Autores

Neves, M. (IFRJ) ; Nery, I. (IFRJ) ; Corrêa, D. (IFRJ) ; Pereira, R. (IFRJ)

Resumo

O óleo de cozinha usado causa sérios prejuízos ao meio ambiente quando descartado inadequadamente. Logo, um trabalho de difusão do conceito de educação ambiental, tendo como foco principal o descarte correto do óleo de cozinha usado, vem sendo realizado no IFRJ – campus Nilópolis por alunos de ensino técnico em química e de licenciatura em química. Todo o óleo coletado era enviado ao laboratório de pesquisa e caracterizado. De acordo com os resultados obtidos o óleo foi encaminhado para a obtenção de sabão, assunto que poderá tanto ser aplicado na área de ensino, como no trabalho de educação ambiental de nossos alunos, principalmente da licenciatura em química que serão os futuros multiplicadores de informações e conhecimentos.

Palavras chaves

oleo cozinha usado; educação ambiental; sabão

Introdução

As gorduras e os óleos são ésteres formados a partir de ácidos graxos e glicerol, sendo insolúvel em água. Devido esse caráter hidrofóbico e por possuir uma densidade menor que a água, quando descartados em rios e lagos emergem para a superfície. Tal fenômeno dificulta a passagem de luz e a oxigenação da água, comprometendo a cadeia alimentar. Além disso, quando descartado inadequadamente na rede de esgoto, o óleo vai se acumulando nas tubulações, causando o entupimento das mesmas. Sendo o Brasil um dos maiores produtores mundiais de óleos vegetais, enfatizando o óleo de soja, faz-se necessário uma política de tratamento do óleo de cozinha após a sua utilização (Wildner & Hillig, 2012). Segundo Fadini (2001), o refugo de tudo aquilo que seu usa, e retorna na forma de lixo, é um dos problemas enfrentados pela sociedade. A melhoria da qualidade de vida em nosso meio ambiente pode fazer o uso da proposta dos 3R´s, que nos induzem a reduzir o consumo de cada recurso, reutilizar tudo que pode, reciclar sempre que possível. No caso do óleo de cozinha usado faz-se necessário a coleta do resíduo gerado através de um descarte adequado, de modo que possa retornar ao ciclo produtivo como insumo para obtenção de novos produtos (Segatto, 2013). Desta forma, este trabalho visa à conscientização da população do IFRJ – campus Nilópolis quanto ao descarte correto do óleo de cozinha após a sua utilização, criando um ponto de coleta no campus e posterior encaminhamento ao laboratório para caracterização e reutilização do mesmo. A aplicação deste resíduo como matéria-prima para a fabricação de sabão é um assunto que poderá tanto ser aplicado na área de ensino, como no trabalho de educação ambiental de nossos alunos, principalmente da licenciatura em química que serão os futuros multiplica

Material e métodos

O projeto foi realizado por alunos do ensino técnico de química e da licenciatura em química sob orientação de professores do ensino básico, técnico e tecnológico (EBTT) de química do IFRJ – campus Nilópolis. Esses alunos tinham, como proposta metodológica, a difusão do conceito de educação ambiental entre os colegas da instituição tendo como foco principal o descarte correto do óleo de cozinha usado. Dentro da instituição foram marcados encontros com alunos dos grupos estudantis de cada curso de graduação (centros acadêmicos) e alunos instituídos para serem os representantes de cada turma do curso técnico formando um conselho, chamado de CART (conselho dos alunos representantes de turma. Nestes encontros, os alunos apresentavam aos seus colegas os prejuízos causados pelo descarte inadequado do óleo de cozinha usado e mostravam que esse pode ser reutilizado como matéria-prima para novos produtos. Criou-se um ponto de coleta dentro do campus e foi feita a solicitação de que o óleo de cozinha usado em suas residências fosse transferido para uma garrafa de plástico, tipo PET, após o seu resfriamento. Em seguida, o mesmo poderia ser depositado no ponto de coleta. Uma vez por mês, os alunos retiravam o material depositado e encaminhavam para o laboratório de pesquisa do campus. Foram feitas análises, seguindo normas das ABNT, de índice de acidez, índice de saponificação e índice de iodo e comparado com resultados de análises feitas em óleos comerciais de soja, milho e canola. Parte do óleo foi aplicado para a fabricação de sabão, onde diversas formulações vem sendo testadas a fim de se obter a formulação mais viável para a oferta de uma oficina para a comunidade em torno, principalmente para os catadores de lixo de Nilópolis.

Resultado e discussão

O óleo de cozinha usado, envasado em garrafa PET, era depositado num container devidamente identificado no pátio do IFRJ – campus Nilópolis e os alunos envolvidos no projeto faziam a coleta periodicamente e encaminhavam para o laboratório de pesquisa. Resultados de um dos lotes obtidos mostraram que o índice de acidez é alterado após a utilização do óleo para frituras. Feito a análise, foi encontrado um índice de acidez médio de 2,37 + 0,08 mg KOH g-1. Valor este acima do valor máximo para o Índice de Acidez, segundo a RESOLUÇÃO ANP Nº 45, DE 25.8.2014 - DOU 26.8.2014 que é de 0,50 mg KOH g-1, indicando que a acidez se encontra excessiva. Já os valores de índice de saponificação e índice de iodo foram respectivamente, 200,6 + 3,7 e 121,3 + 0,1 g/100g. No caso do índice de iodo o valor obtido se encontra dentro da faixa de valores aceitáveis, que segundo a Resolução RDC nº 482, de 23 de setembro de 1999, é entre 120 a 143 g/100g. De acordo com a mesma Resolução acima, o índice de saponificação deve ser mantido entre 189 e 195 mg KOH g-1 , ou seja, o lote apresentou um resultado ligeiramente acima. Desta forma, para que os alunos utilizassem esse lote para a fabricação de biodiesel seria necessário a correção do índice de acidez, sendo assim o mesmo foi deslocado para a fabricação de sabão em barra. Assim se busca uma melhor formulação para que o mesmo seja apresentado na forma de uma oficina para alunos interessados, catadores e população do entorno.

Conclusões

Neste trabalho fica clara a importância da coleta adequada do óleo de cozinha usado, visando tanto a preservação ambiental como a viabilidade econômica da transformação do óleo de cozinha em novos produtos, que podem até mesmo gerar renda para uma população carente. Do total de óleo de cozinha produzido hoje, apenas 2,5 a 3,0% são tratados adequadamente, esse projeto vem também promover a educação ambiental para que esse valor possa vir a aumentar.

Agradecimentos

Ao IFRJ campus Nilópolis

Referências

FADINI, P.S.; FADINI, A.A.B. ; Lixo: desafios e compromissos. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola. Edição especial, 2001.

SEGATTO, F. B. B.; Conhecendo as Formas de Descartes do Óleo Saturado de Cozinha para verificar a Educação Ambiental na Escola. Revista de Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental. v. 10, n. 10, 2013.

WILDNER, L.B.A.; HILLIG, C.; Reciclagem de Óleo Comestível e Fabricação de Sabão como Instrumentos de Educação Ambiental. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental REGET/UFSM, Santa Maria, v. 5, n. 5, p 813-824,2012