D. O papel da universidade frente às políticas públicas para educação inclusiva. Revista Benjamin Constant, Edição 29, p. 3-8, 2004.
LUCENA, T.B.D., BENITE, C.R.M.; BENITE, A.M.C. Elaboração de material instrucional para ensino de química em nível médio, em foco: A surdez. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 31ª, São Paulo, 2008.
SALVADEGO, W. N.; LABURÚ, C. E. Uma Análise das Relações do Saber Profissional do Professor do Ensino Médio com a Atividade. Química Nova na Escola. v. 31, n. 3, p. 216-223, 2009.
SAMRSIA, V. E.; GUTERRES, J. E.; EICHLER, M. L.; DEL PINO, J. C. Da Mineralogia à Química: Uma Proposta Curricular Para o Primeiro Ano do Ensino Médio. Caderno Temático de Química Nova na Escola. São Paulo, n. 25, 2007.
SBQ. A química perto de você: experimentos de baixo custo para a sala de aula do ensino fundamental e médio. Organizador: Sociedade Brasileira de Química. São Paulo, 2010.
SANTOS, W.L.P. e MÓL, G.S. (coord.); MATSUNAGA, R.T.; DIB, S.M.F.; CASTRO, E.N.F.; SOUZA SILVA, G.; OLIVEIRA SANTOS, S.M.; FARIAS, S.B. e. Química e sociedade. Volume único. São Paulo: Nova Geração, 2005.
SILVA, K. S.S.; NASCIMENTO, M. C.; SIQUEIRA, E. F.; SANTOS, K. C.; ALVES, M. R.; OLIVEIRA, F. M.; FREITAS, A. J. D.; FREITAS, J. D. A importância do PIBID para realização de atividades experimentais alternativos no Ensino Médio. Química Nova na Escola, v. 36, n. 4, p. 283-288, 2013.
SIQUEIRA, F. M.; SILVA, N. S.; JÚNIOR, L.C. A recursividade no ensino de química: promoção de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo. Química Nova na Escola, v. 33, n. 4, p. 230-238, 2011.
VIEIRA, H. J.; FILHO, L. C.; FILHO, O. F. Um Experimento Simples e de Baixo Custo para Compreender a Osmose. Química Nova na Escola, n.º 26, p.37-39, 2007.