Autores

Batista, M.V.V. (UFCG) ; Lira, T.R. (UFCG) ; Cezario, A.F.R. (UFCG) ; Santos, J.E. (UFCG)

Resumo

O presente artigo aborda diferentes concepções de experimentação no curso de Química CFP/UFCG que foram possíveis de ser identificadas num processo de formação de professores que contemplou licenciandos prestes a concluir o curso de Química. Os dados que apresentamos foram construídos mediante entrevistas com alunos cuja temática foi a experimentação. Um dos fatores observados, que se mostrou preocupante, foi o elevado percentual (39%) de licenciandos formandos que não se sentem preparados para trabalharem experimentação em sala de aula, apesar de que a maioria dos alunos já tenha cursado as disciplinas de cunho experimental com ênfase em educação.

Palavras chaves

Experimentação; Ensino de Química; Formação docente

Introdução

O parecer N.º 303/2001 do CNE/CES, aprovado em 06/11/2001, sobre as Diretrizes Curriculares para os cursos de Química, bacharelado e licenciatura plena, estabelece que o licenciado em Química deva ter formação geral, sólida e abrangente em relação aos conteúdos dos diversos campos da Química, possuir domínio de técnicas para utilização de laboratório bem como a preparação adequada à aplicação pedagógica do conhecimento e experiências de Química e de áreas afins na atuação profissional como educador na educação básica. Segundo este documento o licenciado em Química deve ter habilidade para trabalhar em laboratório de Química e usar a experimentação em Química como recurso didático (BRASIL, 2001).Em cursos de Química ligados a formação docente, as aulas práticas de Química caminham, geralmente, paralelas às disciplinas chamadas teóricas. Em alguns cursos de Química a parte experimental é insuficiente e o professor se mostra inseguro para propor práticas que sejam adequadas ao Ensino Médio. (SANTOS & MALDANER, 2010). A pesquisa sobre a experimentação nos cursos de formação docente em química é uma área relativamente nova e, como tal, há diferentes aspectos que ainda precisam ser examinados. A atividade experimental deve ser tilizada no ensino de química porque desenvolve aptidão interdisciplinar e gera motivação, oferecendo ao aluno chance de observar, discutir e buscar resultados, formular conclusões e relações, estimulando o senso crítico (GALIAZZI & GONÇALVES, 2004). O objetivo deste trabalho é investigar a concepção dos formandos dos cursos de Licenciatura em Química do CFP/UFCG em relação ao papel da experimentação no currículo escolar e suas implicações na formação docente.

Material e métodos

Os dados utilizados para a escrita deste texto foram obtidos de respostas dadas a um questionário aplicado a alunos de Química do CFP/UFCG na fase final do curso. O questionário continha 09 questões abertas e fechadas e, para este texto, utilizou-se as respostas referentes a seis delas. A primeira diz respeito a docência: “Você já exerce a docência?, e a última refere-se à questão: “Você se sente preparado para trabalhar experimentação em sala de aula?”As respostas dadas foram lidas, digitalizadas e tabuladas. Para preservar a identidade dos sujeitos envolvidos nesta pesquisa, utilizamos nomes fictícios para estes alunos. Todos os alunos dos períodos finais do curso foram convidados a participar do estudo; no entanto, a participação era voluntária. O pequeno número de alunos nos últimos períodos deve-se principalmente a retenção nas disciplinas de cunho matemático.

Resultado e discussão

Quanto à experiência docente destes licenciandos, foi possível verificar que 22% já estão exercendo a docência em alguma instituição de ensino, em decorrência da carência desses profissionais na rede de ensino pública e privada. Como mostra o Gráfico 1 os licenciandos entrevistados utilizam com pouca frequência o laboratório de química embora atividades experimentais possam ser usadas através de atividades demonstrativas-investigativas em sala de aula, simulações em computadores, vídeos e documentários entre outras (SANTOS & MALDANER, 2010). No Gráfico 2, percebemos um problema relacionado ao resultado da experimentação, já que os mesmos não associam os experimentos com os conceitos abordados, o que mostra uma dicotomia entre teoria e prática. No que concerne a formação acadêmica, a maioria dos alunos concorda que as atividades experimentais contribuem para sua formação acadêmica, embora a grade curricular do curso de Química dificulte a inserção de uma maior quantidade de atividades experimentais a partir de formação e da construção histórica dos conceitos químicos (Gráfico 3 e 4). Com relação ao questionamento: “você já cursou disciplinas com interface entre educação e química”. A maioria dos alunos afirma terem cursado disciplinas de interface entre a Química e a Educação, entre elas Metodologia do Ensino de Química, Instrumentação para o ensino de Química e Química experimental para a educação básica. Conforme o Gráfico 5, aproximadamente 61% dos licenciandos afirmaram estar preparados para trabalhar a experimentação em sala de aula. Entretanto,39% dizem não estar preparados para atividades experimentais.

Gráfico 1.

Gráfico 1. Com que frequência você utiliza o laboratório?

Gráfico 2.

Gráfico 2. Os experimentos facilitam a compreensão dos princípios e teoria discutidos em aula?

Gráfico 3.

Gráfico 3. As atividades experimentais contribuem para sua formação acadêmica?

Gráfico 4.

Gráfico 4. A grade curricular dificulta a inclusão de atividades experimentais?

Gráfico 5.

Gráfico 5. Você se sente preparado para trabalhar experimentação em sala de aula?

Conclusões

Um dos problemas observados, que se mostrou preocupante, foi o elevado percentual (39%) de licenciandos formandos que não se sentem preparados para trabalharem experimentação em sala de aula, apesar de que a maioria dos alunos já cursaram as disciplinas de cunho experimental com ênfase em educação. Uma alternativa que podemos propor é uma discussão na comunidade acadêmica de química sobre a possibilidade de rever o conceito de experimentação na estrutura curricular e nas práticas docentes.

Agradecimentos

Aos alunos do curso de Química CFP/UFCG

Referências

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Química Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Superior PARECER N.º: CNE/CES 1.303/2001.
GALIAZZI, M. C.; GONÇALVES, F. P. A natureza pedagógica da experimentação: uma pesquisa na licenciatura em química. Quim. Nova, Vol. 27, No. 2, 326-331, 2004
SANTOS, Wildson Luiz P. dos; MALDANER, Otavio Aloisio (Org.). Ensino de Química em foco. Ijuí (RS): Unijuí, 2010. (Coleção Educação em Química).