Autores
Souza, M.L. (UFPE) ; Pereira, S.S. (UFPE) ; Sá, R.A. (UFPE)
Resumo
Os medicamentos fitoterápicos e as plantas medicinais caracterizam-se por apresentarem baixo custo de mercado, fácil acessibilidade e uma grande redução em efeitos colaterais, quando comparados aos medicamentos sintéticos. O objetivo da pesquisa foi avaliar o conhecimento da comunidade, a cerca dos fitoterápicos e das plantas medicinais, a partir de um questionário.
Palavras chaves
Plantas medicinais; Fitoterápicos; Cultura popular
Introdução
A flora brasileira é historicamente explorada, por nativos e colonizadores, graças a sua grande variedade de plantas utilizadas para diferentes funções, desde artesanal á medicinal. A utilização de plantas medicinais é bastante difundida, sendo resultado de um acumulo secular de conhecimentos passados por meio da tradição oral por gerações e diferentes etnias. (BATISTA,2012). O tratamento com fitoterápicos adquiriu importância na sociedade brasileira pelo seu baixo custo, diminuição de efeitos adversos quando comparados aos medicamentos sintéticos e pela criação de diversas formas farmacêuticas de administração (IBID, 2007). A aceitação está embasada também, de certa forma, em uma herança cultural onde informações passam de geração para geração, difundindo conhecimentos, como no uso do chá de boldo, por exemplo. A utilização desses fármacos gera a preocupação com a verdadeira ação biológica que possuem (BONFILIO, 2010). A sociedade acredita cada vez mais no uso dos fitoterápicos podendo ser uma saída contra o alto custo dos medicamentos sintéticos e por oferecer menor agressão ao organismo (YUNES et al., 2008). Medicamentos magistrais e industrializados fazem uso em grande escala das plantas medicinais. Com o grande avanço da ciência, tornou-se importante a comprovação dos efeitos dos princípios ativos das plantas e uma correta instrução da população acerca do tema, considerando o seu grande uso (BADEK et al., 2012). O estudo direcionado em torno do uso descriminado de medicamentos auxilia na correta administração de princípios ativos, melhorando assim a saúde da população
Material e métodos
A pesquisa foi de caráter bibliográfico em que foram analisados 15 artigos científicos sobre o uso dos fitoterápicos no cotidiano da sociedade e o conhecimento popular a cerca do tema. Os principais descritores para a pesquisa foram os fitoterápicos e a cultura popular. Os dados foram coletados a partir de um questionário com perguntas fechadas do tipo dicotômicas e abertas. A seleção da amostra foi do tipo conveniência, com 30 estudantes do sexo feminino de uma Faculdade de Caruaru-PE. O período de estudo ocorreu entre os meses de Agosto ao mês Dezembro de 2014. Utilizou-se como critérios de inclusão, que todos os participantes do questionário sejam alunos da Instituição, que estejam presentes na Instituição no período diurno, do sexo feminino e que possuam entre 17 e 21 anos de idade. De forma análoga, foi descartado da pesquisa quem não é discente da Faculdade, não esteja presente no referido horário ou possua idade incompatível com os parâmetros do estudo.
Resultado e discussão
67,64 % dos discentes afirmaram usar algum tipo de fitoterápico sendo destes
apenas 8,69% foram através de prescrição médica. Embora constatado um menor
efeito colateral nos medicamentos fitoterápicos (2,94%), os entrevistados
apresentaram preferência no uso de medicamentos sintéticos 79,41% o que indica
que o caráter industrial dos medicamentos sintéticos ainda é a peça chave na
escolha do tratamento.
De acordo com os dados coletados, o uso de fitoterápicos com a
prescrição médica, não ultrapassa a marca de 10%, assim como a pesquisa
realizada por TOMAZZONI (2006), onde nenhum dos entrevistados indicou a
utilização de plantas medicinais sob orientação médica. No entanto, o estudo
realizado por SILVA (2009), apresenta que o percentual de receitas médicas de
fitoterápicos ultrapassa a marca de 75% em um estudo realizado nas farmácias de
manipulação de Rondônia. Apesar do grande número de prescrições médicas no
estado de Rondônia, ainda há uma grande carência de conhecimento a cerca dos
fitoterápicos no país, tendo em vista também as diferenças culturais,
socioeconômicas entre cada região.
O presente material mostra que 85,29% dos conhecimentos acerca dos fitoterápicos
advém da cultura popular, em sua maioria através de pessoas com idades
avançadas, assemelhando-se com o estudo o qual expressa um quantitativo de 84,5%
do conhecimento vem através dos ascendentes dos entrevistados (pais e avós
principalmente) (ARNOUS; SANTOS; BEINNER, 2005). Os medicamentos fitoterápicos
encontram-se em um forte vínculo cultural, como exemplo pode-se perceber que os
conhecimentos adquiridos advém de antecedentes.
Conclusões
É clara a influência da cultura fitoterápica e de plantas medicinais na sociedade. O fato de ser um tipo de terapia alternativa com preço mais acessível e com menos efeitos colaterais é a chave para a manutenção dessa prática milenar. Porém, graças às suas facilidades, o uso indiscriminado e a automedicação são males observados com grande frequência. É preciso que população se informe a cerca dos poderes, benefícios e dos riscos dos medicamentos fitoterápicos e das plantas medicinais e que haja um acompanhamento de algum profissional médico ou farmacêutico.
Agradecimentos
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