Autores

Pereira, S.S. (UFPE) ; Souza, M.L. (UFPE) ; Sá, R.A. (UFPE)

Resumo

A inclusão social nas escolas brasileiras, ao longo dos anos, vem se qualificando e adaptando o ensino para integrar as pessoas com deficiências no âmbito escolar. O ensino da química conta com uma defasagem em recursos didáticos para auxiliar o professor em atividades de ensino para alunos cegos. O objetivo deste trabalho é propor um material didático para o ensino do conteúdo Tabela Periódico para alunos com deficiências visuais. Adaptando a tabela as suas devidas necessidades e melhorando assim aprendizagem escola. A tabela confeccionada visa à inclusão do aluno portador de deficiência visual no ensino da ciência.

Palavras chaves

Inclusão; deficiência visual; química

Introdução

A tabela periódica é o símbolo mais conhecido da linguagem química e se constitui em um valioso instrumento didático para o ensino dessa ciência (TROMBLEY, 2000), embora muitos estudantes a conheçam como verdadeiros amontoados de informações que precisam ser essencialmente memorizadas (NARCISO JR et al., 2000). Por outro lado, os trabalhos dedicados ao ensino da Tabela Periódica não têm apresentado alinhados à legislação vigente (BRASIL 1996) e apontam para necessidade em desenvolver novas abordagens para o ensino. Principalmente, para pessoas portadoras de deficiência visual. Ao incluir pessoas com deficiências nas escolas, são necessárias compreensões de estratégias que possibilitem sua acessibilidade, aos objetivos pedagógicos do espaço escolar. A deficiência visual é a limitação de apenas uma das múltiplas formas que o deficiente visual tem para aprender as informações do mundo externo. Para Vigotski (1998), o desenvolvimento cognitivo de qualquer pessoa depende da linguagem e, para os deficientes visuais, a verbalização das informações torna-se ainda mais importante, pois é basicamente por meio da linguagem que o indivíduo cego se insere culturalmente. Segundo COMPIANI (2003), a sala de aula é caracterizada como local de práticas comunicacionais específicas, isto é, específicas modalidades de explicações e de raciocínios, leis e princípios. Muitas vezes, as atividades abordadas nas escolas, não favorecem os alunos deficientes dificultando sua aprendizagem. Isso acontece devido às propostas pedagógicas estarem voltadas para o alunado sem deficiência. O trabalho aborda um material didático voltado aos alunos cegos, “Tabela Periódica em alto relevo”. Possibilitando o resgate da auto-estima dos participantes acerca das oportunidades inclusivas e sócio – educativas.

Material e métodos

Foram utilizados materiais de baixo custo para construção da Tabela Periódica. O material didático foi uma adaptação ao modelo de SILVA JUNIOR et al (2008). Inicialmente cortou-se 118 quadradinhos de isopor (3x3 cm) e mais 8 retângulos (5x12 cm) onde esses últimos foram localizados na parte superior da tabela. Em seguida, as peças foram coladas em um pedaço de madeira a fim de formar a mesma configuração da tabela periódica. A tabela foi, então, colorida de acordo com o padrão didático, identificando a periodicidade nas classificações dos elementos químicos. Foram colocadas missangas identificando os grupos; retângulos foram identificados tanto pela cor e tipo de missanga, fazendo a identificação dos grupos em braile. Objetivando assim facilitar o ensino-aprendizagem dos conceitos envolvidos no conteúdo abordado para alunos cegos.

Resultado e discussão

O ensino de química deve possibilitar o desenvolvimento de diferentes habilidades, buscando atender as exigências dos PCNs, formação da cidadania e incentivo à participação na sociedade democrática. É inegável que a deficiência visual impõe dificuldades ao processo de aprendizagem, mas o indivíduo com essa deficiência deve, por lei, ter acesso às mesmas possibilidades de aprendizado de um indivíduo vidente. Além das limitações com a própria deficiência, alguns estudantes se deparam com outra dificuldade: a inacessibilidade a algumas atividades desenvolvidas na escola. Uma delas diz respeito às atividades voltadas para o ensino de Química, em que professores, por falta de uma orientação adequada, acabam excluindo esses alunos. O material didático proposto trás duas demandas: facilitar o processo ensino-aprendizagem do conteúdo Tabela Periódica para aluno com deficiência visual e subsidiar o trabalho do professor de Química propondo um material adaptado que seja estimulante para o estudante cego, possibilitando explorar habilidades diferenciadas do mesmo. Pretende-se que o material subsidie o trabalho de professores na área de Educação Especial e sirva de estímulos para os novos trabalhos sobre Ensino de Ciências. Considerando a escassez de materiais didáticos adaptados para um melhor entendimento de conceitos químicos, a ferramenta de ensino proposta pode auxiliar o professor na sua prática pedagógica ao trabalhar com deficientes visuais na sala de aula de forma inclusiva. Através do tato os alunos possam compreender os formatos das missangas, identificar onde se localizam os elementos químicos e assim, conhecer suas propriedades químicas, além do resgate da autoestima positiva dos participantes e auto avaliação das oportunidades inclusivas e socioeducativas

figura1

construção da tabela

Conclusões

Além de um ambiente adequado, recursos diversos e professores bem instruídos, qualquer estudante também precisa de reconhecimento. Ou seja, os alunos com deficiência visual precisam ser reconhecidos por suas habilidades e potencialidades e não podem ser tratados como seres poucos produtivos ou incapazes. Há necessidade de desenvolver para esses alunos uma educação de qualidade, que explore todo o potencial que eles têm para compartilhar com o mundo.

Agradecimentos

Á Deus, ao meu orientador, e a minha colega coautora.

Referências

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: . Acesso em: 07 Set. 2008.

M. Compiani, Anais 2º Encontro Internacional Linguagem, Cultura e Cognição: Reflexões para o Ensino, Belo Horizonte, 2003. CD-ROM, 12 pp.


NARCISO JR, Jorge; JORDÃO, Marcelo. Tabela Periódica: não decore isso. São Paulo: Do Brasil, 2000.

SILVA JÚNIOR et. al- Elaboração de tabelas periódicas para a facilitação da aprendizagem de química para alunos deficientes visuais. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE QUÍMICA (ENEQ), 13., Curitiba, 2008. Anais… Curitiba: UFPR, 2008.

TROMBLEY, Linda. Mastering The Periodic Table. Maine: Walch, 2000.

VIGOTSKI, L. S. (Org.). A formação Social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6ª São Paulo: Martins Fontes, 1998. (4ª tiragem). Tradução José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche.