Autores
Regina Galdino Soares, C. (IFMA) ; Oliveira Chaves, L. (IFMA) ; Damasceno de Macêdo, A. (IFMA) ; de Sousa Camelo, G. (IFMA) ; Valéria da Conceição, C. (IFMA) ; Evellyn Ferreira Souza Santos, D. (IFMA)
Resumo
O processo de inclusão educacional de pessoas com necessidades específicas no ensino regular iniciou em 1996, com a recomendação da mudança no sistema educacional vigente, preconizada pela Lei de Diretrizes e Bases e a Declaração de Salamanca. A priori, todas as escolas devem estar preparadas para incluir alunos com necessidades específicas no ensino regular, entre eles, o deficiente visual. Todavia, o que se percebe na prática educacional é uma grande dificuldade de aprendizagem dos alunos cegos, quando incluídos nas salas regulares de ensino. O presente trabalho objetiva descrever uma metodologia para o ensino de química para alunos cegos, elaborado a partir de materiais alternativos feitos de bolas de isopor, com diferentes texturas, para o ensino de ligações químicas.
Palavras chaves
Ensino da Química; Cegueira; Ligações Químicas
Introdução
A inclusão de pessoas com necessidades específicas no ensino regular em nosso país ainda é um processo considerado recente. É possível afirmar que o ensino inclusivo apropriado para cegos depende do preparo de docentes, já na formação inicial, para que os futuros professores possam desmistificar conceitos e preconceitos e se tornar mais participativos na construção de uma sociedade democrática (TEIXEIRA JR. 2010). Quando a questão é o ensino de química, a missão de adequar os recursos pedagógicos à necessidade do aluno especial é ainda mais desafiadora, uma vez que o ensino de química, tradicionalmente, é baseado na visão, observação de cores, fenômenos, observação de um precipitado colorido, formação de gases, entre outros. Os objetivos desse trabalho foram: Investigar quais os conteúdos relacionados ao ensino de química apresentam maior dificuldade de aprendizado pelos cegos; e elaborar material didático alternativo para ensino de química voltado a alunos com cegueira, baseado nos conteúdos apontados por este alunado. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1999), lembram que: “(...) os conhecimentos difundidos no ensino de Química permitem a construção de uma visão de mundo mais articulada e menos fragmentada, contribuindo para que o indivíduo se veja como participante de um mundo em constante transformação”. Acredita-se que o docente tem a possibilidade de criar e inovar metodologias de ensino para os cegos, visando seu aprendizado e inclusão na escola regular de ensino, promovendo mudança de olhar e postura em relação à deficiência. Contudo, podemos dizer que o educador quando usa de sua criatividade para favorecer o ensino de química, proporciona aos alunos cegos um aprendizado significativo.
Material e métodos
O presente trabalho se deu a partir de uma pesquisa desenvolvida na disciplina de Educação Inclusiva. A instituição escolhida para a pesquisa foi a Unidade Escolar Municipal John Kennedy, localizada na cidade de Caxias, estado do Maranhão. A escola possui em seu quadro de alunado, discentes cegos totais e parciais inclusos nas salas de aula regulares. A pesquisa foi desenvolvida em três momentos: no primeiro, foi realizada uma visita à escola, para o conhecimento da realidade educacional dos alunos cegos e entrevista com a professora de braile, que acompanha os alunos, para verificação das dificuldades destes alunos em Química. A partir da realidade apresentada pelos discentes, buscou-se confeccionar um recurso didático voltado para o ensino das ligações químicas, buscando favorecer o ensino- aprendizagem. Utilizou-se como recurso bolas de isopor pequenas, e diferentes tipos de textura, como arroz, tinta acrílica drapeada e tinta lisa. As ligações químicas foram feitas a partir de elementos dos mesmos grupos da tabela periódica. Para cada grupo, criou-se um tipo de textura diferente, para que os alunos cegos pudessem sentir a diferenciação entre as texturas e identificar qual textura pertencia a determinado grupo da tabela periódica. O recurso apresentado para dois alunos cegos que cursam o ensino médio, para verificação do mesmo como instrumento facilitador da aprendizagem das ligações químicas.
Resultado e discussão
O material pedagógico manipulado pelos alunos cegos, foi visto como um
recurso favorável à fixação de conteúdos de química. Na opinião dos
discentes, o material poderia ser utilizado em sala de aula para enriquecer
a explicação teórica do professor e favorecer a assimilação dos conteúdos de
química, considerados abstratos.
A escola para a maioria das crianças brasileiras é o único espaço de acesso
aos conhecimentos universais e sistematizados. Melhorar as condições da
escola é formar gerações mais preparadas para viver a vida na sua plenitude,
sem preconceitos. Quando um docente planeja sua aula de Química, ele deve se
apoiar em métodos que a favoreça, tornando-a atrativa, visando o melhor
entendimento da disciplina aos alunos. Essa aula atrativa deve ser pensada e
executada para alunos cegos e videntes para favorecer o processo de ensino
aprendizagem e inclusão. Em termos teóricos, o recurso a ser utilizado é a
grafia Braille. Em termos práticos e visuais, o docente pode criar
diferentes metodologias que use do tato para ensinar o aluno cego. Podem ser
utilizados diferentes tipos de texturas e materiais alternativos e de baixo
custo para a fabricação dessas metodologias. Para o ensino da Química, é
necessário a adaptação de materiais pedagógicos. Esses materiais devem ter
cores fortes e chamativas, para alunos com baixa visão; e textura, para
alunos com perda total da visão. O presente trabalho foi elaborado com base
em deficiências de aprendizagem de somente de dois alunos. Mas se cada
professor construir um recurso que contemple a necessidade de pelo menos um
aluno, futuramente haverá uma grande enciclopédia de trabalhos voltados para
o ensino da química, com materiais didáticos adaptados às pessoas especiais,
diminuindo, assim, a distância, o ensinar e o aprender.
Conclusões
A inclusão de pessoas com necessidades específicas no ensino regular ainda é um desafio na sociedade atual, principalmente no que diz respeito à construção de recursos pedagógicos que favoreçam o ensino-aprendizagem de disciplinas consideradas abstratas, como a química. Contudo, verificou-se, que os recursos didáticos adaptados às necessidades específicas de alunos especiais cegos configuram-se em instrumentos facilitadores da aprendizagem, que podem e devem ser utilizados como recurso de ensino, não só para alunos cegos como também alunos videntes.
Agradecimentos
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais, ensino médio: bases legais. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 1999.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão. Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 2005.
TEIXEIRA Jr, José G. Propostas de atividades experimentais elaboradas por futuros professores de Química para alunos com deficiência visual. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE QUÍMICA (ENEQ), 15. Brasília, 2010. Anais. Brasília: UNB, 2010.