Autores

Fernandes, D.M.S. (UFC) ; Macêdo, A.A.M. (IFMA, UFMA) ; Macêdo, L.N. (UFMA)

Resumo

A pesquisa almeja observar a influência da utilização de softwares educacionais (SE) na motivação dos licenciandos pelas disciplinas de Química, inferir a influência da TICs no Ensino de Química. É um estudo de caso com 25 licenciandos em Química de uma instituição pública do Ceará, os quais participaram de duas aulas de Química com utilização SE, após às aulas, aplicou-se um questionário sobre a nova metodologia. 92% dos participantes sentem dificuldades de aprendizagem de Química; 48% sentem-se muito estimulado nos estudos, 28% parcialmente, 12% pouco, 12% nenhum pouco estimulado; 100% sentem-se estimulados pela nova metodologia. Os SE mostraram-se potenciais eficientes na motivação dos licenciandos pelas disciplinas de Química, os quais se identificaram com a nova metodologia de ensino.

Palavras chaves

Motivação; Softwares Educacionais; Licenciatura em Química

Introdução

Na sociedade, em geral, há um estereótipo que define a Química com uma ciência e disciplina complicada, chata e desinteressante (FERNANDES; SALDANHA, 2014). Diversas dificuldades enfrentadas pelos discentes culminam em uma desmotivação pelo estudo da disciplina e, consequentemente, a formação de uma aprendizagem deficiente. Para Carvalho et al., (2011) a falta de contextualização dos conteúdos de Química causa dificuldade na formação da aprendizagem pelo fato de muitos conteúdos não estarem diretamente visíveis no cotidiano do aluno, sendo necessário relacionar os assuntos estudados com o cotidiano e expor sua presença. Gibin e Ferreira (2010) e Fernandes (2014) relatam que as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) apresentam grandes possibilidades de aproximar os conteúdos químicos à realidade cotidiana dos estudantes, diminuindo a dificuldade da abstração de tais conteúdos. As metodologias docentes utilizadas em aula, também são relatadas por autores como Silva (2011) e Santos et al., (2013), como causadoras de desmotivação nos estudantes, posto que muitas são inadequadas para os específicos conteúdos ou apresentam-se monótonas, ocorrendo segundo o Modelo Tradicional de Ensino. Cardoso e Colinvaux (2000) apontam a utilização de metodologias que visam a memorização e o “aprendizado mecânico” dos conteúdos químicos, fator altamente agravante na desmotivação dos estudantes pela disciplina. Segundo Fernandes (2014) a utilização de Softwares Educacionais (SE) como ferramenta das TICs no Ensino de Química é favorável à formação da aprendizagem em consonância com as teorias de Piaget e Ausubel, minimizando as mazelas causadas pelas metodologias docentes que potencialmente causam dificuldades de aprendizagem; para Fernandes e Saldanha (2014), também proporcionam desmotivação dos alunos. Tendo em vista, a valiosa importância da Química para a manutenção e desenvolvimento da sociedade e a inerente atividade dos professores de Química para a qualidade da educação química, faz-se necessário estudar a utilização de SE como ferramenta motivacional no Ensino Superior de Química, em específico, nesta pesquisa, nos cursos de Licenciatura em Química. Almeja-se com esta pesquisa observar a influência da utilização dos SE quanto à motivação dos licenciandos pelas disciplinas de Química, inferir a influência da TIC na área do Ensino de Química e contribuir para sociedade com os conhecimentos produzidos.

Material e métodos

Estudo de caso na vertente exploratória com investigação quantitativa e qualitativa. Participaram da pesquisa 25 licenciandos em Química de uma instituição pública do município de Quixadá. O instrumento de coleta de dados foi um questionário constituído de 18 questões. Ministrou-se duas aulas: uma de Química Geral I e outra de Química Inorgânica II. A aula de Química Geral I realizou-se com a utilização dos seguintes SE: uma simulação-tutorial sobre o modelo do átomo de Dalton - “Modelo Atômico de Dalton” - sob Licença Creative Commons 2.5 (CC BY-NC-SA 2.5); uma simulação-tutorial sobre os raios catódicos (disponível em Rived - MEC) sob Licença Pública; uma simulação - “El Experimiento de Rutherford” - sob Licença Creative Commons Reconocimiento 2.5 España (CC BY 2.5 ES) e uma simulação-tutorial - “El Modelo Mecánico Cuántico para el átomo” - sob Licença é livre. A segunda aula foi de Química Inorgânica II com utilização do SE “Symmetry Resources at Otterbein College”, um site-acervo que possui uma poderosa interface interativa para explicitação de simetrias em moléculas simples e complexas, o SE foi desenvolvido e é mantido pela Otterbein University da cidade de Westerville, Ohio, EUA, está sob Licença Creative Commons 3.0 (CC BY-NC-SA 3.0). Após as aulas terem sido ministradas, aplicou-se o questionário mencionado, indagando sobre a influência da utilização de SE na motivação pelo estudo da disciplina e na formação da aprendizagem.

Resultado e discussão

Os dados obtidos a partir dos questionários foram analisados em termos percentuais, exibidos e discutidos e comparados, quando possível, com resultados análogos de outros autores. Percebeu-se que 92% dos licenciandos sentem dificuldades de aprendizagem nas disciplinas de Química, apenas 8,0% negaram. Esta situação é agravante para a desmotivação e/ou desinteresse dos alunos, pois estes passam a desenvolver um sentimento de não-compensação pela dedicação à disciplina, o que também foi estudado por Fernandes e Saldanha (2014) com participantes análogos aos desta pesquisa. Constatou-se que a utilização de SE diminui o caráter abstrato dos conteúdos químicos o que contribuiu positivamente de diferentes maneiras para a situação do licenciando no processo de ensino/aprendizagem de Química, dentre essas contribuições, destacou-se o aumento no interesse pelas disciplinas, o que pode ser quantificado e explicitado na Figura 1 mostra que o estímulo dos estudantes pelos estudos foram significativamente elevados com a utilização de SE, 48% afirmaram sentir muito estimulado, 28% parcialmente estimulado, 12% pouco estimulado e apenas 12% nenhum pouco estimulado, pode-se perceber que houve aumento do estímulo pelas disciplinas evidenciando que os SE motivam os alunos no processo de ensino/aprendizagem. Este fato é bastante relevante pelo fato de a motivação dos alunos estarem diretamente relacionadas ao bem estar na sala de aula, ao interesse em aprender sempre mais e de modo concreto (GIBIN; FERREIRA, 2010; CARVALHO et al., 2011; FERNANDES, 2014). Outro dado importante foi obtido a partir da indagação quanto ao interesse dos licenciandos em participarem de futuras aulas com esta nova metodologia, o resultado foi unânime; 100% dos estudantes se interessam por esta metodologia, mostrando que os SE são motivadores para os estudantes e sua utilização torna-se uma metodologia agradável.

Figura 1

Nível de estimulo dos estudantes proporcionado pela utilização de SE. Fonte: Elaboração dos autores.

Figura 2

Nível de interesse dos licenciandos na nova metodologia para as aulas de Química. Fonte: Elaboração dos autores.

Conclusões

Os estudantes de licenciatura em Química apresentam grande nível de dificuldades de aprendizagem nas disciplinas de Química; posto que estes estudantes são os futuros professores de Química. A utilização de SE proporcionou uma diminuição do nível de abstração dos conteúdos, fato que contribuiu de diversas formas para a diminuição das dificuldades, a principal contribuição foi o aumento da motivação/interesse dos alunos pelas disciplinas. Essa nova metodologia proporcionou aos estudantes um maior estímulo pelos estudos, motivando os alunos no processo de ensino/aprendizagem de Química. A eficiência desta metodologia é, além de motivadora, agradável aos alunos, os quais se apresentaram interessados em participar de mais aulas com a utilização de SE. As TICs são bastante influentes nas aplicações do ensino de Química, nesta pesquisa, os SE abordados em Nível Superior foram bastante eficazes e apresentam uma licença de utilização de fácil acesso, conferindo-lhes mais possibilidades de utilização por docentes e discentes no cotidiano acadêmico.

Agradecimentos

Sobretudo a Deus, pela sua infinita bondade, pelo dom do conhecimento. Aos estudantes e professores do Curso de Licenciatura em Química que participaram da pesquisa. À Ca

Referências

CARDOSO, S. P.; COLINVAUX, D. EXPLORANDO A MOTIVAÇÃO PARA ESTUDAR QUÍMICA. Química Nova, 23 (2), 2000.

CARVALHO, R. B. F.; ALMEIDA, A. A. C.; DA SILVA, A. A. C. A.; LEITE, D. B. C.; ATAIDE, M.A. C. S. Dificuldades apresentadas por alunos do ensino superior do curso de licenciatura química diante de situações-problema e questões retiradas de listas tradicionais, annq, 2011.

FERNANDES, D. M. S. UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES EDUCACIONAIS NA DIMINUIÇÃO DA ABSTRAÇÃO NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE QUÍMICA EM NÍVEL SUPERIOR. Monografia (Graduação de Licenciatura em Química). IFCE, 2014.

FERNANDES, D. M. S.; SALDANHA, G. C. B. Dificuldades de Aprendizagem no Nível Superior: estudo de caso com graduandos de licenciatura em química. V ENALIC & IV Seminário Nacional do Pibid. Natal, RN, 2014. Disponível em: <http://enalic2014.com.br/anais/anexos/7704.pdf>. Acesso em 01 jun. 2015.

GIBIN, G. B.; FERREIRA, L. H. A FORMAÇÃO INICIAL EM QUÍMICA BASEADA EM CONCEITOS REPRESENTADOS POR MEIO DE MODELOS MENTAIS. Quim. Nova, v. 33, n. 8, p. 1809-1814, 2010.

SANTOS, A. O.; SILVA, R. P; ANDRADE, D.; LIMA, J. P. M. Dificuldades e motivações de aprendizagem em Química de alunos do ensino médio investigadas em ações do (PIBID/UFS/Química). SCIENTIA PLENA, v.9, n.7, 2013.

SILVA, A. M. A Proposta para Torna o Ensino de Química mais Atraente. RQI. 2º trimestre. p. 7 – 12. Ceará, 2011.